O Parlamento da Guiné-Bissau viveu hoje momentos de tensão durante três horas de debates e o presidente do órgão, Cipriano Cassamá, teve de suspender a sessão até quarta-feira.
A tensão entre os parlamentares foi motivada pelas divergências na interpretação do regimento da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento guineense), uns a defender que "as questões prévias" devem ser discutidas só depois da aprovação da ordem dos trabalhos e outros a advogarem o contrário.
Em causa estava um requerimento apresentado pela bancada do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maioritário, solicitando à mesa um esclarecimento sobre 15 deputados que o partido expulsou.
Para o PAIGC, já que deixaram de pertencer às fileiras do partido, também não têm lugar no Parlamento, posição contrariada pelos mesmos e ainda pelo Partido da Renovação Social (PRS), principal partido da oposição.
Durante mais de três horas, os deputados esgrimiram argumentos, muitas das vezes com insultos, situação repudiada pelo líder do órgão que pediu decoro aos parlamentares.
Num ambiente de tensão, Cipriano Cassamá deu por encerrada a sessão, anunciando que na quarta-feira será retomada com a discussão do projeto de ordem do dia que, entre outros, prevê um debate sobre o estado da nação sugerido pelo Presidente guineense, José Mário Vaz.
Ao encerrar os trabalhos, Cassamá não informou, contudo, se o requerimento do PAIGC será incluído na agenda ou não.
O presidente do Parlamento anunciou apenas que vai convocar uma conferência de líderes das bancadas do PAIGC e do PRS, bem como com um representante dos 15 deputados para encontrar uma solução sobre o impasse.
Califa Seidi, líder da bancada parlamentar do PAIGC, defendeu que uma resposta sobre o requerimento da sua bancada "é condição essencial" para o início dos trabalhos, enquanto Certório Biote, chefe da bancada do PRS, entende ser "uma manobra do PAIGC" para não permitir que o Parlamento funcione.
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