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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Cinemateca Portuguesa "uma grande cinemateca mundial" recebe prémio em Paris

A Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema vai receber o Prémio Henri Langlois, em Paris, a 11 de abril, por ser "uma grande cinemateca mundial", disse à Lusa Frédéric Vidal, director-geral da associação que atribui o galardão.


"A cinemateca de Portugal é uma grande cinemateca europeia, mundial, com uma colecção excepcional. Anualmente, homenageamos uma cinemateca pelo seu trabalho, pela vontade de preservar, divulgar e restaurar tesouros cinematográficos", declarou Frédéric Vidal.

O prémio, atribuído na categoria "Cinematecas e Restauros", já tinha sido entregue aos arquivos do CNC francês, às cinematecas de Bolonha, Berlim, Amesterdão, Luxemburgo, São Paulo e ao Instituto Lumière de Lyon.

"A cinemateca portuguesa vai receber um Prémio Henri Langlois pelo conjunto do seu trabalho, pela transmissão que continua a fazer do património cinematográfico português, junto das jovens gerações, e pelo trabalho que realiza ao longo do ano ao nível da conservação e restauro", continuou o diretor-geral do festival "Rencontres Internationales de Cinéma de Patrimoine & Prix Henri Langlois".

A distinção vai ser entregue na Maison de la Radio, na próxima segunda-feira, numa cerimónia que encerra o festival "Rencontres Internationales de Cinéma de Patrimoine & Prix Henri Langlois" e que vai contar com a presença da atriz Claudia Cardinale, que preside ao comité de honra do evento.

O festival, que decorreu de 31 de março a 04 de abril, contou com várias projeções, debates, conferências e exposições, tendo sido exibida "a cópia recentemente restaurada de 'Mudar de Vida', de Paulo Rocha, além da série de pequenos filmes rodados pelo pioneiro do cinema português Aurélio da Paz dos Reis em 1896", pode ler-se no comunicado da Cinemateca Portuguesa, disponível na sua página da internet.

"Os prémios Henri Langlois pretendem distinguir pessoas cujas carreiras marcaram a história do cinema de ontem e de hoje e que dedicam as suas carreiras ao cinema", acrescentou Frédéric Vidal.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Martin Luther King

"O homem que não está disposto a morrer por uma causa não é digno de viver". 

 

- Martin Luther King


( 15 de Janeiro de 1929 - -  4 de Abril 1968 )
 
 
 

sábado, 2 de abril de 2016

A Constituição Portuguesa: 40 anos e suas alterações

A Constituição da República Portuguesa, aprovada em 1976, já sofreu sete revisões. Uma oitava revisão foi iniciada em 2010, mas abandonada com a saída de Sócrates do Governo em 2011.


A Constituição da República Portuguesa foi aprovada a 2 de abril de 1976 e sofreu sete revisões desde essa data, três das quais sobre questões estruturais e quatro mais curtas, relacionadas com a adesão a tratados internacionais.

Dois anos depois da Revolução de 25 de Abril, a Assembleia Constituinte aprovou a Constituição, que consagrava a transição para o socialismo, a nacionalização dos principais meios de produção e mantinha os militares no exercício do poder político, através do Conselho da Revolução.

Apenas o CDS votou contra, quebrando a unanimidade dos votos favoráveis do PS, PPD, PCP, MDP/CDE, UDP e do ADIM.

Conheça as sete revisões que marcaram a Constituição da República: 


1.ª revisão
O texto fundamental prevê os termos em que pode ser revisto e logo em 1982, findo o “período transitório”, foi possível diminuir a carga ideológica e revolucionária. A primeira revisão visou tornar menos rígida a organização económica do país e extinguiu-se o Conselho da Revolução.
Esta primeira revisão foi responsável por fundar o Tribunal Constitucional, com competência para fiscalizar a constitucionalidade das leis, que tinha sido até então assegurada pelo Conselho da Revolução, habilitado por uma Comissão Constitucional.

A revisão de 1982 instituiu no texto legislativo a qualificação da República Portuguesa como um Estado de Direito, que estava apenas consagrado no Preâmbulo, sem valor legal. Em 1976, os partidos não conseguiram chegar a consenso sobre este ponto, arredando-o do articulado. O PPD insistiu e Jorge Miranda deixou a crítica claramente expressa, mas o PS receava que o conceito de Estado de Direito não fosse totalmente compatível com o período transitório que se vivia e o PCP advertia para “conotações burguesas” associadas a esse princípio.

A revisão foi aprovada a 12 de agosto de 1982 com 195 votos a favor. Os votos de “sim” pertenciam a deputados do PSD, CDS, PS, PPM e da Ação Social-Democrata Independente, da União de Esquerda para a Democracia Socialista. O PCP e a UDP votaram contra e registou-se uma abstenção de um deputado do Movimento Democrático Popular.

2.ª revisão
Sete anos depois, em 1989, foi revogada a irreversibilidade das nacionalizações e desconstitucionalizou-se o conceito de “reforma agrária” mantendo-se o objetivo da “eliminação dos latifúndios”.
Na mesma revisão de 1982 retirou-se a expressão “sociedade sem classes”, substituída por “sociedade livre, justa e solidária”. No plenário de 01 de junho votaram a favor PSD (menos quatro votos contra, entre os quais Guilherme Silva), PS (dois votos contra, incluindo Manuel Alegre), CDS e Partido Renovador Democrático (PRD), que registou um voto contra, de Natália Correia, e uma abstenção, de Marques Júnior. Contra votaram também PCP, Os Verdes e ainda dois independentes, enquanto outra independente, Helena Roseta, se absteve.

3.ª revisão
A terceira revisão constitucional, a 17 de novembro de 1992, destinada à ratificação do tratado de Maastricht, foi aprovada com os votos a favor do PSD e do PS, votos contra dos 13 deputados do PCP, do deputado de Os Verdes, os quatro do CDS, dois independentes e a abstenção do deputado do Partido da Solidariedade Nacional (PSN).
Nesta revisão, ficou consagrada a possibilidade de voto para as eleições europeias de cidadãos europeus a viver em Portugal e da adesão a uma moeda única.

4.ª revisão
Em 1997, os dois maiores partidos aprovaram em setembro a quarta revisão, com os votos contra do CDS-PP, PCP, Verdes, o socialista Manuel Alegre e as abstenções de oito socialistas. Esta revisão aumentava os poderes da Assembleia da República, do Tribunal Constitucional, e possibilitava as candidaturas independentes às eleições autárquicas.

5.ª revisão
Em 2001, a lei fundamental portuguesa alterou-se para se adaptar às disposições do Tribunal Penal Internacional. PS, PSD e CDS-PP aprovaram a 4 de outubro a quinta revisão extraordinária, com os votos contra do PCP, Verdes, Bloco de Esquerda, e ainda três votos contra e uma abstenção na bancada socialista.
Manuel Alegre, Medeiros Ferreira e Marques Júnior foram os históricos socialistas que criticaram a possibilidade de Portugal passar a entregar suspeitos de crimes graves a outros países europeus, mesmo que sujeitos a penas perpétuas, o que também levou Helena Roseta a abster-se.

