Vitório Cardoso, o macaense do Conselho Nacional do PSD e assessor da CPLP, que elogia a ditadura de Salazar e a PIDE, e acompanha uma boa parte dos negócios e investimentos entre Portugal e a China.
O macaense do Conselho Nacional do PSD e assessor da CPLP, que elogia a ditadura de Salazar e a PIDE, e acompanha uma boa parte dos negócios e investimentos entre Portugal e a China.
O dia é 17 de dezembro de 2013. Na sede da IPSS Elo Social, nos Olivais, a distrital de Lisboa do PSD e a secção social-democrata de Macau promovem uma iniciativa de solidariedade com 300 pessoas. Além de Passos Coelho, Marco António Costa, dirigentes, deputados, autarcas e militantes, estão empresários macaenses e de Cantão, no Sul da China, que oferecem um cabaz de Natal. Nos discursos, Vitório Cardoso, vice-presidente do PSD/Macau, destaca as relações económicas e comerciais entre Portugal e a China através do antigo território sob administração portuguesa. Fala "do crescente interesse e entusiasmo dos amigos chineses" pelo País e faz fé na "cooperação estratégica" para "a alavancagem económica de Portugal". Há palmas e fotografias de grupo.
Por esta altura, Vitório não ocupa ainda qualquer cargo nos órgãos nacionais do partido. Mas será só uma questão de meses. Em fevereiro, no congresso do Coliseu dos Recreios, é eleito para o Conselho Nacional. Nem o facto de ser suplente diminui o feito histórico dos "laranjinhas" da Região Administrativa Especial da República Popular da China.
É um sinal dos tempos. Em 2010, a candidatura de Passos Coelho à liderança do PSD fora a única a organizar uma sessão em Macau. No ano passado, o primeiro-ministro dirigiu uma mensagem sobre o Novo Ano Lunar chinês à comunidade portuguesa de Macau e aos chineses residentes em Portugal, badalada na imprensa em mandarim. O namoro luso-chinês, dos negócios à diplomacia, inclui a atribuição, pelo Governo, dos "vistos gold", sob investigação da PGR por suspeitas de corrupção em organismos do Estado. Em março, porém, a preocupação de Miguel Bailote, líder do PSD/Macau, era outra: "Temos tido muitos contactos de cidadãos chineses preocupados. Querem saber em que termos podem vir a ter residência em Portugal", afirmou ao Sol. Desde 2012, as autorizações de residência douradas já geraram 543 milhões de euros para o País, a esmagadora maioria relacionada com compra de propriedades por chineses
Entretanto, Vitório não tem faltado às reuniões do Conselho Nacional.
Na última, a 28 de maio, leu uma mensagem de Miguel Bailote com apelos à "glória pelas paragens do Oriente" e referências à "Alma Pátria de Luís de Camões". Companheiros de partido, já habituados aos arroubos patrióticos, notaram então a nova barbicha no rosto juvenil do dirigente de traços orientais. Pela amostra, Vitório cresceu. Mas não se nota apenas no bigode. 'O nosso chinês'
Quem o conhece de Macau, apostaria que ele entraria na política pela porta do CDS e mesmo aí, ironizam, talvez ainda se sentisse à esquerda, dada a sua faceta ultraconservadora. "A perspetiva interesseira deve tê-lo levado a pensar que só no PSD poderia chegar a algum lado", atalha Nuno Lima Bastos, ex-líder dos sociais-democratas macaenses.
Vitório começou pela JSD de Lisboa. "Escolhido pela fundação alemã Konrad Adenauer" para frequentar o curso de formação política destinado a "promissores jovens políticos da JSD", palavras dele, definiu-se "mero executor, zelador e fiel servo das relações internacionais" da Jota.
No interior do Governo, do PSD e da comunidade chinesa, a sua presença ainda não atrai holofotes, mas é crescente. "É o nosso chinês", dizem os que, no partido, o conhecem melhor.
Se o epíteto é injusto para quem nasceu há 36 anos em Macau, fervoroso de orgulho pátrio, já a sua relação com o Império do Meio tem que se lhe diga. Enquanto jornalista da Teledifusão de Macau (TDM), nos anos 90, Vitório "revelou uma profunda antipatia pelos chineses e deliciava-se a ver sites de campos de extermínio japoneses na Manchúria", região anexada pelo Japão à China nos anos prévios à II Guerra Mundial. "Fazia vários comentários xenófobos e foi advertido por isso", confirmou à VISÃO fonte da direção da empresa. No Tribuna de Macau, a paciência de José Rocha Dinis também se esgotou: "Não fazia nada de jeito. Ainda lhe pedi umas entrevistas em Lisboa, mas só falava com amigos dele", esclarece o diretor do jornal, histórico socialista.
