A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) alertou ontem para o facto de a Guiné-Bissau continuar a ter dificuldades para comprar alimentos, apesar de o caju, principal fonte de rendimento das famílias guineenses, ter sido este ano vendido a bom preço.
"A campanha de comercialização da castanha de caju, este ano, é considerada boa relativamente aos preços praticados", destacou o documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve acesso.
No entanto, "os efeitos combinados do fraco rendimento de uma boa parte da população e os níveis dos preços dos produtos alimentares de base não deverão melhorar o acesso das populações aos produtos alimentares", acrescentou.
Olhando para a situação do país, a situação alimentar "continua difícil, mas não é alarmante", pelo menos de uma forma generalizada e "em todas as regiões".
Rui Fonseca, encarregado da FAO em Bissau, disse à Lusa que o diagnóstico deve levar o governo e parceiros a reforçar a implementação do plano de salvação do ano agrícola, esboçado há alguns meses pelo executivo.
Por outro lado, segundo a FAO, o encerramento dos postos de fronteira com a Guiné-Conacri para prevenir a entrada da ébola na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos de insegurança alimentar".
"Se esta situação continuar, pode acentuar riscos de insegurança alimentar, sobretudo das famílias pobres das regiões fronteiriças", refere-se no documento.
De acordo com o levantamento, o encerramento das fronteiras causa diversos problemas.
Há uma "diminuição de consumos agrícolas" provenientes da Guiné-Conacri, há limitação de trocas comerciais e queda de rendimentos das famílias dependentes dos "lumos" - feiras periódicas junto às fronteiras, também suspensas pelo governo.
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