6.ª revisão
A revisão de 2004 visou dar mais autonomia às regiões, substituir o “ministro da República” por “representante da República” e dar mais poderes às assembleias regionais. Foi aprovada em plenário a 23 de abril com 183 votos a favor da maioria PSD/CDS-PP e do PS e 14 votos contra do PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes.
Incluiu-se ainda na Constituição o princípio da limitação de mandatos dos titulares de cargos políticos executivos e reforçaram-se as disposições contra a discriminação em função da orientação sexual.

7.ª revisão
Pouco mais de um ano depois, o parlamento aprovou a 22 de junho de 2005 o aditamento de um novo artigo à Constituição para permitir referendos aos tratados de construção europeia com os votos do PS, PSD, CDS-PP e Bloco de Esquerda e 13 abstenções do PCP e Verdes.
O oitavo processo de revisão, iniciado a 16 de setembro de 2010, parou quando o primeiro-ministro socialista José Sócrates se demitiu em 2011, provocando a dissolução da Assembleia da República e o fim da XI legislatura.






sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Timor Leste, aprova novo feriado e data da invasão indonésia passa a Dia da Memória

O Governo timorense aprovou esta semana um novo feriado, a 31 de dezembro, em "memória e homenagem" a Nicolau Lobato, presidente da República Democrática de Timor-Leste, que morreu em nesse dia do ano de 1978.


Lobato foi ainda presidente da Frente Revolucionário de Timor-Leste Independente (Fretilin) e comandante em Chefe das Falintil, primeiro braço armado desse partido e posteriormente braço armado da resistência à ocupação indonésia. "O papel histórico que assumiu no processo da proclamação unilateral da independência de Timor-Leste e na definição das estratégias políticas e militares para a libertação do povo torna Nicolau Lobato um dos líderes mais venerados da história do país", refere o Governo timorense, em comunicado.


(Mari Alkatiri, Rosa Bonaparte, Nicolau Lobato e Francisco Xavier do Amaral. 1975)

domingo, 31 de janeiro de 2016

TITINA SILÁ

Hoje foi um dia de homenagens a TITINA SILÁ, figura lendária que povoou o meu imaginário juvenil, como figura de proa, ao lado de Cabral, na Luta de Libertação Nacional. Todas e todos da minha geração conhecem a história oficial, que até mereceu uma canção que me chega à memória. Essa identificação positiva levou-me a interessar pelo caso do seu assassinato.


Depois de ter deixado a Nigéria, com tempo, iniciei esta investigação e solicitei vários apoios nesse sentido.
O ilustre historiador guineense e actual Director do INEP, no seu livro Guerra Colonial & Guerra de Libertação, referindo-se a uma nota consultada nos arquivos da ex-PIDE-DGS e a um informe do PAIGC (aliás, coincidentes) resume assim a ocorrência:

«No dia 31 de Janeiro de 1973, uma vedeta da Marinha portuguesa tinha interceptado uma canoa do PAIGC que atravessava o rio Cacheu, em Tancroal, onde estavam dois médicos cubanos, Ernestina Silá (Titina Silá), Dick Daring e mais dois guerrilheiros que iam a caminho de Conakry para assistir às cerimónias fúnebres de Amílcar Cabral. Todos os elementos tripulantes da canoa caíram à água e fugiram debaixo do fogo, à excepção de Ernestina, que não sabia nadar, e ficou agarrada a um pau, tendo morrido ao ser atingida por uma bala.»

Como podem reparar, há uma primeira nota dissonante em relação à data, um dia depois da data oficial.

Tive a curiosidade de conhecer a versão da tropa portuguesa, e, tratando-se de um caso envolvendo a Marinha, inquiri o ARQUIVO HISTÓRICO DA MARINHA acerca de acções militares, envolvendo «contacto com o IN» (inimigo, na nomenclatura utilizada), nessa data e sector. Encontrei referência ao acontecido no Fundo/Núcleo 236A = Comando de Defesa Marítima da Guiné, em duas pastas separadas, uma referente ao DFE8 (Destacamento Fuzileiros Especiais N.º8), com a quota 4-XVIII-9-4; e a outra referente à LFG (Lancha de Fiscalização Grande) Sagitário, com a quota 4-XVIII-7-5, embora ainda sejam classificadas de «Confidencial», pois estas últimas encontram-se ainda dependentes de autorização superior, para consulta e reprodução.

Segundo o relatório da «OPERAÇÃO SALISBÚRIA» (acerca da qual não consegui apurar mais pormenores ou referências), um grupo táctico de duas parelhas de botes de borracha com fuzileiros do DFE8 que subiam o rio Cacheu, quando, cerca das 16h30, do dia 31 de Janeiro, avistaram um bote de borracha, cujos tripulantes se atiraram à água. Enquanto isso acontecia, os botes portugueses eram flagelados por fogo do PAIGC com origem na margem sul. Depois de os fuzileiros ripostarem e de terem recolhido o bote de borracha (que verificaram ser de fabrico russo e que abandonariam depois no local) e desembarcado na clareira do Jagali, chegou a LFG Sagitário (cerca das 16h50) que bateu a tiro ambas as margens. Como começava a anoitecer e os fuzileiros se encontravam já com poucas munições, reembarcaram todos na LFG Sagitário.

Segundo o mesmo relatório, os fuzileiros regressaram ao local no dia seguinte, dia 1 de Fevereiro, em «patrulhamento ofensivo», no sentido de tentar perceber melhor o ocorrido. Mas o que encontraram ainda os deixou mais confundidos. O chão apresentava vestígios da passagem de muita gente durante a noite, com muitas pegadas, encontrando-se todo espezinhado. Além disso, encontraram abandonada uma canoa em perfeito estado.

O comandante do DFE8, Ferreira da Silva, também se interessou pela questão e publicou em 2010 um artigo, no blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, no qual referenciava o seguinte: «Se a morte de Titina Salá se verificou realmente no dia 30 de Janeiro numa acção dos fuzileiros isso só poderia ter acontecido num disparo sobre qualquer movimento suspeito na margem, acções essas que, por serem muito frequentes, não eram registadas.»

Ora, Titina era a responsável pela canoa, e decerto saberia como proteger-se desse género de ameaça.

Há demasiadas contradições em toda esta história.

Na canção e na visão romântica, temos um barco de guerra que lança bombas contra uma canoa. No entanto, na realidade, tudo se passou entre botes de borracha (o barco de guerra só chegou depois) e a canoa, essa, parece lá ter sido posta muito depois...!

Julgo eu que Amílcar Cabral adorava especialmente Titina, entre tantas guerrilheiras e funcionárias do Partido, porque via nela o espírito crítico, a capacidade para pensar com a sua própria cabeça. Que aconteceria se Titina chegasse a Conacri? Certamente iria fazer perguntas indiscretas, iria tentar investigar, para perceber toda a trama que esteve por detrás da morte de Cabral (que ele próprio, aliás, não desconhecia).

Foram criadas as condições para que matassem Amílcar Cabral, aproveitando a inveja e manipulando a insatisfação, sabendo que os executores seriam rapidamente imolados como bodes expiatórios do acto, para apagar as pistas.