Vitório foi estagiário e assessor no ICEP, em Macau e Hong Kong, e no secretariado do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido por "Fórum Macau". Pelo gabinete da secretária-geral adjunta da organização, Rita Santos, passam hoje muitas das burocracias relativas aos milhões de dólares de apoio chinês a Portugal, no âmbito de trocas comerciais e investimento. Em novembro, a China definiu um plano de ação para apoios e financiamentos aos países de língua portuguesa que atingirá 160 mil milhões de dólares até 2016. Os negócios entre a China e Portugal crescem a bom ritmo. E as exportações para Pequim atingem dois dígitos anuais.
Próxima de José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, Rita Santos recebeu a Ordem de Mérito atribuída pela Presidência da República. Cavaco justificou a distinção pelo esforço da comendadora no estreitamento das relações económicas entre Lisboa e Pequim.
As viagens de Rita a Portugal são sempre "ao mais alto nível", refere a imprensa de Macau. Os encontros com governantes, autarquias e associações empresariais têm o dedo ou a presença de Vitório, assessor de comunicação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O cargo dá-lhe acesso a informação sensível e ao secretário executivo da organização, liderada pelo moçambicano Murade Murargy.
Vitório frequentou, ainda, o curso de jovens auditores de Defesa Nacional. Esteve com os paraquedistas em Tancos e andou com os Rangers de Lamego, de camuflado. Numa entrevista, disse ser "coordenador das relações externas e parcerias estratégias" da desconhecida Associação Seaborne Portugal, centrada no pensamento estratégico para os "assuntos do mar".
Com efeito, Vitório parece navegar em águas profundas, mas isso já o jornal macaense Ponto Final notara. Em abril de 2013, assinalava "o à-vontade com que se movimenta em certos gabinetes ministeriais, sobretudo ao nível de secretários de Estado". No Facebook do PSD-Macau, abundam as provas.
Se os governantes Pedro Lomba e José Ferreira Gomes, e o deputado do PSD Mário Magalhães, da Comissão Parlamentar de Amizade Portugal-China, se juntam às celebrações do Ano Novo Lunar, no Casino da Póvoa, lá aparece Vitório, ao lado de Y Ping Chow, da Liga dos Chineses, apoiante da recandidatura de Cavaco a Belém.
Se o secretário de Estado da Administração Local recebe governantes do distrito de Shunde, da província de Cantão, Vitório está na reunião.
Se o ministro da Educação Nuno Crato visita Macau, Vitório surge na fotografia. Se os secretários de Estado das Finanças e das Infraestruturas, Transportes e Comunicações recebem uma delegação do Governo indonésio, Vitório está no grupo. E também se senta à mesa quando Braga de Macedo, da Comissão de Relações Internacionais do PSD, se reúne com a comitiva indonésia que, na ocasião, incluía Luciano Coelho da Silva, cônsul honorário no Porto e administrador do grupo ISA, parceiro da Fomentinvest, onde Passos Coelho foi executivo.
Na Associação Industrial de Portugal (AIP) também o conhecem.
Já lá esteve com Rita Santos, do Fórum Macau, e acompanhou a assinatura de um protocolo com a delegação da Associação para a Promoção do Intercâmbio Económico, Comercial e Cultural entre a China e os Países Lusófonos (APCL), com o objetivo de identificar "oportunidades para as empresas portuguesas" nos mercados orientais. O presidente da APCL é-lhe familiar. Filho de Rita Santos, Frederico Rosário é diretor da TWV, empresa especializada em tecnologia que atua em Macau e Hong Kong. Entre os sócios estão Emílio Albergaria e Rafael Cruz, ambos com participações em firmas imobiliárias portuguesas, às quais se junta um ex-presidente da REFER, José Bramcaamp Sobral (ver organigrama).
A partir da CPLP e dos seminários, encontros e reuniões, Vitório vai tecendo relações políticas e empresariais significativas, dos deputados do PSD Mónica Ferro (Grupo de Amigos de Macau na AR) e Mário Magalhães aos meios diplomáticos portugueses e chineses, área onde se mexe bem, até por dever de ofício. Assessor da CPLP desde 2007, Vitório trabalhou, ainda, entre 2009 e 2010, na representação diplomática de Timor-Leste, como adjunto da embaixadora Natália Carrascalão. Ex-chefe de gabinete de Ramos Horta na Presidência timorense, esta foi deputada do PSD três legislaturas, a última eleita por Santarém, distrito de Miguel Relvas, indicada pela direção do partido.
Enquanto trabalhava na embaixada, Vitório colaborava na "delegação de Lisboa" do semanário alentejano Registo, propriedade de António Veladas, outro ex-assessor de Ramos-Horta. Veladas fazia reportagens para a SIC em Díli, em 2006, quando se "descobriu" que acumulava com a representação do Governo timorense no "Fórum Macau". Foi substituído.
No Registo, trabalhou também Helena Mouro, que já em 2008 publicava entrevistas exclusivas a José Cesário. O jornal Reconquista, de Castelo Branco, aludiu à relação de Helena com Vitório, ambos com raízes familiares em Proença-a-Nova. À VISÃO, fonte familiar apenas desmentiu que fossem casados. Helena é irmã de Carla Mouro, a consultora do Presidente da República que, em janeiro, vestia a minissaia que ofuscou a receção a Cristiano Ronaldo em Belém e fez furor na imprensa e redes sociais.
