8/2013 - DIPLOMACIA ESTRUTURADA NA EXPERIÊNCIA DA LUTA DOS POVOS

Exemplo de bondade e humanidade do actual Representante Especial do Secretário Geral das NU na Guiné-Bissau, o antigo Presidente timorense e prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta.

Conheci-o pessoalmente a uns meses atrás quando o convidei a assistir a final de um torneio de futebol sub17 na Guiné-Bissau. Embora tivesse muito pouca esperança que aparecesse, não só foi, como deu uma lição de humildade a todos os que tiveram a honra de se ter privado com ele. Por exemplo, num determinado momento da cerimónia, durante o intervalo, num salão reservado para convidados, onde tínhamos um pequeno cocktail com frutos secos e bebidas, pegou no prato e servia às pessoas! Um verdadeiro Senhor.

Após o jogo informou-me do interesse em saber mais sobre o projecto de formação, a Academia Fidjus di Bideras e a vontade de visitar as bideras ( pequenas vendedoras da Guiné). Trocamos os contactos e dias depois ligou e, mais do que uma vez, fomos visitar as mulheres no mercado. Apesar da precariedade a nível de higiene e saúde dos mercados sempre esteve muito à vontade, falou com as mulheres, pagou um pouco de tudo a quem fazia compras, desde chinelos a quem andava descalço, arroz, fruta, peixe, etc.. deu beijinhos, abraços e, destaco este pormenor, provou as iguarias que as mulheres vendia, com nota bastante positiva para doce de amendoim.

No final duma das visitas, e a pedido das bideras, prometeu ajudar-lhes a melhorarem as suas condições de trabalho e de vida. Elas pediram que lhes ajudasse a disponibilização duma linha de crédito para o incremento das suas actividades. Respondeu positivamente e a Academia Fidjus di Bideras está a trabalhar na sua concretização.

Entretanto, o que levou a escrever para pedir o vosso melhor enquadramento e divulgação começa aqui.
Tive conhecimento, através de uma pessoa dedicada ao Desporto e aos jovens, de que uma atleta de um clube estava internada a mais de 40 dias nos cuidados intensivos no principal hospital de Bissau, Hospital Simão Mendes, encontrando-se em coma desde essa altura. Após um jogo e já em casa sentiu fortes dores de cabeça. Dirigiu-se ao hospital tendo perdido os sentidos até então.
Foi-lhe diagnosticado uma infecção neurológica que não sei precisar. A única solução passava pela evacuação para Portugal porque nenhum hospital na Guiné possuia condições para tratar do caso.

A família e o incansável promotor da juventude, Toni Burgo, que era Director da equipa onde jogava a rapariga, tentaram todos os meios possíveis para ultrapassar a burocracia inerente ao processo de junta médica, sem qualquer sucesso. A nível financeiro também tanto a família como a equipa amadora que representava, não tinha condições (cerca de 10 mil euros) para custear o processo. Bateram portas de Ministros, políticos e empresários influentes, mas sem sucesso.

No dia 10 de julho estava a correr num dos estádios de Bissau e encontrei o Sr. Toni Burgo, Director da equipa da miúda, pessoa que conheci pessoalmente a pouco tempo, mas por quem nutro respeito e admiração, muito triste e cabisbaixo. Perguntei-lhe o que se lhe passava, contou-me a história e manifestou-me a sua pouca esperança na resolução do caso e que a miúda sucumbiria, pois já não tinha muito tempo.

Entrei de imediato em contacto, via sms com o Sr. Ramos-Horta, pedindo para me ligar assim que pudesse. No dia seguinte por volta das 22h00 recebo um e-mail do Sr. Ramos-Horta de que tinha tentado ligar comigo várias vezes mas não tinha conseguido. Respondi-lhe relatando o sucedido com o  aparelho móvel, ligou de seguida e contei-lhe a história, a situação da Gisela. Prontamente disse: vamos ajudá-la. Eram quase 23h30 da noite.

No dia seguinte ligou-me as 7h30 da manhã e disse-me o roteiro. Ia viajar para o interior da Guiné mas tinha deixado um "dispositivo" de Assistentes para juntos trazermos a Gisela, a mãe e o Médico para Portugal. Da conversa vi que tinha andado durante a noite em contactos ao mais alto nível para ajudar a Gisela.

A Gisela veio para Portugal no dia 14/07, está internada no Hospital de Santa Maria, já foi operada e saiu do estado de coma. 

O presidente Ramos-Horta quando voltava da Cimeira de Ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP em Maputo a cerca de 15 dias atrás, entrou em contacto comigo com o propósito de ir visitar a menina ao hospital.

envio esta história para que testemunhem a bondade e humanidade deste homem que muito está a fazer na Guiné longe dos holofotes. Não quero que me mencionem e os links do site que envio é apenas para se contextualizarem. 

Para qualquer esclarecimento estou ao dispor.

obrigado,