Hoje, estudando, lendo e aprendendo, descobrimos que, na história que nos venderam, o que não se aceita é que tenham transformado Cabral num mito romântico, depois de ter sido traído e fuzilado em casa: das vítimas fizeram mártires e campeãs de mitos «mobilizadores», dos quais continuam a abusar passadas mais de quatro décadas de adulteração da sua herança espiritual, praticando uma política deliberada de erradicação do espírito crítico, que nos arrastou até à presente situação.

O recente artigo do Doutor Camais Blinque, de Tite, falando de um caso que também não conhecia (eventualmente por ter sido apagado da história oficial), de um valente comandante do PAIGC Kwad Nandami, conhecido pelo seu pragmatismo, que nos conta que foi morto na mesma altura, parece-me reforçar a necessidade de um esforço historiográfico mais fidedigno, antes que morram as últimas testemunhas.

Terá sido a 30 ou a 31? Nesta teia de contradições, optei por publicar este artigo, que comecei ontem, nesta madrugada do dia 31.

Deixemo-nos de encenações e mantenhamos a unidade em torno dos símbolos nacionais, sem oportunismo político!

Viva Titina Silá!

Vivas às mulheres guineenses.

Que Deus abençoe a República da Guiné-Bissau.

Carmelita Pires
Texto originalmente publicado em:
http://palantanda.blogspot.pt/2016/01/titina-titina-sila.html 


NOTA DO EDITOR 'BR' :

Parece-me ser "Doutor" um estatuto sobre-valorizado atribuído ao Sr. Camais Blinque, face à qualidade do português utilizado e do desestruturado conteúdo do texto. Fez-me lembrar exactamente pelas suas parecenças, a propaganda Salazarista entregue às tropas portuguesas e ao tipo de informação oficial difundida na Metrópela colonial.
Dito isto, (por ausência de conhecimento real ou por má-fé intelectual) manifesta um desconhecimento sobre as várias tipificações e orgânicas das lutas de libertação (e/ou guerrilheiras). P.ex. Vietname, Cuba, Angola, Timor Lorosai, Papua Nova Guiné, Sahara Ocidental, este ocupado há 40 anos pelo último colonialista de África que é Marrocos, ou ainda a Resistência Kurda, etç, atingindo de forma indelével a dignidade dos líderes das mesmas lutas de libertação. 
Estou a referir-me a movimentos guerrilheiros de libertação e não a grupos de traficantes travestidos de guerrilheiros...
Por omissão intencional ou não, escamoteia os aspectos sociais, culturais, e tipo de sobrevivência das populações em teoria (em alguns casos) apoiantes da guerrilha, submetidas directa ou indirectamente a um regime opressor colonial ou ditatorial.
OBS. Tem esta nota, a ver com o segundo 'Link' proposto pela autora do texto acima apresentado.
Carlos Filipe 31/1/2016


sábado, 5 de dezembro de 2015

Guimarães: Arquivo cinematográfico da Guiné-Bissau em debate na 4ª edição dos “Encontros para Além da História”

O Centro Internacional das Artes José de Guimarães vai receber, nos próximos dias 10,11 e 12 de dezembro, a 4ª edição dos “Encontros para Além da História”.

 
Este ano, os Encontros terão dois curadores convidados, Filipa César e Tobias Hering, que conceberam um evento que incluirá conferências, debates e sessões de projecção, em torno da memória, sobrevivência e potência da linguagem do filme na construção de um arquivo que surgiu num contexto sociopolítico muito singular – a construção de uma nação que lutava pela sua independência.

A 4ª edição dos “Encontros para Além da História” confirma a vocação internacional deste evento, reunindo um conjunto de especialistas provenientes de vários países europeus e africanos que debaterão a reemergência do importante arquivo cinematográfico da Guiné-Bissau.

Está já confirmada a presença de Jean-Pierre Bekolo (cineasta, Yaoundé), Sónia Borges (historiadora, candidata a PhD Lisboa, Berlim), Wladimir de Brito (advogado, Guimarães), Anselm Franke (curador, diretor artístico HKW, Berlim), Nuno Faria (curador, director artístico CIAJG, Guimarães, Lisboa), Louis Henderson (artista, Paris, Londres), Grada Kilomba (psicóloga, escritora, artista, Berlim), Catarina Laranjeiro (cineasta, historiadora, candidata a PhD, Lisboa, Berlim), Patrícia Leal (artista e cineasta, Lisboa), Olivier Marboeuf (curador, produtor, diretor artístico Khiasma, Paris), Sana na N'Hada (cineasta, Bissau), Yonamine (artista, Berlim) e Ala Younis (curador e artista, Amman).

A inscrição nos “Encontros para Além da História” é gratuita, podendo ser efectuada no Centro Internacional das Artes José de Guimarães ou no site www.ciajg.pt através do formulário de inscrição disponível online.
 
Na cidade de Guimarães, Portugal
 

sábado, 28 de novembro de 2015

PR timorense homenageia heróis anónimos que esconderam líderes da resistência

Representantes de 28 grupos de cidadãos timorenses que nos últimos anos da luta contra a ocupação indonésia, entre 1991 e 1999, esconderam e protegeram os principais líderes da resistência, foram hoje homenageados pelo chefe de Estado de Timor-Leste.


Taur Matan Ruak entregou a medalha da Ordem de Timor-Leste a representantes de grupos que, com grande risco, o esconderam e a outros líderes da resistência - Xanana Gusmão, Mau Hunu, David Alex, Konis Santana ou Lu-Olo, entre outros.

Uma homenagem a "heróis anónimos" que manifestaram, arriscando a própria vida, "um espirito de patriotismo", protegendo os líderes em casas, abrigos subterrâneos, quintais e outros locais, um pouco por todo o país.

Um "contributo significativo", destacou o Presidente da República no decreto em que aprovou as condecorações, de quem "ajudou a proteger os líderes da resistência"

Foi um dos pontos altos das cerimónias que hoje, no campo de Palaban na capital do enclave de Oecusse, assinalaram o 40.º aniversário da proclamação unilateral da independência de Timor-Leste, texto que hoje voltou a ser lido por um dos fundadores da nação, Mari Alkatiri.

Taur Matan Ruak presidiu à cerimónia do içar da bandeira perante uma parada liderada pelo tenente-coronel de infantaria Haksolok e composta por uma companhia cada do componente terrestre, naval e de apoio e serviço das Forças Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e um pelotão da Polícia nacional (PNTL), operações especiais, ordem pública e patrulhamento da fronteira.

Participaram ainda elementos da segurança civil, dos bombeiros e dos escuteiros e três grupos responsáveis pela guarda da bandeira: um de 28 jovens estudantes de escolas secundárias dos 12 municípios, outro com 40 elementos e o último com a equipa de guarda à bandeira.

Ao lado das fardas militares camufladas, estes grupos trajavam branco, com os estudantes vestidos com tais tradicionais azuis, vermelhos e verdes.

