Hoje publicado na revista científica The Lancet e apresentado num evento nas Nações Unidas, em Nova Iorque, o estudo é o primeiro a avaliar o desempenho dos países nas metas relativas à Saúde inscritas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A principal conclusão é que o mundo registou progressos na saúde desde
2000, nomeadamente na mortalidade infantil e neonatal ou na cobertura
universal dos cuidados de saúde, mas alguns indicadores até pioraram,
como a obesidade infantil, a violência doméstica ou o alcoolismo.
Na sua investigação, os cientistas liderados por Stephen Lim, do
Instituto para a Métrica e a Avaliação da Saúde na Universidade de
Washington, em Seattle, EUA, usaram dados do estudo sobre o Peso Global
da Doença para avaliarem o desempenho de 188 países em 33 dos 47
indicadores relativos à saúde nos ODS, classificando-os num índice que
vai de zero (o pior) a 100 (o melhor).
O progresso dos países no índice é muito heterogéneo, com alguns países a
melhorarem mais de 15 pontos entre 2000 e 2015 e outros a registarem
quedas de dois pontos no mesmo período.
Desde 2000, o maior progresso absoluto no índice dos ODS relativos à
Saúde ocorreu em Timor-Leste, país que registou uma melhoria de 18,5
pontos no índice, seguido do Butão (16,2) e da Colômbia (15,6).
No extremo oposto estão a Líbia e a Síria (com menos dois pontos) e o Chile (-1).
Os autores do estudo atribuem o progresso no desempenho de Timor-Leste
em sete das metas estudadas: intervenções que visam a cobertura
universal dos cuidados de saúde, presença de profissionais qualificados
durante o parto, acesso a contraceção moderna, mortalidade infantil e
neonatal, baixa estatura das crianças, acesso a água e saneamento e
mortalidade devido a guerra e conflitos.
Como exemplo, os investigadores recordam que, depois de um período de
violência e conflito nos anos 1990, Timor-Leste aplicou entre 2000 e
2001, em colaboração com o Banco Mundial e outros parceiros para o
desenvolvimento, uma série de medidas de reabilitação do setor da saúde
com o objetivo de restabelecer o sistema de saúde do país e melhorar o
acesso dos pobres à saúde.
Mais recentemente, lembram ainda, a reforma e o financiamento do serviço
de saúde têm estado no topo das agendas governamentais, nomeadamente no
lançamento, pelo Ministério da Saúde em 2007, de um Pacote de Serviços
Básicos de Saúde e um Pacote de Serviços Hospitalares.
Os progressos a nível geral ocorreram apesar de retrocessos em metas
como o excesso de peso infantil, a prevalência do tabagismo e o consumo
de álcool em Timor-Leste desde 2000.
A nível mundial, os países que mais ganhos registaram entre 2000 e 2015
foram os da Ásia oriental, central e sudeste asiático, assim como partes
da América Latina (Venezuela e Honduras).
Vários países da África subsaariana também registaram ganhos
consideráveis, incluindo Angola, que obteve mais 11 pontos no índice,
sobretudo devido ao fim da guerra civil, em 2002, mas também à redução
da taxa de baixa estatura infantil, às medidas que visam a cobertura
universal de saúde e ao aumento da presença de profissionais
qualificados no parto.
A Guiné Equatorial também melhorou 11 pontos, sobretudo devido ao acesso
aos cuidados de saúde e apesar de retrocessos na obesidade infantil.
Cabo Verde registou um aumento de 10 pontos entre 2000 e 2015, sobretudo
devido à redução da malária, ao aumento da cobertura dos serviços de
saúde e às melhorias no saneamento.
São Tomé e Príncipe e Moçambique subiram nove pontos entre 2000 e 2015, Portugal oito, Brasil sete, Guiné-Bissau cinco.
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