A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Médicos Sem Fronteiras (MSF) consideram que a epidemia de ébola que se vive em vários países africanos está a "ser subestimada" e que esta se desenvolve e "alastra mais rapidamente" do que existem meios para lhe fazer frente.
"O pessoal presente nas zonas de epidemia tem provas que revelam ser os números de casos registados e de mortes confirmadas" inferiores à realidade, "subestimando claramente a dimensão da epidemia", avisa a Organização Mundial de Saúde (OMS) em comunicado divulgado quinta-feira à noite.
A confirmar este alerta da OMS, a directora da Médicos Sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, após uma visita de dez dias à África Ocidental, onde grassa a epidemia, afirmou hoje que o vírus "está a propagar-se" e "alastra mais rapidamente do que a nossa capacidade para lhe fazer face". A situação "deteriora-se", afirmou a directora da MSF, chamando a atenção para o facto de que se "a situação na Libéria não for estabilizada, não será possível estabilizar a região".
Para a responsável da MSF, a epidemia não estará controlada em menos de seis meses. "Nunca vimos nada parecido. É necessário estabelecer uma nova estratégia, o ébola não está confinado a umas poucas localidades, desenvolve-se numa cidade de 1,3 milhões de habitantes, Monróvia", capital da Libéria.
O comunicado da OMS aborda também o aspecto da duração da epidemia, indicando que o seu "plano operacional (...) se estende pelos próximos meses".
As pessoas, naquele país, na Serra Leoa e na Guiné, "desconfiam agora dos centros de saúde, e da capacidade de seguir os doentes ser insuficiente", explicou Joanne Liu, que deu o exemplo de Kailahun, na Serra Leoa, onde deveriam ser acompanhadas cerca de duas mil pessoas, mas a capacidade existente em meios humanos só permite seguir 250.
Em cinco meses, a epidemia - a mais grave desde o aparecimento desta febre hemorrágica em 1976 - já causou 1069 mortos, com 377 na Guiné, 355 na Libéria, 334 na Serra Leoa e quatro na Nigéria, na contabilidade da AFP que cita dados da OMS e das autoridades nigerianas. Há ainda 1975 casos prováveis.
(Costa do Marfim) |
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