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Joseph Pulitzer

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Moçambique: Educação e recursos naturais são a chave para o sucesso

O ex-presidente da Vodacom defende que as duas grandes apostas de Moçambique são a "educação de qualidade" e a exploração dos recursos naturais para industrializar o país e não só a geração de energia para exportação.


Em entrevista à Lusa a propósito do mês em que se assinalam os 40 anos da independência de Moçambique, Salimo Abdula diz que estas quatro décadas foram muito positivas para o país e para a iniciativa privada, mas reconheceu que existe ainda muito trabalho pela frente para que Moçambique não seja um país que cresce 7% ao ano, mas onde a pobreza atinge a maioria da população.

"Os grandes desafios são colocar maior ênfase na educação das pessoas, apostar na qualidade da educação, agora que a população passou de esmagadoramente analfabeta, como era há 40 anos, para hoje ter 50% de alfabetização", diz o empresário, que é actualmente presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). (Substitui o nome da empresa a que Salimo Abdula presidiu, que é Vodacom e não Vodafone Moçambique. Corrige também a informação de que Salimo Abdula é presidente da empresa)

Por outro lado, Salimo Abdula aponta que "outro grande ganho dos últimos quarenta anos foi a reconstrução do tecido empresarial, que logo nos primeiros anos da independência conheceu um sistema centralizado, virado para o marxismo-leninismo", mas considera que "hoje o caminho é outro".

"Existe uma economia de mercado que abriu a possibilidade de os moçambicanos se tornarem empresários, e já começamos a ver uma segunda geração de empresários emergentes, e até já há empresas moçambicanas a afirmarem-se no seu mercado", diz.

O terceiro grande aspeto positivo das quatro décadas de independência do país, que este ano se assinalam, é a identidade cultural: "Houve um investimento na auto-estima e na sua cultura e identidade, mas sempre abraçado a um fator comum, que é a língua portuguesa, que é a única língua oficial em Moçambique e que tem sido um factor de unidade nacional", considera.

Virando o olhar para o futuro, Salimo Abdula reconhece que o país está focado nos recursos naturais, mas avisa que "o país não deve concentrar o seu esforço" apenas na exploração e extracção de recursos, deve sim "concentrar a sua visão estratégica em sectores económicos diversificados, como a agricultura, a pesca, o turismo, o comércio, os serviços, a industrialização, isto é, um leque variado de sectores que vão contribuir para o crescimento do país".

A grande questão, diz, é usar o sector dos hidrocarbonetos e colocar a exploração dos vastos recursos naturais, nomeadamente carvão e gás, "numa perspectiva de contribuição com valor acrescentado para o desenvolvimento do país, criando mais postos de trabalho".

Moçambique, lembra Salimo Abdula, é um país com mais de 60% da sua população jovem, que espera melhor educação, e o "esforço tremendo" que está a ser feito para educar esses jovens pode ser perdido "se o país não estiver preparado para criar o valor acrescentado nestes produtos [hidrocarbonetos e sector mineral] e aproveitar esta mão-de-obra", podendo gerar-se "uma crise social".

O grande desafio para o futuro, conclui, é "não acelerar o passo na exploração em quantidade, mas sim preparar o país para formar quadros nacionais que, em parceria com os quadros da CPLP, possam contribuir para o crescimento equilibrado do sector dos hidrocarbonetos, não olhando só numa perspectiva de exploração para exportação, mas sim numa perspectiva de ser um sector catalisador das potências industriais regionais, atraindo indústria e desenvolvendo a agro-indústria, pesca e turismo local".
 
 
 
 
 

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