Neste momento, Angola atravessa uma das suas piores epidemias de febre amarela nos últimos tempos. Segundo números oficias, desde Dezembro que esta doença evitável já matou mais de 168 pessoas; Luanda é a província mais afectada, mas o vírus já foi detectado em 16 das 18 províncias no país.
A malária também tem sido assassina, responsável por inúmeras mortes em Luanda.
Devido à forte crise económica que se sente em Angola, os principais hospitais do país estão sem materiais básicos. Falo de luvas, seringas, e medicamentos de primeiro socorro. O lixo já faz parte do cartão postal da cidade: está em todo lado, amontoado e nauseabundo. A cidade fede. As doenças propagam-se. Os mosquitos festejam. Nos hospitais, está instalado o caos. A miséria. O sofrimento. O luto. A morte.
Cheira muito a morte.
Há dois fins de semana, noticiou-se que mais de 500 pessoas em Luanda, na sua maioria crianças, foram enterradas nos principais cemitérios da cidade. Este número não inclui as centenas de pessoas enterradas nos cemitérios clandestinos da capital.
Nem as morgues conseguem aguentar com tanta morte. “São 2:00 da madrugada”, escreveu o jornalista investigador angolano Rafael Marques numa crónica aterrorizadora publicada no seu website, Maka Angola. “À entrada, o trânsito adensa-se. As viaturas fazem fila para entrar. A maioria entra com caixões, outras levam mortos. Em cinco horas, até às 7:13, 235 cadáveres sairão da morgue do Hospital Josina Machel, em Luanda, para serem enterrados. É uma média de saída de um caixão a cada minuto e 20 segundos“.
Há várias razões para este estado de emergência no sistema de saúde nacional. A situação sanitária caótica na capital e a forte crise económica que assola o país são as explicações mais imediatas. Mas há uma razão mais profunda.
Há duas semanas, o semanário Expansão publicou um gráfico interessante: nos últimos três anos, a Casa de Segurança do Presidente da República gasta mais do triplo do que os nove hospitais de Luanda…juntos. Desde o fim da guerra que o Estado angolano não investe mais de 10% do Orçamento Geral do Estado no sector da saúde. Nem no tempo em que o preço do barril de petróleo ultrapassou os $100 houve um investimento de dois dígitos na saúde.
Em vez disso, investiu vários biliões de dólares em material bélico. Angola é o país que mais investe em defesa e segurança na África sub-saariana, e um dos que menos investe em saúde no continente. Desde o fim da guerra, o investimento em defesa e segurança tem quadruplicado. Talvez pensavam que artilharia pesada fosse capaz de curar paludismo e febre amarela. Ou que metralhadoras acabam com a maior taxa de mortalidade infantil no mundo.
Num país pós-guerra, os sectores que mais carecem de investimento são a saúde e a educação. São precisamente estes que foram, e continuam a ser, totalmente negligenciados pelos nossos governantes.
Devido à forte crise económica que se sente em Angola, os principais hospitais do país estão sem materiais básicos. Falo de luvas, seringas, e medicamentos de primeiro socorro. O lixo já faz parte do cartão postal da cidade: está em todo lado, amontoado e nauseabundo. A cidade fede. As doenças propagam-se. Os mosquitos festejam. Nos hospitais, está instalado o caos. A miséria. O sofrimento. O luto. A morte.
Cheira muito a morte.
Há dois fins de semana, noticiou-se que mais de 500 pessoas em Luanda, na sua maioria crianças, foram enterradas nos principais cemitérios da cidade. Este número não inclui as centenas de pessoas enterradas nos cemitérios clandestinos da capital.
Nem as morgues conseguem aguentar com tanta morte. “São 2:00 da madrugada”, escreveu o jornalista investigador angolano Rafael Marques numa crónica aterrorizadora publicada no seu website, Maka Angola. “À entrada, o trânsito adensa-se. As viaturas fazem fila para entrar. A maioria entra com caixões, outras levam mortos. Em cinco horas, até às 7:13, 235 cadáveres sairão da morgue do Hospital Josina Machel, em Luanda, para serem enterrados. É uma média de saída de um caixão a cada minuto e 20 segundos“.
Há várias razões para este estado de emergência no sistema de saúde nacional. A situação sanitária caótica na capital e a forte crise económica que assola o país são as explicações mais imediatas. Mas há uma razão mais profunda.
Há duas semanas, o semanário Expansão publicou um gráfico interessante: nos últimos três anos, a Casa de Segurança do Presidente da República gasta mais do triplo do que os nove hospitais de Luanda…juntos. Desde o fim da guerra que o Estado angolano não investe mais de 10% do Orçamento Geral do Estado no sector da saúde. Nem no tempo em que o preço do barril de petróleo ultrapassou os $100 houve um investimento de dois dígitos na saúde.
Em vez disso, investiu vários biliões de dólares em material bélico. Angola é o país que mais investe em defesa e segurança na África sub-saariana, e um dos que menos investe em saúde no continente. Desde o fim da guerra, o investimento em defesa e segurança tem quadruplicado. Talvez pensavam que artilharia pesada fosse capaz de curar paludismo e febre amarela. Ou que metralhadoras acabam com a maior taxa de mortalidade infantil no mundo.
Num país pós-guerra, os sectores que mais carecem de investimento são a saúde e a educação. São precisamente estes que foram, e continuam a ser, totalmente negligenciados pelos nossos governantes.
Sem comentários:
Enviar um comentário