Na qualidade de único membro ainda vivo do Conselho Superior da Luta armada que conduziu a independência da Guiné e Cabo Verde, Pedro Pires encontra-se em Bissau a convite da Câmara Municipal para assistir as comemorações dos 56 anos do Massacre de Pindjiguiti, que desencadeou a luta de libertação.
O massacre de Pindjiguiti foi como ficou conhecido o movimento que acabou no assassínio de marinheiros guineenses pela tropa colonial portuguesa, quando reclamavam por melhorias de condições laborais e salariais.
Nesta estada em Bissau, Pedro Pires aproveitou para se encontrar com o presidente guineense, José Mário Vaz e com o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, dirigentes que têm assumido publicamente divergências na condução dos assuntos do Estado.
"Reuni-me separadamente com os dois e a minha mensagem é essa: Há duas coisas que nós não podemos perder: A fé, não no sentido religioso, mas a fé confiança, a fé de que tudo isso irá correr bem, a fé de que podemos ultrapassar todas as dificuldades. Uma outra qualidade que não podemos deixar de ter é a paciência", disse Pedro Pires.
Para o antigo Presidente cabo-verdiano, um dirigente tem que ter sempre a fé e ser paciente de que "tarde ou cedo" irá encontrar as soluções que se lhe fazem frente bem como os mecanismos para resolver "eventuais conflitos" com os demais elementos do Estado.
Questionado sobre se sentiu o "clima de tensão" entre José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira, o antigo dirigente cabo-verdiano disse que não lhe ficaria bem estar a revelar o teor das conversas que manteve com os responsáveis guineenses.
Pedro Pires disse ser seu dever acompanhar a vida política da Guiné-Bissau por ter dado parte da sua vida pela independência pelo que se sente na obrigação de saber o que se passa com o povo guineense.
Disse, contudo, estar na Guiné-Bissau por dever de solidariedade.
O antigo Presidente cabo-verdiano exortou "a nova geração que está no poder" na Guiné-Bissau a tudo fazer para que o país "vire a página, ultrapasse os conflitos" do passado.
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