Ao som do hino nacional, interpretado pela banda de música das F-FDTL, a bandeira de Timor-Leste subiu no mastro colocado em frente à tribuna de honra, onde estavam as principais individualidades timorenses e convidados internacionais, incluindo o presidente do Tribunal Constitucional, Joaquim de Sousa Ribeiro, em representação do Estado português.

No seu discurso, Taur Matan Ruak, defendeu que o Estado deve reforçar os seus serviços aos cidadãos, especialmente em áreas essenciais como saúde ou educação.

O Estado, deve ser mais eficaz e eficiente, os recursos "devem ser utilizados de forma racional" e o desenvolvimento "tem que sair de Díli e ir para os distritos", com polos de desenvolvimento que atraiam investimento nacional e estrangeiro para o essencial processo de diversificação económica.

Como exemplo destacou o progresso registado no enclave de Oecusse, onde os responsáveis da autoridade regional e o Governo central estão a criar uma zona económica exclusiva.

Unidade, paz e estabilidade, disse, são "condições importantes para o desenvolvimento e consolidação do Estado" pelo que é essencial a colaboração de todos no processo de desenvolvimento do país.

O chefe de Estado apelou ainda aos cidadãos e famílias que sejam mais ativos na construção do Estado, procurando educar-se e informar-se, ajudando a gerar a importante economia familiar.

Taur Matan Ruak fez referência aos líderes timorenses, entre os quais destacou Mari Alkatiri e José Ramos-Horta, sobreviventes do primeiro Governo que tomou posse há 40 anos, e "às memórias dos mártires nacionalistas" que fizeram "o maior sacrifício na luta pela libertação de Timor-Leste".

Estes são, disse, veteranos da frente armada, clandestina e diplomática, que "deram um exemplo à nação" e que hoje "continuam a inspirar" os timorenses, com "coragem e dignidade".

Taur Matan Ruak referiu-se ao 500.º aniversário dos contactos entre portugueses e timorenses e ao papel da igreja católica, que deixaram vincos marcados na identidade timorense, hoje "membro de uma grande família em quatro continentes".
 
 
(© POOL New / Reuters)
 

Timor-Leste. Uma nação que aprendeu a viver com a independência

28 de novembro de 1975. Timor-Leste declarava a independência. Mas o sentimento de liberdade iria durar muito pouco. Nove dias depois, os indonésios invadiam o país.

 
Jorge Gomes, 49 anos, guarda poucas recordações dessa altura. Lembra-se, sobretudo, dos três anos e meio que passou com a família nas montanhas após a invasão. "Não havia roupa, nem comida." Quando regressaram a Díli, enfrentaram vários massacres. "Muitos prisioneiros, milhares de mortes, casas queimadas." Em 1991, a tragédia abateu-se sobre a família: o irmão de Jorge foi assassinado por militares da Indonésia na igreja de Motael. Chamava-se Sebastião Gomes e era membro da resistência timorense. Seguiram-se várias perseguições à família. Passados 15 dias, quando cerca de três mil pessoas prestavam homenagem ao jovem, o exército indonésio abriu fogo, matando mais de 250 timorenses, naquele que ficou conhecido como o massacre de Santa Cruz.

Quarenta anos após a proclamação da independência, há em Díli o sentimento de paz consolidada, mas a luta e o sofrimento do povo timorense nos anos seguintes continuam bem presentes. Não é fácil encontrar quem fale bem português (língua oficial, tal como o tétum) na capital de Timor. Após séculos de domínio colonial português, a língua foi banida durante os anos de ocupação indonésia - entre dezembro de 1975 e outubro de 1999. Mas Jorge esforça-se para contar ao DN um pouco da sua história. "No passado falava bem português, mas na montanha esqueceu-se tudo", diz, à entrada do Palácio de Lahane, onde coordena a equipa timorense que organizou um jantar para os membros da Reunião Extraordinária do CONSAN - CPLP, a convite do presidente da República, Taur Matan Ruak.

Jorge Gomes estudou na escola técnica agrícola e é agora funcionário do Ministério da Agricultura. Tem uma família grande: cinco filhos, com idades entre os 12 e os 20 anos. "A independência veio melhorar as nossas vidas. Timor-Leste agora é livre." E está em crescimento: a capital é cada vez mais cosmopolita, as construções aparentemente pouco sólidas contrastam com os grandes edifícios do Estado, das embaixadas e das empresas. Mas nos subdistritos, a situação continua dramática. "Nas zonas mais isoladas, ainda não há estradas nem electricidade. E as escolas não têm condições." Mas Jorge compreende que o desenvolvimento seja lento. "É uma nação que ficou destruída. Agora vai-se desenvolvendo."

Estamos em novembro e, ao contrário do que seria expectável, ainda não choveu em Timor. As temperaturas rondam os 35 graus. Na marginal de Díli, o DN tenta, sem sucesso, encontrar alguém que fale português. Só tétum. É no Beach Hotel, junto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que encontra Filomena Melo, 57 anos, empregada de limpeza. "Não consigo falar muito, mas vou tentar. Estive muito tempo sem falar português", avisa, com um sorriso rasgado. Como centenas de milhares de timorenses, Filomena também se refugiou nas montanhas. "O meu marido morreu lá."

Em 1999, Filomena fugiu para a Indonésia com os dois filhos, mas foi obrigada a regressar. Com a independência, "a vida melhorou um pouco. A educação e a saúde estão melhores. Também há mais casas". A pobreza diminuiu, diz, "mas ainda há muitas pessoas que passam fome e que não conseguem arranjar trabalho". Muitas famílias vivem com menos de um dólar por dia. E ainda há uma grande percentagem de crianças subnutridas.

"Uma nova fase"


Zacarias da Costa tinha 9 anos quando Timor declarou a independência. "Era refugiado em Timor Ocidental." O irmão mais velho pertencia à Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) e, apesar da tenra idade, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros acompanhava "com interesse" a situação. Com a declaração da independência, "era importante que os timorenses sentissem que entravam numa nova fase". Revelou-se curta, muito curta. "Havia um misto de alegria e apreensão, porque a invasão indonésia estava eminente." E aconteceu.

É difícil fazer um balanço dos últimos 40 anos, porque "contemplam o período da ocupação indonésia". Muitos massacres, torturas, fome. Mas olhando para os 13 anos desde a restauração da independência, a 20 de maio de 2002 - sob protecção da ONU -, o fundador do Partido Social-Democrata considera que, "apesar dos momentos difíceis, Timor encontrou o caminho certo. Os erros serviram para amadurecer o país". As principais dificuldades já passaram, "mas há o desafio de gerir bem Timor, nomeadamente o que vem do petróleo". E ainda há muito para fazer: "Em primeiro lugar, criar boas infraestruturas para que a educação seja uma aposta ganha e investir na consolidação da língua portuguesa."

Educação é prioridade

Para Olga Boavida, 23 anos, estudante de Língua Portuguesa na Universidade Nacional Timor Lorosae, a prioridade é também a educação. "O governo deve ter em atenção a formação dos professores, pois são eles que educam os mais novos. São o futuro da nação." Nos subdistritos, "as escolas públicas não têm condições e não há professores bem formados". Olga ouve frequentemente o pai falar da independência. "Conta que havia guerra. A minha família salvou-se porque foi para o mato." Quiseram matar o pai e o tio, por desconfiarem de que davam comida aos guerrilheiros. O tio acabou mesmo por morrer quando voltou das montanhas. "Subiu a uma árvore para ir buscar alimento, caiu, ficou ferido e, como não havia tratamento, faleceu." A jovem recorda-se da restauração da independência. "As pessoas gritavam "independência" e dançavam. Lembro-me de ver o Xanana [Gusmão] a chorar."

