O Estado da Guiné-Bissau tem vindo a endividar-se novamente através de empréstimos e neste momento deve mais de 200 milhões de euros ao mercado financeiro de países da África Ocidental, revelou hoje o novo ministro da Economia e Finanças.
João Fadiá reuniu-se hoje com os
operadores económicos para lhes transmitir as suas ideias para a nova
política económica que pretende encetar na Guiné-Bissau para contrariar a falta de recursos públicos e o endividamento do Estado.
O ministro da Economia e Finanças guineense aproveitou a ocasião para
criticar a opção tomada pelos governos nos últimos dois anos,
nomeadamente por terem contrariado dívidas que disse terem sido
utilizadas apenas no pagamento de bens de consumo de luxo e salários.
"Hoje as Finanças Públicas têm uma situação muito grave (…) o que não
pode continuar", indicou João Fadiá, para sublinhar que a dívida do
Estado para com a banca comercial e ao mercado financeiro da União
Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) "não trouxe melhorias para a
população".
Disse que o dinheiro foi utilizado para o pagamento
de despesas de consumo e luxo, nomeadamente compra de viaturas sem que
se construísse nada que pudesse servir para a população.
João
Fadiá quer mudar a tendência, propondo o aumento de arrecadação de
receitas públicas, centralização das mesmas, contenção de despesas do
Estado e do endividamento.
O ministro da Economia e Finanças, que
até à sua entrada para o Governo, no passado mês de novembro, era
diretor do Banco Central de Estados da Africa Ocidental (BCEAO) para a
Guiné-Bissau, diz-se preocupado com o ritmo do endividamento do país
após o perdão de dívida aos parceiros bilaterais e multilaterais em
2010.
A dívida externa da Guiné-Bissau ascendia a cerca 1,5
milhões de dólares e foi perdoada depois de o país cumprir com uma série
de critérios no âmbito da iniciativa de apoio aos países altamente
endividados (HIPC, na sigla inglesa).
Na altura, ficou acordado
com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que o país devia "ter cuidado e
critério" nos próximos endividamentos caso venha a ter necessidade
disso.
Braima Camará, presidente da Camara do Comércio,
Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS), que falava em nome dos
empresários que atuam na Guiné-Bissau, enalteceu as medidas propostas
pelo ministro da Economia e Finanças e disponibilizou total apoio do
setor privado para acompanhar o novo Governo.
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