O grupo Al-Murabitun, dirigido pelo conhecido argelino zarolho Mokhtar Belmokhtar, que reivindicou a autoria do ataque de hoje no Mali, foi fundado em 2013 e apresenta-se como o ramo da Al-Qaeda na África Ocidental.
O Al-Murabitun (Sentinelas) nasceu da fusão do grupo inicial de Belmokhtar, que cindiu com a Al-Qaeda, designado "os que Assinam com Sangue", com o MUJAO (Movimento para a Unidade e a Guerra Santa na África Ocidental), um dos grupos que se apoderou do norte do Mali, no início de 2012.
Num registo áudio divulgado hoje pela rede televisiva Al-Jazeera, baseada no Qatar, o grupo reivindicou o ataque ao hotel Radisson Blu, na capital do Mali, que provocou a morte de 27 pessoas.
"Nós, os Murabitun, com a participação dos nossos irmãos da Al-Qaida do Magrebe Islâmico (AQMI), reivindicamos a operação de tomada de reféns no hotel Radisson hotel", afirma uma voz de homem.
O ministro da Defesa de França, Jean-Yves Le Drian, já admitiu que o grupo está "provavelmente" por detrás do ataque.
Belmokhtar é um antigo líder da AQMI, que por várias vezes foi declarado morto, designadamente em junho último e abril de 2013, mas cuja morte tem sido desmentida.
Um outro dirigente do Al-Murabitun declarava, em registo áudio datado de maio, obediência ao Daesh, mas Belmokhtar rapidamente se demarcou da declaração, contrapondo votos de fidelização ao rival daquele grupo, a Al-Qaeda, no que parece ser uma disputa pelo poder na organização.
A fação de Belmokhtar é responsabilizada pela organização do ataque, em janeiro de 2013, a uma fábrica de gás argelina, no qual foram mortos 40 reféns, na sua maioria ocidentais.
O MUJAO é um dos grupos ligados à Al-Qaida que controlou o norte do Mali durante cerca de um ano, entre a primavera de 2012 e o início de 2013, de onde foram expulsas em grande parte, por forças francesas.
Em 23 de maio de 2013, um duplo ataque suicida provocou 25 mortos, na sua maioria soldados, no norte do Níger. Os ataques foram reivindicados pelo Os que Assinam com Sangue e MUJAO.
Três meses depois os dois grupos anunciaram a sua fusão.
O Al-Murabitun já tinha reivindicado a autoria do primeiro ataque a ocidentais na capital do Mali, em 07 de março, em que foram mortos num clube noturno três malianos, um francês e um belga.
O grupo também tinha reivindicado um ataque suicida em 15 de abril contra um contingente de militares nigerinos numa base da Organização das Nações Unidas no norte do país e outro, em 14 de julho de 2014, na cidade de Gao, também no norte, na qual morreu um soldado francês.
No Burkina Faso, um país poupado por tomadas de reféns e ataques terroristas, o grupo reivindicou em abril o rapto de um romeno que era responsável pela segurança de uma mina.
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