Em Díli
 
 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Arquivo e Museu da Resistência Timorense amplia exposição permanente

O Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT) em Díli anunciou hoje que ampliou a sua exposição permanente, integrando vários elementos doados no passado ao acervo, considerados de "elevado valor histórico patrimonial".


Entre os objetos conta-se um aparelho de rádio usado pela Radio Maubere para comunicar para a Austrália, nos primeiros anos da luta de resistência (1975 e 1978) e que foi doada ao AMRT pelo secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.

Usada como única forma de comunicação entre Timor-Leste e o exterior depois da invasão indonésia, a 7 de dezembro e até dezembro de 1978, a Rádio Maubere esteve, muitas vezes, em movimento pelas montanhas do país.

Com emissões em português, inglês e tétum, a rádio permitiu à Fretilin enviar mensagens codificadas para o exterior que, nos primeiros anos, permitiram perceber a dimensão de algumas das primeiras grandes operações das forças invasoras da Indonésia.

Na Austrália as comunicações eram recebidas por um grupo de timorenses e ativistas australianos que também movimentavam o recetor entre vários locais dentro e fora da cidade de Darwin, no norte do país.

Integrados e expostos a partir de hoje estão também objetos pertencentes a vítimas identificadas do massacre de Santa Cruz, a 12 de novembro de 1991, que foram doadas pelas famílias das vítimas e pelo Comité 12 de Novembro.

Recorde-se que o massacre foi filmado pelo jornalista inglês Max Stahl e a divulgação das imagens internacionalmente é considerado um dos momentos de viragem na resistência timorense à ocupação indonésia.

Os objetos foram doados em 2014.

A exposição permanente do AMRT conta também a partir de hoje com uma pintura de Xanana Gusmao, feita em 1994, enquanto o então líder da resistência esteve detido na prisão indonésia de Cipinang em 1994, para oferecer ao Nobel da Paz, José Ramos-Horta.

A pintura foi doada em 2013.

O AMRT foi criado em 2005 "para a preservação da memória e do património histórico nacional e para a divulgação dos valores da luta de resistência do povo de Timor-Leste, especialmente junto das camadas mais jovens".
 
 
 
 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Massacre de Santa Cruz: as feridas saram. A memória não se apaga

Assinala-se hoje o 24.º aniversário do dia em que a causa timorense ganhou visibilidade mundial, à custa do sangue derramado junto ao cemitério de Santa Cruz. Aqui, visitam-se três memórias dos acontecimentos desse dia.


12 de Novembro de 1991. Díli. “Lembro-me que era uma segunda-feira. Às 7.15 horas, ouviu-se um raide de tiros. A universidade onde eu andava ficava ao lado de uma posto de militares indonésios que, quando os estudantes vieram ver o que se passava, apontaram as armas. Algumas horas depois, Dili era uma cidade silenciosa.
Durante uma semana manteve-se assim. Uma cidade morta”. O relato de Hermegildo Costa sobre os acontecimentos do dia do massacre de Santa Cruz contam a versão de um estudante do primeiro ano da Universidade. É a visão de alguém que viveu aquele dia por dentro, ainda que fechado para o exterior. 
Apesar de se estar a passar tudo ali à sua frente, quando se refere àquele dia as memórias que evoca são sobretudo auditivas. Diante dos olhos de Hermegildo houve as armas apontadas pelos militares indonésios, e um período de clausura imposto.

O Timor do início dos anos 90 era muito assim. Fechado sobre si mesmo, sobre a ocupação indonésia, e sobre as armas dos militares à ordem de Suharto. Silenciada pelo regime imposto pela Indonésia, a resistência timorense fazia-se à custa da morte de aldeias e cidades inteiras. O resto do mundo, assistia, indiferente – por desconhecimento, sim, mas também por alheamento.
Até que as imagens captadas por um jornalista inglês no cemitério de Santa Cruz chegaram ao ocidente. Terrificantes. Violentas. Cruas. De rajada. Como as metralhadoras que disparavam sobre jovens em pânico. Aí, o mundo acordou. Mas ainda demorou a levantar-se contra as atrocidades que perseguiam os timorense.
(foto: Ricardo Carvalhal)
 

domingo, 27 de setembro de 2015

DOMINGOS SIMÕES PEREIRA: Quando a "diferença" é a causa...

Fresno State tem produzido atletas famosos, intelectuais e até exploradores espaciais mais conhecidos. Mas poucos sabem sobre Pereira, que se formou em 1994 com um grau de mestre em engenharia civil. 

 
Enquanto a universidade possui muitos alunos que tiveram carreiras políticas bem-sucedidas, Pereira é o primeiro entre os mais de 800 estudantes internacionais que estudaram no estado de Fresno cada ano para vir a servir como primeiro-ministro de um país.

Após graduar-se no topo da sua classe do ensino médio, Pereira estudou engenharia civil na ex-União Soviética, que na época da Guerra Fria tinha laços com Guiné-Bissau. Em 1991, Pereira e outros quatro guineenses receberam bolsas de estudo através de um programa financiado pelo governo dos Estados Unidos para estudar no Estado Fresno. Foi a primeira vez de Pereira no mundo ocidental.

"Fresno State foi, em muitos aspectos, uma grande surpresa", Pereira disse em um vídeo que ele produziu no ano passado para Escolas Profissionais Oeste Africano, uma organização sem fins lucrativos Fresno que oferece treinamento de capacitações de emprego para os jovens na Guiné-Bissau. "Coisas muito simples eram grandes lições para mim."

Durante seus primeiros dois anos de Fresno, Pereira se esforçou para dar sentido à cultura americana, que promove o individualismo sobre os valores comuns das culturas Oeste Africano. Eventualmente, porém, ele cresceu para apreciar as diferenças.
 
 
 
 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

3 de Agosto de 1959 “Massacre de Pidjiguiti”

Hoje completam 56 anos, que houve uma greve dos trabalhadores em luta pelos seus direitos laborais do porto de Bissau (Guiné-Bissau) que foram brutalmente massacrados pelas autoridades coloniais portuguesas...

 

 

 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Bandeira de D. Maria I, enviada para Timor-Leste e que tem sido guardada, ao lado de vários documentos

Num território quase dizimado pelo seu invasor, foi conseguido proteger, conservar e honrar uma relíquia histórica portuguesa que também lhe pertence.


Mau Pelo, liurai timorense, 70 e tal anos - não sabe ao certo -, com um fato monárquico português do século XIX, azul-escuro cruzado por duas faixas rosa, sujas, tem as mãos secas, finas e cheias de sulcos, apoiadas em duas bengalas.

