Paulo Ferreira, presidente da Quercus Cabo Verde, disse à agência Lusa que a associação surgiu da iniciativa de um grupo de cidadãos cabo-verdianos preocupados com as questões da preservação do ambiente que encontraram na Quercus de Portugal a melhor parceria "para um casamento feliz".
"Emprestaram-nos o nome, ficamos agradados com isso porque a Quercus é uma marca não só em Portugal, mas também em Cabo Verde. A defesa do ambiente é transversal a toda a população mundial e Cabo Verde não podia ficar de fora", disse Paulo Ferreira.
A Quercus Cabo Verde é uma associação independente, apartidária, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, e que tem como principais objectivos despertar a consciencialização ambiental, promover ações para a redução de resíduos, identificar as ameaças para a natureza e o ambiente.
A conservação das praias, muitas das quais degradadas pela extração de areia e pela poluição, e a gestão do uso dos solos para a agricultura são alguns das áreas identificadas pelo presidente da Quercus Cabo Verde como de intervenção prioritária para associação.
A associação, que estará numa primeira fase centrada na ilha de Santiago, mas é de âmbito nacional, pretende também ser "mais um parceiro e uma voz ativa" em matéria de preservação da fauna e da flora do país.
A associação irá ainda disponibilizar formações em questões ambientais para grupos específicos da população como políticos, autarcas ou jornalistas.
João Branco, presidente da Quercus - ANCN, Associação de Defesa do Ambiente em Portugal, apontou a oportunidade de internacionalização que Cabo Verde proporcionou à organização portuguesa.
"Já há algum tempo que estávamos a pensar na internacionalização principalmente para junto de países de expressão portuguesa e houve uma conjugação de factores", disse João Branco, sublinhando que essa tentativa de internacionalização tinha já sido tentada em outros países, mas falhou por falta de parceiros locais.
O apoio da Quercus Portugal à nova associação traduziu-se na capacitação dos dirigentes nas diversas áreas ambientais, apoio que irá prosseguir no futuro com a realização de várias acções em Cabo Verde.
A primeira actividade, que está já em preparação, deverá ser sobre amianto, um material presente em vários edifícios em Cabo Verde, nomeadamente em escolas.
"É preciso sensibilizar porque é um problema para a saúde pública", disse.
As energias renováveis e a eficiência energética serão uma das principais áreas de colaboração entre as duas organizações, segundo João Branco, que considera que Cabo Verde "tem óptimas condições" para a instalação de energias renováveis.
João Branco disse ainda que através da Quercus Portugal, a Quercus Cabo Verde poderá marcar presença em associações internacionais como na Global Forest Cohalition ou a Climat Action Network.
"Sentíamos que nessas organizações havia muita falta de intervenção dos países africanos", disse.
Questionado pela agência Lusa sobre o maior desafio ambiental, João Branco sublinhou que não apenas para Cabo Verde, mas para todo o mundo o maior desafio passa pela educação e consciencialização ambiental.
Defende, por isso, a necessidade de tornar acessível e compreensível para as populações, a linguagem sobre questões ambientais.
João Branco, que visita pela primeira vez Cabo Verde, será um dos oradores durante a apresentação pública da Quercus Cabo Verde e fará uma intervenção sobre os 30 anos da organização portuguesa.
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