Há uns anos, a irmã Helena surgiu nas notícias de Macau como diretora-executiva da Mandarim Trading, ligada à comercialização de vinhos de produtores de Alcácer do Sal para o território. A VISÃO não logrou falar com a empresária ou localizar a empresa. Todos os contactos junto da autarquia alentejana, produtores de vinho e fontes do setor em Macau obtiveram a mesma resposta: "Não conhecemos."
O vinho e os produtos regionais não são, de resto, estranhos aos principais dirigentes do PSD/Macau. Miguel Bailote, presidente, tem ligações à Universal Exports, que comercializa os vinhos da Casa Agrícola Alexandre Relvas, para segmentos de luxo na região administrativa. Empresário e ex-dirigente do PSD, Relvas dirigiu a campanha de Cavaco em 2006. A poucos dias da partida para a China, o Presidente agraciou-o com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Industrial.
Vitório também está familiarizado com estes negócios.
Desde há dois anos que o macaense auxilia o município de São João da Pesqueira "na diplomacia económica" para o vasto "mercado da China", confirma o social-democrata José Tulha, presidente da Câmara. Vitório e o vice-presidente José Sobral integraram a recente comitiva de Cavaco à China, tendo as viagens sido pagas pela autarquia. O macaense é, para José Tulha, o exemplo da "dedicação, do sentido de serviço" e "tem vindo a apoiar pro bono e nos seus tempos livres, a abertura de novos mercados", além de "promover o estreitamento de laços e de canais entre as autoridades e o tecido empresarial chinês" com a Pesqueira, na promoção de exportações, investimentos e turismo. Deve ser de família. Veja-se o irmão de Vitório: trabalha na SMC Global Network, com escritórios em Macau e Lisboa, empresa de "facilitadores de negócios", vocacionada para "remover obstáculos" na concretização de investimentos em quase todo o mundo. Noel Cardoso, advogado de formação, tem o pelouro do comércio e investimentos nos países de expressão portuguesa. Mas enquanto o mano trabalha à escala global, Vitório vai ajudando, com o empenho do Fórum Macau, o microcosmos da Pesqueira: as exportações de "Vinho do Porto" para a China cresceram 234% e o preço médio/litro subiu de 8,25 para mais de 28 euros. Nos vinhos de mesa DOP, a subida é de 5,6 por cento. O interesse turístico e nas propriedades da região vêm atrás, mas tudo "requer muito trabalho", pois "não é só chegar e 'abanar a árvore das patacas'", ironiza José Tulha.
O momento de encontro anual é sempre a Vindouro, festa pombalina local.
Em 2012, José Cesário, eleito pelo distrito, andou com Vitório e Rita Santos a mostrar quintas aos potenciais investidores, fiel ao princípio de que "a política tem de acompanhar os negócios". No ano passado, mais de trinta empresários chineses de Macau e da província de Cantão visitaram o concelho. "Conheci Vitório Cardoso em Lisboa e Macau em reuniões partidárias", disse Cesário à VISÃO. O governante admite uma relação de dez anos com Miguel Bailote - que não respondeu ao nosso contacto -, mas ignora as relações e o empenho de Vitório nas pontes comerciais e de negócios entre Portugal e a China. "Desconheço a sua atividade nessa área." O 'caso' do Fórum Macau
Recuemos, então, a 26 de março do ano passado. João Francisco Pinto, diretor da TDM e presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau, dirige-se à Presidência do Conselho de Ministros para um encontro com Miguel Relvas, a poucos dias de o governante se demitir do Governo, na sequência do "caso Lusófona".
Na receção, João tem à sua espera Vitório, sem que tal estivesse combinado. Sobem ambos ao gabinete de Relvas. Durante o encontro, Vitório permanece ao lado de João. É só no final que o governante, em tom humorado, se dirige ao dirigente do PSD/Macau. "Então você já foi nomeado, ó Vitório? Veja lá isso que eu falo com o Portas. A gente tem de resolver isso...", terá atirado Relvas. Na sala está também um assessor.
Contactado pela VISÃO, João Francisco Pinto não nega o episódio, mas recusa prestar declarações. Relvas, por seu lado, resume o relacionamento com Vitório a um encontro concedido enquanto ministro-adjunto, a pedido de José Cesário, no qual participaram Rita Santos e Pereira Coutinho (deputado na assembleia legislativa de Macau). O resto são apenas "contactos de cordialidade, nas reuniões do Conselho Nacional do PSD", garante, desmentindo ter abordado com Portas as nomeações de âmbito diplomático.
Mas, afinal, qual era o assunto? A notícia surge com estrondo na Lusa, dias depois: citando "fontes governamentais", a agência garantia que o Ministério dos Negócios Estrangeiros iria nomear Vitório Cardoso para o cargo de representante do Governo português no "Fórum Macau".
