A decisão do júri de distinguir Mário Lúcio Sousa, que concorreu ao prémio com a obra inédita "Biografia do Língua" e sob o pseudónimo Mar, "foi tomada por unanimidade", revelou o autarca, também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Salientando que Coimbra está ligada a Cabo Verde através da geminação com o município do Mindelo, na ilha de São Vicente, Manuel Machado considerou que a atribuição do Prémio Literário Miguel Torga -- Cidade de Coimbra a um autor cabo-verdiano testemunha a importância da cidade no "reforço dos laços" de Portugal "com aquele país irmão" e com os restantes Estados lusófonos.
"Coimbra é uma cidade da lusofonia e aberta ao mundo", acrescentou o presidente da Câmara de Coimbra, em cuja universidade, estudam atualmente cerca de 100 alunos oriundos de Cabo Verde.
Mário Lúcio Sousa vai receber um prémio pecuniário de 5.000 euros, cabendo à autarquia de Coimbra assegurar a edição da obra vencedora.
Este é o terceiro prémio literário que Mário Lúcio Sousa conquista em Portugal, após ter sido distinguido pelas obras "Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo" (Prémio do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa) e "O Novíssimo Testamento" (Prémio Carlos de Oliveira, da Câmara de Cantanhede), em 2000 e 2009, respectivamente.
O escritor e músico Mário Lúcio Sousa nasceu no Tarrafal, ilha de Santiago, em 1964. Licenciado em Direito pela Universidade de Havana (Cuba), foi embaixador cultural e deputado do Parlamento de Cabo Verde, de 1996 a 2001.
Foi laureado no seu país, em 2006, com a Ordem do Vulcão, ao lado da cantora Cesária Évora, sendo ele o artista mais jovem a receber o galardão. Na música, fundou e liderou o grupo Simentera.
Compositor, multi-instrumentista e estudioso da música tradicional, já gravou trabalhos com Manu Dibango, Touré Kunda, Paulinho da Viola, Maria João e Mário Laginha, Gilberto Gil, Luís Represas, Milton Nascimento, Pablo Milanês, Harry Belafonte, Toumani Diabate, Mario Canonge, Ralph Tamar, Pedro Jóia e Teresa Salgueiro entre outros.
É ainda autor das seguintes obras literárias: "Nascimento de Um Mundo" (poesia, 1990), "Sob os Signos da Luz" (poesia, 1992), "Para Nunca Mais Falarmos de Amor" (poesia, 1999), "Vidas Paralelas" (ficção, 2003) "Saloon" (teatro, 2004), "Teatro" (coletânea, 2008).
O Prémio Literário Miguel Torga, concedido de dois em dois anos, destina-se a distinguir um escritor "português ou de língua oficial portuguesa", podendo os candidatos apresentar obras de ficção nas categorias de romance, novela e conto.
O prémio visa "estimular a criação literária e o aparecimento de novos autores", segundo o regulamento, cuja última versão foi aprovada pela Câmara de Coimbra em 2014, ano em que não foi atribuído.
Desta vez, o júri, presidido pela vereadora da Cultura, Carina Gomes, em representação do presidente do executivo, integrou também José Augusto Bernardes (Universidade de Coimbra), António Pedro Pita (Associação Portuguesa de Escritores), António Arnaut e António Vilhena, dois escritores indicados pela autarquia.
Em 2012, o galardão foi entregue a Nuno de Figueiredo, de Coimbra, pelo seu livro "Vida e Sombra".
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