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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Decisão do PR poderá levar G-Bissau ao caos


Em entrevista à Rádio de Cabo Verde (RCV), Domingos Simões Pereira afirmou que o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vai requerer a fiscalização da constitucionalidade da decisão e agir judicialmente contra o Presidente, José Mário Vaz.
"Para não variar, o Presidente voltou a escolher um caminho que pretende levar o país outra vez ao caos e ao abismo. É lamentável, é triste. Eu não tenho prazer nenhum em apresentar o meu país nestes termos, mas é a realidade que nós estamos a viver. Só que nós assumimos que vamos aceitar e vamos resolver essa realidade", prometeu.
Domingos Simões Pereira entendeu que a decisão de José Mário vaz fere a Constituição da República e outras leis, uma vez que o chefe de Estado não ouviu os partidos políticos com assento parlamentar e o Conselho de Estado não foi consultado.
"Lamentamos que o Presidente insista neste caminho e nós, apesar de não concordarmos com elementos invocados para a demissão do Governo, afirmamos sempre que respeitamos a competência que teria para esse efeito e que nunca sairíamos do espaço da legalidade para fazer valer os nossos interesses", sublinhou.
"Mas fica difícil acompanhar o percurso do PR quando, invariavelmente, escolhe mecanismos antidemocráticos, ilegais e que são uma afronta ao PAIGC e à sociedade", prosseguiu.
Domingos Simões Pereira disse que desde a tomada de posse o PR se posicionou como oposição ao seu Governo e tem insistentemente procurado argumentos e elementos para justificar uma crise política no país.
"Mas vamos imputar total responsabilidade ao PR a todo e qualquer impacto político que daqui resulte e vamos responsabilizá-lo política, social e judicialmente por este conjunto de elementos que consubstanciam uma vontade inequívoca de repor o país em situações de dificuldades e de conflito, numa situação de potencial guerra civil", garantiu.
O primeiro-ministro demitido disse que não está derrotado, mas sim "muito triste" por ter acreditado muito no país que se estava a desenvolver, ganhando confiança da sociedade.
"Agora vamos mergulhar numa luta que ninguém sabe os contornos que vai assumir. É verdadeiramente triste e este senhor tem que ser responsabilizado pelo que acaba de fazer ao povo da Guiné-Bissau", insistiu.
Simões Pereira disse que o PAIGC ficou surpreendido com o decreto que nomeou quinta-feira Baciro Djá como novo chefe do Governo, no mesmo dia que se esperava a chegada ao país de uma delegação da CEDEAO, chefiada pelo ex-presidente da Nigéria, Olugun Obasanjo, para propor diálogo entre as estruturas políticas do país para encontrar uma saída para a crise.
Quanto a Baciro Djá, que foi suspenso há 13 dias do PAIGC, Domingos Simões Pereira lembrou que o agora primeiro-ministro não apresentou contas enquanto diretor de campanha do PAIGC às eleições presidenciais e não respondeu aos órgãos do partido.
"(Baciro Djá) é um militante do partido, ativo que nós gostaríamos que pudesse vir a dar um contributo ao partido e ao país, infelizmente entra para a lista daqueles que entram pelo atalho para encontrar vias fáceis de aceder ao poder e fazer usufruto desse poder", lamentou.
Recordou que Baciro Djá conseguiu o despacho de uma juíza que o ilibou de todas as acusações para que o Presidente o pudesse nomear como primeiro-ministro.
"Talvez isso explicará em certa medida a pressa que o PR tinha em fazer a nomeação, o que não permitiu corresponder a todos os requisitos que a Constituição impõe para o efeito", terminou.




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