Na região, gerou-se um clima de indignação.
Os jornais publicam artigos pouco abonatórios para Vitório, recordando as suas ligações e opiniões de extrema-direita e falta de qualificações para o cargo. Regressam histórias antigas, comenta-se nas redações e meios diplomáticos o seu luto na noite da devolução de Macau à soberania chinesa, em dezembro de 1999. É público: ele frequenta os meios ultraconservadores de Macau, admira os protagonistas, todos ex-colaboradores de Spínola na Guiné e em Portugal, que o acolhem. À cabeça, Jorge Rangel, antigo comandante de falange da Mocidade Portuguesa, ex-membro do Governo de Rocha Vieira, na administração portuguesa do território, e diretor do Instituto Internacional de Macau, amiúde requisitado pelo PSD nacional para debates e conferências. Também José Amaral, da Associação de Comandos, vice daquele organismo. E ainda o monárquico Luís Oliveira Dias, companheiro de Spínola no exílio, desmascarado pelo jornalista alemão Gunter Wallraff em pleno PREC, quando o general do monóculo e os bombistas do MDLP preparavam um golpe de direita em Portugal.
As ideias do putativo nomeado eram conhecidas. Estão, aliás, na blogosfera. Exemplos? Para Vitório, Aristides Sousa Mendes, o cônsul que "alegadamente ajudou a salvar vidas judias durante a II Guerra Mundial, pôs em risco a vida de todos os portugueses". O 25 de Abril de 1974 foi, "em Macau, um dia de luto, pois significou a derrota de Civilização pelo Comunismo". Vitório chegara mesmo a indignar-se com a detenção de elementos de organizações fascistas e neonazis em Portugal, em 2007, para ele "reflexo da formatação cultural dada pelo ensino de esquerda". O português nascido em Macau acredita na trilogia "Deus, Pátria e Família", sente-se repugnado pelos "valores libertinos e perversos da revolução francesa e de laivos marxistas". Era frequente lê-lo a terçar armas contra o "Terrorismo Anarco-Piolhoso e Extrema-Esquerdista com cobertura Socialista" e os "capitães abrilinos". "Conservador-reformista e tradicionalista", acredita que, no PSD, as novas gerações irão "limpar o Partido e por Deus, por Portugal e pelo Povo e Famílias Portuguesas", rezando e governando "a bem da Nação". Um dia, Daniel Oliveira, no Blasfémias, deu-lhe troco: "Julguei que estava a ver a RTP Memória mas ainda antes de haver RTP. Você toma banho em formol?", questionou.
Vitório fechou, entretanto, o seu blogue Portas do Cerco e atribuiu alguns comentários a um "clone" com intenção de denegrir e difamar. Poucos acreditaram. No livro Crónicas Portuguesas, editado em 2009 em Coruche, Vitório elogiara, de resto, o fascismo espanhol de Franco e considerara a instauração da ditadura militar em Portugal o momento em que o País "pôde encontrar estabilidade e sobretudo paz em tempo de guerras generalizadas". Sobre a PIDE, é taxativo: "Teve um papel fundamental para combater os atos subversivos da oposição política", em defesa da "unidade, liberdade e soberania nacionais". O mal estava feito. Dito e escrito.
"O Vitório é simpático e prestável, mas é um fura-bolos, incapaz de vender um salpicão. A uns dá-lhe para Napoleão, a outros para a extrema-direita", ironiza José Rocha Dinis, diretor do Tribuna, que confirma ter sofrido pressões para mudar a opinião sobre a eventual nomeação de Vitório e abordado o caso com o secretário de Estado das Comunidades.
Afinal, quem se teria lembrado de Vitório para um cargo onde os representantes de vários países têm estatuto de embaixadores? Segundo Nuno Lima Bastos, ex-dirigente do PSD/Macau, "a ideia só pode ter partido do José Cesário, que sempre gostou de ter pajens à volta". Reduzir os objetivos do PSD/Macau "aos interesses particulares do deputado José Cesário é pouco, muito pouco", indignara-se, já em 2011, nas páginas do Hoje Macau, o social-democrata politólogo Arnaldo Gonçalves. Desde que tomou posse, o secretário de Estado já se deslocou cinco vezes a Macau, contando com a última, esta semana, para o 10 de junho. Segundo as fontes da VISÃO em Macau, Cesário terá sido confrontado por responsáveis da imprensa portuguesa com o escândalo da possível escolha de Vitório para o Fórum Macau. "É apenas uma hipótese", terá admitido, sob pressão, atribuindo as investidas a Rita Santos, "que pede muito". A própria não respondeu aos emails da VISÃO. Cesário desmente interferências no processo.
Epílogo: o nome de Vitório cairia. O MNE, então ainda liderado por Portas, lavou as suas mãos. Vítor Sereno, diplomata de carreira, cônsul-geral de Macau e ex-chefe de gabinete de Miguel Relvas, ocupa hoje o lugar que, por semanas, "foi" de Vitório. A notícia da LUSA, essa, nunca foi desmentida.