Está sentado numa cadeira de plástico, hirto, quase parece de cera, no interior de uma pequena casa de cimento, branca e azul, no topo de uma escada, também de cimento, com degraus íngremes e de uma altura que obrigam a uma subida pouco natural até lá cima.

Se calhar é propositado, para que nesta casa mais moderna imitem a altura dos degraus de madeira que se tem que subir para chegar à casa tradicional em si, a uma Lulik, a casa sagrada, do outro lado do largo, em cuja sombra brincam quatro ou cinco miúdos.

Mau Pelo vestiu-se propositadamente para receber a reportagem da Lusa, guiada nesta viagem ao passado por uma equipa do Arquivo e Museu da Resistência Timorense, em Díli, liderada por um seu familiar, Álvaro Rosário Vasconcelos.

O fato está desgastado, com as insígnias nos punhos a desfazerem-se, botões dourados, cada um com as armas de Portugal, as duas bengalas de madeira, decoradas com um punho também dourado, marcado por desenhos de flores e conchas.

Mas é quase um milagre que algo do século XIX, que já esteve escondido em buracos em vários pontos de Timor-Leste ainda esteja neste estado. Ou que sequer exista.
Como é ainda mais milagroso que tenha sobrevivido - apesar do mau-estado em que já se encontra - o que chama aqui os mais curiosos: uma bandeira de D. Maria I, enviada para Timor-Leste e que tem sido guardada, ao lado de vários documentos - esses ainda em pior estado - incluindo um alvará real.

Primeiro foi Mau Dua, depois Manuel - "não tem nome gentio" - depois Mau Pelo. O seguinte chama-se Domingos Lemos e já ajuda o liurai, a mostrar os documentos e a bandeira, a fazer a bênção com malus, areca e betel ao parente que serve de guia nesta viagem, Álvaro Rosário Vasconcelos.

Álvaro também é descente directo da linhagem que deveria cuidar a bandeira, mas a honra ficou com Mau Pelo e quando este morrer passará para o jovem Domingos Lemos, que já é chefe de suco.

Ainda que hoje, como admite, os mais jovens liguem muito menos a estas coisas e os liurais estejam menos presentes na vida diária de Timor-Leste e dos timorenses.
O culto à bandeira de Portugal, tanto a monárquica com a republicana, a um vínculo várias vezes celebrado por reinos timorenses ainda hoje é, para muitos, algo incompreensível, mal percebido, mal interpretado.

Foi lido, erradamente, como um ato de resistência à ocupação indonésia quando na prática, como esta bandeira desbotada e degradada o demonstra, já era um símbolo sagrado para os reinos timorenses muito antes, há vários séculos.
Contam os Lia Na'in, os ‘pais' da oralidade histórica e da ligação timorense ao seu passado, que as bandeiras representam alianças históricas, muitas vezes confirmadas com os quebrantáveis pactos de sangue.

Aqui, neste mundo dos reinos timorenses, em Hatumatei, no pequeno suco de Estado, no município de Ermera, sul de Díli, tudo é monárquico, ou pelo menos a pretender ser nobre, até no surreal, como num dos paus de bandeira que decoram o exterior da pequena casa.

Num deles uma bandeira, em tom avermelhado com símbolos estranhos, na outra, talvez pela coroa que agora o próprio clube retirou do seu símbolo oficial, uma bandeira do Real Madrid.

"Rego Real anti barça", lê-se em grafiti na parede de uma das poucas casas que habita o largo desta vila animista que, por sua vez é observado, como não podia deixar de ser e como em cada terra de Timor-Leste, por uma capela, instalada no alto do monte mais próximo.

Esta é uma viagem no tempo, até ao final de uma estrada, até este largo dominado por uma árvore gigantesca sob a qual se fazem muitos dos encontros comunitários e em cujo tronco, cobertas com pedras de vários formatos, estão duas caveiras da 2ª Guerra Mundial.

Esta é uma visita curta ao mundo tradicional ‘lulik’, sagrado, animista, que luta por sobreviver perante a marcha impassível do tempo e contra a passividade e o desinteresse que foi crescendo, a par da melhoria de vida, do fim da ocupação indonésia, da ‘normalidade' que levou a que este espaço de crença deixasse de ser o refúgio de outrora.

Esta é também uma viagem ao surrealismo, ao combate entre o moderno e o antigo, entre o progresso que avança, encosta acima com brigadas que colocam alcatrão nas estradas, e o quase silêncio do passado de Estado, uma viagem ao choque entre animismo e ‘lulik' e o ‘maromak' católico.

Uma viagem de símbolos estranhos, dos chifres de búfalo que decoram a entrada da casa tradicional, à velha roupa de nobre, de Mau Pelo, sentado na cadeira de plástico importada da Indonésia, o rosto magro, escavado, mais enrugado que a bandeira que cuida.

São apenas cerca de 70 quilómetros entre Díli e Estado - em que os últimos 10 ou 15 demoram uma hora, numa estrada de buracos e pedras, que parece entrar floresta dentro - mas uma distância de forma e de conteúdo muito maior.
Uma distância que, inversamente, aproxima reinos, tempos, realidades, o físico e o espiritual.

 (Antonio Sampaio - lusa)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Evocação do Hino de Timor Leste

Composto em 1975 por Afonso de Araújo e com letra de Francisco Borja da Costa, o hino timorense foi usado pela primeira vez a 28 de novembro desse ano quando a Fretilin declarou unilateralmente a independência de Timor-Leste.


Borja da Costa acabou por ser morto dias depois, a 07 de dezembro, quando se concretizou a invasão indonésia do país mas o seu legado ficaria vincado na simbologia nacional.

O hino acabou por ser formalmente declarado hino nacional numa votação histórica a 18 de março de 2002, quando a votação do artigo 165A da Constituição da República Democrática de Timor-Leste se transformou num 'debate musical', cheio de contornos mais lúdicos.

Como de música se tratava, membros da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) arranjaram um pequeno 'walkman', com os respectivos auriculares, colocando um dos mini auscultadores junto ao microfone normalmente usado para os debates.

O som do hino lá chegou às colunas da sala, suscitando imediato coro de grande parte da bancada da Fretilin e até de membros de outros partidos, conhecedores da letra.

A cantoria acabou por suscitar ainda mais debate, com alguns deputados a sugerirem que faltavam "características marciais" à melodia, outros a sugerir alterações à letra e outros até a solicitarem uma nova interpretação.

Foi o caso de Clementino Amaral (KOTA) que afirmou que "apenas aquelas quatro senhoras", apontando para quatro deputadas da Fretilin, tinham sabido dar ao tema "o tom marcial" que era devido.

"Eu pedia para elas cantarem outra vez", disse, perante risos dos restantes deputados e da pouca gente que acompanhava o debate.

Descontraídos, deputados e presidente da Assembleia, esqueceram por momentos o protocolo, com Feliciano Fátima (ASDT) a oferecer-se "para acompanhar" nova tentativa.

O próprio presidente, Lu-olo acabou por se juntar à descontracção momentânea, perguntando a Jacob Xavier (PPT) se mais um pedido de intervenção "também é para cantar".

