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Joseph Pulitzer

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Golfo da Guiné sob o olhar angolano





1. A estrutura de comando da MGA (Marinha de Guerra de Angola) passou no princípio de Jun. por alterações consideradas extensas, abrangeram o respectivo modelo organizativo, bem como a composição de quase todos os órgãos internos de direcção e chefia, alguns dos quais criados de raiz.

Em 02.Jun, o Presidente José Eduardo dos Santos (JES) reconduziu o CEMG, Gen Sachipengo Nunda, assim como os comandantes do Exército, Gen Lúcio Amaral e Força Aérea, Gen Francisco Afonso, cujos mandatos estavam em vias de expirar. O único comandante não reconduzido foi o da MGA, Alm Silva Cunha.

As mudanças em relação à MGA não se esgotaram na nomeação de um novo comandante, agora o V Alm Francisco José. Outras nomeações anunciadas:

- Um chefe do Estado-Maior (órgão criado de novo), confiado ao VAlm Valentim Alberto António.

- UM novo chefe de direcção de operações, V Alm Manuel Ferreira de Jesus e um novo comandante da Região Naval em Luanda, C Alm Augusto Pedro.

- Novos chefes de distritos organismos intermédios, bem como novos comandantes de unidades, como o corpo de fuzileiros.

A MGA, a exemplo do que ainda acontece nos outros ramos FA, não dispunha na sua estrutura de comando de um Estado-Maior – órgão a que nos exércitos modernos competem funções como definir prioridades em termos de aquisição de equipamento; as encomendas eram feitas aleatoriamente pela Casa Militar.

Os oficiais agora apresentados em comparação com os que foram rendidos atributos como a sua melhor preparação técnico-militar, adquirida em academias de diferentes países. O anterior comandante era considerado pouco dinâmico, além de ser acusado de pactuar com negócios ilícitos relacionados com a venda de combustível.


2. A reestruturação da MGA é vista no quadro de um esforço do Governo tendente a dotá-la de boas condições gerais de participação de vigilância e controlo do Golfo da Guiné, previsto num acordo de segurança marítima (AM 900), em vias de conclusão com os EUA.

Numa primeira fase o acordo correspondeu expectativas especiais dos EUA, advindas da necessidade de juntar um parceiro regional credível nos seus planos de vigilância do Golfo. A Nigéria, à qual estava reservado esse papel, como potencia regional central, encontra-se política e militarmente diminuída pelos seus problemas internos.

Nenhum dos Estados ribeirinhos do Golfo da Guiné, incluindo a Nigéria, dispõe de capacidades navais mínimas para missões de fiscalização e controlo visando combater actividades terroristas e outras do crime organizado; concluiu-se mesmo que muitos dos referidos estados dispõem de meios inferiores aos dos grupos terroristas.

Na reapreciação a que no início do seu segundo mandato a administração norte – americana sujeitou a sua política para Angola, foi especialmente valorizada a importância para EUA de contar na região com um parceiro capaz de servir de “alavanca” ao esforço de “limpeza” do Golfo da Guiné – no caso, Angola.

Em virtude de efeitos nocivos da crise do preço do petróleo na imagem externa de Angola, o acordo de segurança marítima com os EUA passou também a interessar-lhe mais. As autoridades vêm no mesmo oportunidade para legitimar e conferir projecção política a aspirações de liderança regional que a crise ofuscou.


3. A MGA é o ramo das FA que mais se presta, por definição, a cooperar com os esforços dos EUA em relação ao Golfo da Guiné. A existência relativamente letárgica que até agora lhe era reconhecida (falta de frota; lacunas consideradas graves em termos de organização e aptidão do pessoal) não lhe permitia, porém desempenhar tal papel.

As restrições que a presente crise impôs às encomendas militares atingiram menos a MGA. Numa reunião recente de chefes militares foram prestadas garantias de que os programas de reequipamento militar da MGA não seriam afectados pelos cortes orçamentais decorrentes da crise do preço do petróleo.
 (in: áfrica monitor)

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