Vitório recebeu um extenso questionário da VISÃO destinado a esclarecer matérias constantes deste artigo, entre as quais algumas ligadas ao percurso profissional extra CPLP e a eventuais diligências relacionadas com negócios destinados à atribuição de vistos dourados a chineses. "Não alimento a curiosidade jornalística nem especulações sobre a minha pessoa ou atividades", reagiu, ao telemóvel. "Sou um orgulhoso cidadão português nascido em Macau e em tudo o que faço defendo a minha Pátria". Disse.
Por esta altura, Vitório não ocupa ainda qualquer cargo nos órgãos nacionais do partido. Mas será só uma questão de meses. Em fevereiro, no congresso do Coliseu dos Recreios, é eleito para o Conselho Nacional. Nem o facto de ser suplente diminui o feito histórico dos "laranjinhas" da Região Administrativa Especial da República Popular da China.
É um sinal dos tempos. Em 2010, a candidatura de Passos Coelho à liderança do PSD fora a única a organizar uma sessão em Macau. No ano passado, o primeiro-ministro dirigiu uma mensagem sobre o Novo Ano Lunar chinês à comunidade portuguesa de Macau e aos chineses residentes em Portugal, badalada na imprensa em mandarim. O namoro luso-chinês, dos negócios à diplomacia, inclui a atribuição, pelo Governo, dos "vistos gold", sob investigação da PGR por suspeitas de corrupção em organismos do Estado. Em março, porém, a preocupação de Miguel Bailote, líder do PSD/Macau, era outra: "Temos tido muitos contactos de cidadãos chineses preocupados. Querem saber em que termos podem vir a ter residência em Portugal", afirmou ao Sol. Desde 2012, as autorizações de residência douradas já geraram 543 milhões de euros para o País, a esmagadora maioria relacionada com compra de propriedades por chineses
Entretanto, Vitório não tem faltado às reuniões do Conselho Nacional.
Na última, a 28 de maio, leu uma mensagem de Miguel Bailote com apelos à "glória pelas paragens do Oriente" e referências à "Alma Pátria de Luís de Camões". Companheiros de partido, já habituados aos arroubos patrióticos, notaram então a nova barbicha no rosto juvenil do dirigente de traços orientais. Pela amostra, Vitório cresceu. Mas não se nota apenas no bigode. 'O nosso chinês'
Quem o conhece de Macau, apostaria que ele entraria na política pela porta do CDS e mesmo aí, ironizam, talvez ainda se sentisse à esquerda, dada a sua faceta ultraconservadora. "A perspetiva interesseira deve tê-lo levado a pensar que só no PSD poderia chegar a algum lado", atalha Nuno Lima Bastos, ex-líder dos sociais-democratas macaenses.
Vitório começou pela JSD de Lisboa. "Escolhido pela fundação alemã Konrad Adenauer" para frequentar o curso de formação política destinado a "promissores jovens políticos da JSD", palavras dele, definiu-se "mero executor, zelador e fiel servo das relações internacionais" da Jota.
No interior do Governo, do PSD e da comunidade chinesa, a sua presença ainda não atrai holofotes, mas é crescente. "É o nosso chinês", dizem os que, no partido, o conhecem melhor.
Se o epíteto é injusto para quem nasceu há 36 anos em Macau, fervoroso de orgulho pátrio, já a sua relação com o Império do Meio tem que se lhe diga. Enquanto jornalista da Teledifusão de Macau (TDM), nos anos 90, Vitório "revelou uma profunda antipatia pelos chineses e deliciava-se a ver sites de campos de extermínio japoneses na Manchúria", região anexada pelo Japão à China nos anos prévios à II Guerra Mundial. "Fazia vários comentários xenófobos e foi advertido por isso", confirmou à VISÃO fonte da direção da empresa. No Tribuna de Macau, a paciência de José Rocha Dinis também se esgotou: "Não fazia nada de jeito. Ainda lhe pedi umas entrevistas em Lisboa, mas só falava com amigos dele", esclarece o diretor do jornal, histórico socialista.
Vitório foi estagiário e assessor no ICEP, em Macau e Hong Kong, e no secretariado do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, mais conhecido por "Fórum Macau". Pelo gabinete da secretária-geral adjunta da organização, Rita Santos, passam hoje muitas das burocracias relativas aos milhões de dólares de apoio chinês a Portugal, no âmbito de trocas comerciais e investimento. Em novembro, a China definiu um plano de ação para apoios e financiamentos aos países de língua portuguesa que atingirá 160 mil milhões de dólares até 2016. Os negócios entre a China e Portugal crescem a bom ritmo. E as exportações para Pequim atingem dois dígitos anuais.
Próxima de José Cesário, secretário de Estado das Comunidades, Rita Santos recebeu a Ordem de Mérito atribuída pela Presidência da República. Cavaco justificou a distinção pelo esforço da comendadora no estreitamento das relações económicas entre Lisboa e Pequim.
