A rede Jornalista Sem Fronteiras decidiu, por unanimidade dos seus membros, suspender a publicação de Jornalistas Sem Fronteiras. Esta é a notícia que não gostaríamos de dar, mas infelizmente impõe-se devido a circunstâncias que todos concluímos serem, por ora, intransponíveis: insuficiência de meios financeiros.
As despesas de funcionamento, apesar de nenhum dos membros da rede auferir salário, tornaram-se insustentáveis face às receitas, que têm origem apenas nos contributos dos nossos assinantes através das subscrições temporárias. Ora o número de assinantes, tanto portugueses como internacionais não atingiu, longe disso, o volume necessário. Como o nosso princípio de uma informação independente, sem recurso a vias que implicam compromissos de conteúdos, é inegociável, decidimos tomar este caminho.
A informação tem custos, já o escrevemos noutras matérias editoriais que constam do acervo do JSF. A informação independente, verdadeiramente independente, tem custos ainda mais elevados porque implica o respeito pelo princípio incontornável de procurarmos a informação, pelos nossos meios, onde quer que as coisas aconteçam ou se decidam. Assim foi nestes meses em que editámos o JSF: estivemos na Ucrânia que sofre a agressão neofascista em coligação com os agentes do império político e financeiro; vivemos em Gaza sob os bombardeamentos assassinos do exército israelita enquanto ao nosso lado mais de mil pessoas perdiam a vida; assistimos e relatámos o modo como Jean-Claude Juncker assumiu a presidência da Comissão Europeia apesar de um escândalo de fraude fiscal realizado em conluio com as grandes transnacionais e o chamado “arco da governação; desmontámos, com meios que não suscitam dúvidas, a terrível trama em torno do avião da Malaysian Airlines abatido sobre a Ucrânia; sentimos ao vivo o descalabro em que a NATO e os seus parceiros terroristas islâmicos deixaram a Líbia, a Síria, o Egipto, o Iraque; relatámos a ascensão do chamado Estado Islâmico e as cumplicidades que esta internacional terrorista tem com quem diz combatê-la; traçámos o verdadeiro e cru retrato de Obama como agente do Complexo Militar Industrial que continua a governar os Estados Unidos e o mundo; acompanhámos o drama dos mineiros turcos sacrificados à ditadura do lucro e do islamismo turco, revelámos como, ainda mais uma vez, os brasileiros burlaram a ofensiva cada vez mais intensa da direita neoliberal de cariz neofascista que, ao mesmo tempo, não deixa em paz o povo da Venezuela e de outros da América Latina, do mundo inteiro.
Foram oito meses intensos em que percorremos o mundo através dos locais onde as coisas acontecem. Os factos chegaram até vós livres da nefasta acção da propaganda e da neocensura.
Fomos até aos limites dos nossos meios e agora decidimos que não estamos em condições de continuar. Perdemos esta batalha mas não a guerra. A suspensão da publicação do JSF não significa o fim da rede Jornalistas Sem Fronteiras, aberta como sempre a quem deseje reforçá-la dentro dos princípios estabelecidos nos nossos documentos fundadores. Individualmente ou colectivamente, quando tal for possível, continuamos a trabalhar por uma informação verdadeira e independente, imune à propaganda e às pressões de quaisquer poderes.
Até sempre
A rede Jornalistas Sem Fronteiras
12 de Dezembro de 2014
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