Já estava o debate mais ao mesmo encaminhado - depois de referências a Beethoven, à "música clássica europeia" e até à necessidade de reformular o texto, quando Aliança Araújo (PNT) lança mais uma proposta na mesa.

Como alternativa ao "Pátria Pátria" sugere o actual hino da FRETILIN "Foho Ramelau", de Abílio Araújo e Borja da Costa.

"Eu fiz aqui esta proposta e sei que não vai passar, mas como já me doeu a mão para a escrever vou apresentá-la na mesma", disse, perante risos de alguns dos presentes.

E como a proposta também era "multimédia", Aliança Araújo saca de uma cassete, e vá de tocar uma das versões mais clássicas do hino do maior partido timorense.

Não fugindo à tradição que tinham acabado de criar, os deputados voltaram a juntar-se em coro, numa interpretação que no fim teve direito a sessão de palmas e tudo. Ainda que depois a ideia do "Foho Ramelau" fosse recusada, porque a FRETILIN teria que desistir do seu hino partidário.

Quanto ao assunto mais importante e depois do interessante processo de debate, os membros da Assembleia Constituinte decidiram primeiro aprovar, retirando a palavra "provisório" do artigo intitulado "Hino Nacional".

Logo a seguir, com 67 votos a favor, três contra e oito abstenções - numa sessão a que faltaram 10 deputados - foi aprovado o artigo que define como hino nacional "a melodia 'Pátria-Pátria, Timor-Leste a nossa nação'".

Cinco anos depois o parlamento aprovou a lei 2/2007, dos símbolos nacionais, clarificando que "o hino nacional, designado por Pátria, é composto por música de Afonso Redentor de Araújo e letra de Francisco Borja da Costa".

"A pauta musical do hino nacional, obedece à instrumentação original e recuperação de Paulo Pereira dos Santos e de Abílio de Araújo", nota ainda.

Mais adiante o texto nota que "ninguém pode ser admitido como funcionário público ou integrado, sob qualquer regime laboral, em serviço público sem que demonstre conhecimento da letra integral do hino nacional".
 



terça-feira, 28 de abril de 2015

Timor Leste inspirou a primeira campanha de 'defacement' da história

Timor-Leste inspirou o grupo de hackers português mais conhecido, o TOXyn, entre 1997 e 1998, a que é considerada a primeira campanha de "defacement" - a alteração ilegal do aspecto de uma página online - da história.


A campanha "hacktivista" intitulou-se "Free East Timor - Free Xanana Gusmão" e foi levada a cabo em defesa da independência timorense com acções sucessivas de 'defacement' a várias páginas web relacionadas com a Indonésia.

Comuns actualmente - há 'defacements' regulares em todo o mundo, muito dos quais não chegam sequer a ser conhecidos do grande público - este processo de protesto era, nessa altura, insólito e pouco visto.


A campanha "hacktivista" intitulou-se "Free East Timor - Free Xanana Gusmão" e foi levada a cabo em defesa da independência timorense com ações sucessivas de 'defacement' a várias páginas web relacionadas com a Indonésia.

Comuns actualmente - há 'defacements' regulares em todo o mundo, muito dos quais não chegam sequer a ser conhecidos do grande público - este processo de protesto era, nessa altura, insólito e pouco visto.

O livro Hackstory.es - com "a história nunca contada do underground hacker da Península Ibérica" - recorda esta campanha afirmando que foi a primeira, sustentada, a usar este método.

Citando o livro e recorrendo ao arquivo de um hacker veterano, Jericho, o jornal El Mundo recordou esta semana o que se considera o primeiro 'defacement' da história, realizado por motivos políticos: o assalto à página web do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 1996 em protesto contra o Communications Decency Act.

Porém este foi um ato isolado e acabou por ser a campanha dos TOXyn, que começou um ano depois, a ser a primeira sustentada baseada nos 'defaces'.

Na campanha da TOXyn participaram vários hackers, incluindo do grupo português Pulhas e o catalão Savage, antes conhecido como The Phreaker, membros do grupo Apóstols.

Coube a Savage, refere o livro, escrever alguns dos programas que se usaram para atacar de forma massiva servidores do Governo da Indonésia.

"Conheci os elementos do TOXyn em 1996 quando tentaram entrar em algumas máquinas do meu ISP. Ficámos amigos e em 1997 fiz algumas coisas impublicáveis que utilizaram na campanha contra a indonésia", recordou Savage.

A intenção dos TOXyn era "chamar a atenção" para o problema de Timor-Leste e assaltar páginas web e alterar as suas páginas principais era a arma perfeita.

O jornal recorda que o primeiro ataque ocorreu a 10 de fevereiro de 1997 contra o servidor do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Jakarta, tendo-se seguido outros ataques a 24 de abril e 30 de junho.

Em cada um a TOXyn mostrava a lista de servidores governamentais e comerciais - dezenas - que tinha assaltado desde o último 'deface'.

O ataque mais destrutivo ocorreu a 22 de novembro de 1997 quando caiu a web da Agência para o Desenvolvimento e Aplicação da Tecnologia e com ela se apagaram todos os dados de 27 servidores atacados de forma simultânea.

A ação foi assinada pelo UrBan Ka0s y Portuguese Hackers Against Indonesian Tiranny (P.H.A.I.T.).

Foi o único caso de destruição de dados sendo que a TOXyN sempre manteve que nas suas acções "nunca se apagou ou destruiu nada, só se hackeou as suas páginas".

"Somos como outros manifestantes nas ruas que simplesmente têm a habilidade de poder entrar nestes sítios. Podem tentar restringir a informação, mas a tecnologia permite que sejamos todos iguais", justificava o grupo.

A campanha continuou até 1998, um ano antes do referendo que daria a independência a Timor-Leste.  

                      

domingo, 22 de março de 2015

A possibilidade de realizar a utopia

Foi um dos maiores desafios que Fátima Proença já enfrentou: unir um conjunto de organizações, a maior parte das quais guineenses, e com elas persuadir o Governo da Guiné-Bissau a fechar a mais antiga esquadra da capital, que foi uma prisão, que era um “símbolo de opressão, de violência política”, e a cedê-la para que fosse transformada num espaço de cultura de direitos humanos.


O lugar, na parte velha de Bissau, desmonta, por si só, ideia feitas sobre a Guiné-Bissau — “um país que não funciona, sem instituições, à espera da ajuda internacional”. “Foi ali que encontrámos interlocutores, pessoas que querem lutar pela liberdade, pela justiça social e que se organizaram para isso”, diz.

A União Europeia nem sequer concedia financiamento para projectos de direitos humanos no país. O consórcio liderado pela Associação para a Cooperação entre os Povos (ACEP) e a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) obteve financiamento da Cooperação Portuguesa e abriu a Casa dos Direitos no início de 2012. Volvidos dois meses, houve um golpe de Estado. “Os dirigentes da Liga estavam lá dentro, o quartel-general estava mesmo em frente, os militares perseguiam pessoas na rua, mas ninguém foi lá procurá-los”, recorda. “A Casa dos Direitos já é.”