As viagens de Rita a Portugal são sempre "ao mais alto nível", refere a imprensa de Macau. Os encontros com governantes, autarquias e associações empresariais têm o dedo ou a presença de Vitório, assessor de comunicação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O cargo dá-lhe acesso a informação sensível e ao secretário executivo da organização, liderada pelo moçambicano Murade Murargy.
Vitório frequentou, ainda, o curso de jovens auditores de Defesa Nacional. Esteve com os paraquedistas em Tancos e andou com os Rangers de Lamego, de camuflado. Numa entrevista, disse ser "coordenador das relações externas e parcerias estratégias" da desconhecida Associação Seaborne Portugal, centrada no pensamento estratégico para os "assuntos do mar".
Com efeito, Vitório parece navegar em águas profundas, mas isso já o jornal macaense Ponto Final notara. Em abril de 2013, assinalava "o à-vontade com que se movimenta em certos gabinetes ministeriais, sobretudo ao nível de secretários de Estado". No Facebook do PSD-Macau, abundam as provas.
Se os governantes Pedro Lomba e José Ferreira Gomes, e o deputado do PSD Mário Magalhães, da Comissão Parlamentar de Amizade Portugal-China, se juntam às celebrações do Ano Novo Lunar, no Casino da Póvoa, lá aparece Vitório, ao lado de Y Ping Chow, da Liga dos Chineses, apoiante da recandidatura de Cavaco a Belém.
Se o secretário de Estado da Administração Local recebe governantes do distrito de Shunde, da província de Cantão, Vitório está na reunião.
Se o ministro da Educação Nuno Crato visita Macau, Vitório surge na fotografia. Se os secretários de Estado das Finanças e das Infraestruturas, Transportes e Comunicações recebem uma delegação do Governo indonésio, Vitório está no grupo. E também se senta à mesa quando Braga de Macedo, da Comissão de Relações Internacionais do PSD, se reúne com a comitiva indonésia que, na ocasião, incluía Luciano Coelho da Silva, cônsul honorário no Porto e administrador do grupo ISA, parceiro da Fomentinvest, onde Passos Coelho foi executivo.
Na Associação Industrial de Portugal (AIP) também o conhecem.
Já lá esteve com Rita Santos, do Fórum Macau, e acompanhou a assinatura de um protocolo com a delegação da Associação para a Promoção do Intercâmbio Económico, Comercial e Cultural entre a China e os Países Lusófonos (APCL), com o objetivo de identificar "oportunidades para as empresas portuguesas" nos mercados orientais. O presidente da APCL é-lhe familiar. Filho de Rita Santos, Frederico Rosário é diretor da TWV, empresa especializada em tecnologia que atua em Macau e Hong Kong. Entre os sócios estão Emílio Albergaria e Rafael Cruz, ambos com participações em firmas imobiliárias portuguesas, às quais se junta um ex-presidente da REFER, José Bramcaamp Sobral (ver organigrama).
A partir da CPLP e dos seminários, encontros e reuniões, Vitório vai tecendo relações políticas e empresariais significativas, dos deputados do PSD Mónica Ferro (Grupo de Amigos de Macau na AR) e Mário Magalhães aos meios diplomáticos portugueses e chineses, área onde se mexe bem, até por dever de ofício. Assessor da CPLP desde 2007, Vitório trabalhou, ainda, entre 2009 e 2010, na representação diplomática de Timor-Leste, como adjunto da embaixadora Natália Carrascalão. Ex-chefe de gabinete de Ramos Horta na Presidência timorense, esta foi deputada do PSD três legislaturas, a última eleita por Santarém, distrito de Miguel Relvas, indicada pela direção do partido.
Enquanto trabalhava na embaixada, Vitório colaborava na "delegação de Lisboa" do semanário alentejano Registo, propriedade de António Veladas, outro ex-assessor de Ramos-Horta. Veladas fazia reportagens para a SIC em Díli, em 2006, quando se "descobriu" que acumulava com a representação do Governo timorense no "Fórum Macau". Foi substituído.
No Registo, trabalhou também Helena Mouro, que já em 2008 publicava entrevistas exclusivas a José Cesário. O jornal Reconquista, de Castelo Branco, aludiu à relação de Helena com Vitório, ambos com raízes familiares em Proença-a-Nova. À VISÃO, fonte familiar apenas desmentiu que fossem casados. Helena é irmã de Carla Mouro, a consultora do Presidente da República que, em janeiro, vestia a minissaia que ofuscou a receção a Cristiano Ronaldo em Belém e fez furor na imprensa e redes sociais.
Há uns anos, a irmã Helena surgiu nas notícias de Macau como diretora-executiva da Mandarim Trading, ligada à comercialização de vinhos de produtores de Alcácer do Sal para o território. A VISÃO não logrou falar com a empresária ou localizar a empresa. Todos os contactos junto da autarquia alentejana, produtores de vinho e fontes do setor em Macau obtiveram a mesma resposta: "Não conhecemos."
