A Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana apreendeu cerca de 280 quilos de cocaína a bordo de uma embarcação de pesca que se preparava para fazer um transbordo em alto mar e nove pessoas já foram detidas. Segundo avançou hoje à imprensa o diretor da PJ, Patrício Varela, a apreensão aconteceu domingo de manhã a sul da ilha do Fogo, quando um navio de pesca denominado Príncipe III, e que dá nome à operação, vinha do Brasil para fazer o transbordo de droga em águas cabo-verdianas, mas não terá chegado ao local combinado por falta de combustível.
O barco, que tinha quatro cidadãos brasileiros, ficou à deriva em alto mar e um veleiro, com um cabo-verdiano e um russo, saiu da Praia com 450 litros de combustível para o abastecer.
Mas a PJ, que já estava a investigar o caso há vários meses, seguiu as duas embarcações e, juntamente com a Guarda Costeira, conduziu-os ao porto da Praia, onde fizeram as apreensões.
Além da cocaína ainda pura, que estava em 12 sacos grandes com 249 pacotes no total, no navio foram encontrados documentos, grande quantia em dinheiro - escudos cabo-verdiano, euros e dólares - telefones satélites, armas de fogo e munições.
Seis pessoas foram detidas no local - os quatro brasileiros, o cabo-verdiano e o russo -, mas na sequência das investigações a PJ deteve em menos de 24 horas mais três suspeitos entre as cidades da Praia e de Assomada, na ilha de Santiago.
Segundo Patrício Varela, as investigações vão continuar e poderá haver mais detenções no âmbito da operação, em que as duas embarcações também foram apreendidas e estão retidas no porto da Praia.
Os suspeitos serão presentes ainda hoje ao Tribunal.
Esta é a terceira grande apreensão de droga em Cabo Verde nos últimos cinco anos.
A primeira deu origem ao caso "Lancha Voadora", em 2011, com a PJ cabo-verdiana a fazer a maior apreensão de droga de sempre no arquipélago: 1,5 toneladas de cocaína em elevado estado de pureza, que estava armazenada num prédio da Achada de Santo António, na capital do país.
Em junho de 2013, o Tribunal da Comarca da Praia condenou nove dos 15 arguidos a penas de prisão efetiva entre os nove e os 22 anos, dando como provadas as acusações de associação criminosa e lavagem de capitais.
Em novembro de 2014, a polícia cabo-verdiana apreendeu 521 quilogramas de cocaína numa praia da ilha de São Vicente, numa operação denominada "Pérola Negra", em que nove pessoas foram detidas.
Em novembro do ano passado, o Tribunal da Comarca de São Vicente condenou a penas de prisão efetiva de 15 e 16 anos os seis arguidos envolvidos no processo.
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