Não tinha uma relação próxima com a África imaginada, como era comum no Portugal da década de 1970. “Não tinha necessidade de defender uma África que tinha que ver com Portugal.” Contava 18 anos quando começou a colaborar com o Boletim Anti-Colonial. A sua primeira tarefa foi dactilografar um relatório sobre o massacre de Wiriyamu (Moçambique, 16 de Dezembro de 1972).
 
 
(Fátima Proença, Directora executiva ACEP, 61 anos)
 
Entrou no sector da ajuda ao desenvolvimento por via do Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, actual Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (CIDAC), associação nascida logo em Maio de 1974, na sequência da luta pela libertação. Começou como voluntária.

“Foi um processo natural”, diz Fátima Proença. Não teve, como tantos outros, de fazer um corte violento com a família, com a profissão ou com o país. “O que sou hoje tenho sorte de ter começado a ser em pequena, quando a minha mãe me contava histórias sobre um mundo longínquo.”

Aterrou pela primeira vez em África em 1983. Ia passar dois meses em Bissau a dar formação sobre documentação a técnicos das Forças Armadas e dos vários ministérios. “Foi um dos maiores processos de crescimento que vivi”, conta. Esforçou-se para “entender um país, uma cultura, que só conhecia em teoria, à distância”. E percebeu que iria ficar ligada a África para sempre.

Regressou mais depressa do que pensava. Regressou volvidos dois anos, com o marido, para passar um ano inteiro a trabalhar como cooperante do Estado português. “Trabalhei num projecto novo, o início do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau, com pessoas fora de série, que me ajudaram a perceber quais eram os meus limites, do que era ou não capaz.”

Era grande a tensão na Guiné-Bissau em 1985-1986. Houve uma tentativa de golpe de Estado que culminou com detenções, torturas, fuzilamentos. Tentando sentir a espessura das coisas, Fátima Proença enquadrava tudo no processo de transição da luta armada pela independência para a construção de um estado civil. “Há ali uma legitimidade ao nível das armas que é difícil de transformar…”

Há 30 anos, o sector estava a despontar em Portugal. A Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento foi formada por 13 entidades com mais desejo do que experiência de acção humanitária e cooperação para o desenvolvimento. Coordenava-a Eugénio Anacoreta Correia.
 
Fátima Proença pediu reforma antecipada ao Ministério do Comércio, onde começara a trabalhar ainda estudante de Economia, e dedicou-se a tempo inteiro ao CIDAC. Só de lá saiu em 1996, a caminho da ACEP, que fora criada para trabalhar na integração dos imigrantes africanos em Portugal e ambicionava passar a actuar nos seus países de origem.

Era mais uma etapa do mesmo caminho. Ia ajudar a construir sociedades mais democráticas, mais abertas aos “outros”, nos países de língua oficial portuguesa. Ia fazê-lo numa lógica de “educação para a igualdade”, não de “tolerância paternalista”. Partia do princípio de que todos podiam ajudar a “fazer mudança”. E ainda parte. “Não queremos falsos êxitos alimentados por pessoas que estão de passagem, que têm de fazer as coisas a correr”, explica. “As pessoas que estão lá têm de ter as rédeas, têm de dominar os processos, têm de estabelecer connosco uma relação de poder dizer ‘não’.”

Através dos seus projectos de comunicação, que amiúde envolvem jornalistas e artistas, a ACEP tenta fortalecer laços entre ONG, sensibilizar opiniões públicas, desmontar visões simplistas. “Não temos uma pressa desalmada de mostrar resultados, até porque muitas vezes os nossos resultados são invisíveis. Têm que ver com o que está na cabeça das pessoas, com capacidade de arriscar, de trabalhar em conjunto. E isso leva tempo. Temos de conquistar esse tempo. Com tempo, podemos cozer um elefante numa panela.”

Pode ser estafante. Há uma “pesada carga burocrática e administrativa” relacionada com obtenção de financiamento, sobretudo, junto da União Europeia, mas também nas instâncias nacionais. E isso, diz, “exige um profissionalismo que desvia do que deve ser o centro da actividade”.

Talvez fosse mais fácil se trabalhassem em áreas mais palpáveis como a vacinação ou a distribuição de comida. Nunca foram por aí. “Somos uma associação de gente que trabalha com associações de gente que tem o mesmo tipo de preocupação que nós. Somos cidadãos a tempo inteiro, digamos assim. Procuramos tornar algumas utopias possíveis.”
 
 
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Realizado fórum «Cacheu, Caminho de Escravos»

A Cidade de Cacheu, norte da Guiné-Bissau, acolheu esta quinta-feira, 20 de Novembro, a quarta edição do fórum «Cacheu, Caminho de Escravos», sob o tema «A História e a Cultura de Cacheu no contexto da escravatura e do tráfico negreiro».


A informação foi comunicada pela entidade organizadora, a ONG guineense Acção para o Desenvolvimento (AD), em comunicado que a PNN consultou, afirmando que a iniciativa teve o objectivo de contribuir para enquadrar e impulsionar a história e a cultura de Cacheu no panorama global do seu desenvolvimento integral e harmonioso.

Segundo o comunicado, os conhecimentos e materiais que o fórum produziu foram importantes para a pesquisa e a documentação do Memorial da Escravatura e do Tráfico Negreiro de Cacheu, actualmente em construção, assim como para o simpósio internacional sobre o tráfico negreiro em Cacheu, previsto para Novembro de 2015.

Historiadores e estudiosos guineenses apresentaram doze tópicos sobre a história e a cultura, debatidos por cerca de 60 pessoas, incluindo representantes da comunidade de Cacheu.

O fórum tem-se revelado como um espaço de debate fecundo e de descoberta ou redescoberta da história, assim como de expressões culturais e artísticas diversas das gentes e terras de Cacheu.

Durante três dias os participantes no fórum debateram, entre outros assuntos, a importância e a necessidade de estudar a história da escravatura e do tráfico negreiro, o peso simbólico e histórico de Cacheu: fundamentos e perspectivas futuras, património histórico e cultural à luz da convenção para a protecção do património Mundial Cultural e Natural da UNESCO, o percurso e caminho do arroz e da horticultura da Guiné-Bissau para as Américas no contexto do trafico negreiro, Cacheu no séc XVI – testemunho de um viajante, Cacheu na rota dos escravos da Guiné-Bissau para Cabo Verde, Grandes figuras femininas durante a escravatura em Cacheu, a origem das cidades e tabancas na zona de Cacheu, de tchurbrik a Bianga, a história da fortaleza e da igreja da Nossa Senhora da Natividade, dois locais emblemáticos da cidade de Cacheu, a escravatura e a sua influência na cultura de Cacheu, a alienação cultural e reafirmação da nação, e o surgimento do «badju di tina» em Cacheu.

O fórum foi organizado pela ONG guineense Acção para o Desenvolvimento, com o apoio financeiro da União Europeia. A abertura dos trabalhos foi presidida pelo Secretário de Estado da Cultura, Juventude e Desportos, Tomás Gomes Barbosa.

De recordar que em 1588 os portugueses fundaram, junto à costa, em Cacheu, a primeira povoação criada de raiz, a qual será sede dos capitães-mores nomeados pelo então rei de Portugal, embora sob jurisdição de Cabo Verde.