O vinho e os produtos regionais não são, de resto, estranhos aos principais dirigentes do PSD/Macau. Miguel Bailote, presidente, tem ligações à Universal Exports, que comercializa os vinhos da Casa Agrícola Alexandre Relvas, para segmentos de luxo na região administrativa. Empresário e ex-dirigente do PSD, Relvas dirigiu a campanha de Cavaco em 2006. A poucos dias da partida para a China, o Presidente agraciou-o com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Industrial.
Vitório também está familiarizado com estes negócios.
Desde há dois anos que o macaense auxilia o município de São João da Pesqueira "na diplomacia económica" para o vasto "mercado da China", confirma o social-democrata José Tulha, presidente da Câmara. Vitório e o vice-presidente José Sobral integraram a recente comitiva de Cavaco à China, tendo as viagens sido pagas pela autarquia. O macaense é, para José Tulha, o exemplo da "dedicação, do sentido de serviço" e "tem vindo a apoiar pro bono e nos seus tempos livres, a abertura de novos mercados", além de "promover o estreitamento de laços e de canais entre as autoridades e o tecido empresarial chinês" com a Pesqueira, na promoção de exportações, investimentos e turismo. Deve ser de família. Veja-se o irmão de Vitório: trabalha na SMC Global Network, com escritórios em Macau e Lisboa, empresa de "facilitadores de negócios", vocacionada para "remover obstáculos" na concretização de investimentos em quase todo o mundo. Noel Cardoso, advogado de formação, tem o pelouro do comércio e investimentos nos países de expressão portuguesa. Mas enquanto o mano trabalha à escala global, Vitório vai ajudando, com o empenho do Fórum Macau, o microcosmos da Pesqueira: as exportações de "Vinho do Porto" para a China cresceram 234% e o preço médio/litro subiu de 8,25 para mais de 28 euros. Nos vinhos de mesa DOP, a subida é de 5,6 por cento. O interesse turístico e nas propriedades da região vêm atrás, mas tudo "requer muito trabalho", pois "não é só chegar e 'abanar a árvore das patacas'", ironiza José Tulha.
O momento de encontro anual é sempre a Vindouro, festa pombalina local.
Em 2012, José Cesário, eleito pelo distrito, andou com Vitório e Rita Santos a mostrar quintas aos potenciais investidores, fiel ao princípio de que "a política tem de acompanhar os negócios". No ano passado, mais de trinta empresários chineses de Macau e da província de Cantão visitaram o concelho. "Conheci Vitório Cardoso em Lisboa e Macau em reuniões partidárias", disse Cesário à VISÃO. O governante admite uma relação de dez anos com Miguel Bailote - que não respondeu ao nosso contacto -, mas ignora as relações e o empenho de Vitório nas pontes comerciais e de negócios entre Portugal e a China. "Desconheço a sua atividade nessa área." O 'caso' do Fórum Macau
Recuemos, então, a 26 de março do ano passado. João Francisco Pinto, diretor da TDM e presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau, dirige-se à Presidência do Conselho de Ministros para um encontro com Miguel Relvas, a poucos dias de o governante se demitir do Governo, na sequência do "caso Lusófona".
Na receção, João tem à sua espera Vitório, sem que tal estivesse combinado. Sobem ambos ao gabinete de Relvas. Durante o encontro, Vitório permanece ao lado de João. É só no final que o governante, em tom humorado, se dirige ao dirigente do PSD/Macau. "Então você já foi nomeado, ó Vitório? Veja lá isso que eu falo com o Portas. A gente tem de resolver isso...", terá atirado Relvas. Na sala está também um assessor.
Contactado pela VISÃO, João Francisco Pinto não nega o episódio, mas recusa prestar declarações. Relvas, por seu lado, resume o relacionamento com Vitório a um encontro concedido enquanto ministro-adjunto, a pedido de José Cesário, no qual participaram Rita Santos e Pereira Coutinho (deputado na assembleia legislativa de Macau). O resto são apenas "contactos de cordialidade, nas reuniões do Conselho Nacional do PSD", garante, desmentindo ter abordado com Portas as nomeações de âmbito diplomático.
Mas, afinal, qual era o assunto? A notícia surge com estrondo na Lusa, dias depois: citando "fontes governamentais", a agência garantia que o Ministério dos Negócios Estrangeiros iria nomear Vitório Cardoso para o cargo de representante do Governo português no "Fórum Macau".
Na região, gerou-se um clima de indignação.
Os jornais publicam artigos pouco abonatórios para Vitório, recordando as suas ligações e opiniões de extrema-direita e falta de qualificações para o cargo. Regressam histórias antigas, comenta-se nas redações e meios diplomáticos o seu luto na noite da devolução de Macau à soberania chinesa, em dezembro de 1999. É público: ele frequenta os meios ultraconservadores de Macau, admira os protagonistas, todos ex-colaboradores de Spínola na Guiné e em Portugal, que o acolhem. À cabeça, Jorge Rangel, antigo comandante de falange da Mocidade Portuguesa, ex-membro do Governo de Rocha Vieira, na administração portuguesa do território, e diretor do Instituto Internacional de Macau, amiúde requisitado pelo PSD nacional para debates e conferências. Também José Amaral, da Associação de Comandos, vice daquele organismo. E ainda o monárquico Luís Oliveira Dias, companheiro de Spínola no exílio, desmascarado pelo jornalista alemão Gunter Wallraff em pleno PREC, quando o general do monóculo e os bombistas do MDLP preparavam um golpe de direita em Portugal.
As ideias do putativo nomeado eram conhecidas. Estão, aliás, na blogosfera. Exemplos? Para Vitório, Aristides Sousa Mendes, o cônsul que "alegadamente ajudou a salvar vidas judias durante a II Guerra Mundial, pôs em risco a vida de todos os portugueses". O 25 de Abril de 1974 foi, "em Macau, um dia de luto, pois significou a derrota de Civilização pelo Comunismo". Vitório chegara mesmo a indignar-se com a detenção de elementos de organizações fascistas e neonazis em Portugal, em 2007, para ele "reflexo da formatação cultural dada pelo ensino de esquerda". O português nascido em Macau acredita na trilogia "Deus, Pátria e Família", sente-se repugnado pelos "valores libertinos e perversos da revolução francesa e de laivos marxistas". Era frequente lê-lo a terçar armas contra o "Terrorismo Anarco-Piolhoso e Extrema-Esquerdista com cobertura Socialista" e os "capitães abrilinos". "Conservador-reformista e tradicionalista", acredita que, no PSD, as novas gerações irão "limpar o Partido e por Deus, por Portugal e pelo Povo e Famílias Portuguesas", rezando e governando "a bem da Nação". Um dia, Daniel Oliveira, no Blasfémias, deu-lhe troco: "Julguei que estava a ver a RTP Memória mas ainda antes de haver RTP. Você toma banho em formol?", questionou.
Vitório fechou, entretanto, o seu blogue Portas do Cerco e atribuiu alguns comentários a um "clone" com intenção de denegrir e difamar. Poucos acreditaram. No livro Crónicas Portuguesas, editado em 2009 em Coruche, Vitório elogiara, de resto, o fascismo espanhol de Franco e considerara a instauração da ditadura militar em Portugal o momento em que o País "pôde encontrar estabilidade e sobretudo paz em tempo de guerras generalizadas". Sobre a PIDE, é taxativo: "Teve um papel fundamental para combater os atos subversivos da oposição política", em defesa da "unidade, liberdade e soberania nacionais". O mal estava feito. Dito e escrito.
"O Vitório é simpático e prestável, mas é um fura-bolos, incapaz de vender um salpicão. A uns dá-lhe para Napoleão, a outros para a extrema-direita", ironiza José Rocha Dinis, diretor do Tribuna, que confirma ter sofrido pressões para mudar a opinião sobre a eventual nomeação de Vitório e abordado o caso com o secretário de Estado das Comunidades.
Afinal, quem se teria lembrado de Vitório para um cargo onde os representantes de vários países têm estatuto de embaixadores? Segundo Nuno Lima Bastos, ex-dirigente do PSD/Macau, "a ideia só pode ter partido do José Cesário, que sempre gostou de ter pajens à volta". Reduzir os objetivos do PSD/Macau "aos interesses particulares do deputado José Cesário é pouco, muito pouco", indignara-se, já em 2011, nas páginas do Hoje Macau, o social-democrata politólogo Arnaldo Gonçalves. Desde que tomou posse, o secretário de Estado já se deslocou cinco vezes a Macau, contando com a última, esta semana, para o 10 de junho. Segundo as fontes da VISÃO em Macau, Cesário terá sido confrontado por responsáveis da imprensa portuguesa com o escândalo da possível escolha de Vitório para o Fórum Macau. "É apenas uma hipótese", terá admitido, sob pressão, atribuindo as investidas a Rita Santos, "que pede muito". A própria não respondeu aos emails da VISÃO. Cesário desmente interferências no processo.
Epílogo: o nome de Vitório cairia. O MNE, então ainda liderado por Portas, lavou as suas mãos. Vítor Sereno, diplomata de carreira, cônsul-geral de Macau e ex-chefe de gabinete de Miguel Relvas, ocupa hoje o lugar que, por semanas, "foi" de Vitório. A notícia da LUSA, essa, nunca foi desmentida.
Vitório recebeu um extenso questionário da VISÃO destinado a esclarecer matérias constantes deste artigo, entre as quais algumas ligadas ao percurso profissional extra CPLP e a eventuais diligências relacionadas com negócios destinados à atribuição de vistos dourados a chineses. "Não alimento a curiosidade jornalística nem especulações sobre a minha pessoa ou atividades", reagiu, ao telemóvel. "Sou um orgulhoso cidadão português nascido em Macau e em tudo o que faço defendo a minha Pátria". Disse.
Sem comentários:
Enviar um comentário