Enquanto alguns chamam de colonialistas aos portugueses, outros dormem na mesma cama com o último colonialista efectivo e africano que é Marrocos.
Tal como no Senegal os acordos c/ a GB, nunca serão levados a cabo na sua total concretização. O material que receberam agora, não passou de esmolas como todo o poder retrogrado gosta de fazer para iludir e para que a própria miséria lhe preste vassalagem. O tempo vos mostrará o verdadeiro texto desta farsa.
Mas a ignorância grassa na GBisssau. a falta de consciência politica é generalizada e seitas religiosas e outras seitas da corrupção, e da marginalidade politica encarregaram-se de obscurantizar o povo guineense, para que ao fim de 40 anos de independência, ainda ande à procura do seu futuro e continua ensombrado pela insegurança interna.
Mais,,, nem se aperceberam que a GBissau, por via da violação protocolar convencionalmente aceite por toda a comunidade internacional, foi grosseiramente violado, para que simbólica e politicamente a Guiné-Bissau se "ajoelhasse" perante o poder de Marrocos. Já aqui foi exposto e no FBook BR também. (Carlos Filipe, 31 maio 2015)
(obs. Malam Bacai Sanhá suspendeu o reconhecimento da RASD em 2010)
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O ministro da República do Saharauí, Mohamed Laarosi, prestigiou o
13º Cecut Brasília e solicitou a solidariedade da classe trabalhadora
brasileira, para unir-se à luta contra a colonização daquele país e em
defesa da soberania saharauí. Ex-colónia da Espanha, o país agora é
dominado pelo Marrocos, sendo considerado a última colónia da África. O
conflito na República Saharauí dura 40 anos, com ocupação militar e
denúncias de descumprimento dos direitos humanos. O ministro explicou
durante o Cecut a situação que considera calamitosa da República
Saharauí. Veja, a seguir, entrevista completa que Mohamed Laarosi
concedeu à CUT Brasília.
- Qual a situação política do povo da República Saharauí?
Com a descolonização da República Saharauí pela Espanha, nosso
vizinho Marrocos decidiu, em um dos episódios mais trágicos na história
da África, invadir militarmente o território, expulsar um quarto de sua
população, bombardear com Napalm e fósforo branco os fugitivos, cercar
as cidades e implantar uma política de genocídio que dura quase 40 anos,
através do assassinato em massa, da desapropriação forçada, do
aniquilamento dos símbolos culturais e do saque constante dos recursos
naturais. Actualmente, o povo saharauí continua lutando e resistindo, de
forma pacífica, com a direcção de seu único e legítimo representante, a
Frente Polisário, para garantir seu direito inalienável de liberdade, de
autodeterminação e independência.
- Qual a relação que o povo saharauí tem com o Marrocos?
O Sahara Ocidental e seus habitantes não têm qualquer vínculo com o
Marrocos além dos vínculos culturais, que são compartilhados com o resto
dos países da Região. Além disso, uma das ligações que temos com o
Marrocos é que contribuímos muito na luta para que o Marrocos se
livrasse do colonialismo francês. Em 1975, o Tribunal Internacional de
Justiça declarou que o povo saharauí e seu território não têm nenhum
vínculo de soberania com o Marrocos e ressaltou o fato de sermos um povo
originário, historicamente organizado, independente. Entretanto, o
Sahara Ocidental, ainda hoje, continua sendo um dos 16 territórios, o
último da África, no livro das Nações Unidas inscrito como pendente de
descolonização.
- Qual a política dos Estados Unidos em relação à República Saharauí?
Historicamente, os Estados Unidos e a França se serviram do Marrocos
para consumar seus planos de intervenção e neocolonialismo em nossa
Região. Estes dois países, junto com Israel e as monarquias do Golfo
Pérsico, armaram-se com o restante de seus petrodólares e a ditadura do
Marrocos para aniquilar o povo saharauí e assediar a estabilidade de
países vizinhos, como Argélia e Mauritânia, cujas lutas anticoloniais
haviam resultado em sua independências. Empresas de capital americano e
francês estão envolvidas com o saque dos recursos naturais do Sahara
Ocidental. Diferentes administrações americanas e francesas sustentaram
politicamente a rebeldia marroquina contra a legalidade
internacional. Desde a primeira administração de Barack Obama se
empreita o início de uma tímida mudança da relação entre os Estados
Unidos e o Sahara Ocidental. Já a França, ainda nos dias de hoje, é um
caso perdido. Ela continua afundada em seu complexo colonial e sua
política de padrões dúbios.
- Quais as dificuldades do povo saharauí?
Nossa maior dificuldade é a falta de liberdade. Quando um povo não
desfruta de sua liberdade, todos os direitos são negados e pisoteados
sistematicamente. Entretanto, estamos decididos a recuperar a soberania
de nossa terra. Durante 40 anos temos dado provas suficientes disso.
Mesmo que a nossa realidade seja de um país ocupado por uma potência
estrangeira e nossos recursos naturais estejam explorados por
multinacionais e países que não têm o mínimo respeito à legalidade
internacional. E mais: essas mesmas potências, através de seus
tentáculos mediáticos, guardam um silêncio profundo sobre o drama
político e humanitário que sofremos. Eles escondem a violação dos nossos
direitos humanos; o muro mais extenso do mundo, construído por
Marrocos, com mais de sete milhões de minas, e que separa pais de filhos
há 40 anos; a precária situação dos refugiados, assim como a valente
resistência do nosso povo.
- Como são trabalhadas as políticas públicas para o povo saharauí?
No território do Sahara Ocidental, os cidadãos saharauís vivem em um
gueto. Os bairros de população saharauí são vigiados e cercados 24 horas
por dia por unidades da polícia militar e por uma rede de ditadores e
informantes do regime, que vão desde o padeiro da esquina até o
professores das crianças. O regime de ocupação chegou a elaborar até
documentos de identidade que distinguem claramente às forças de
repressão quem é saharauí de quem é marroquino. Os poucos trabalhadores
saharauís estão expostos à permanente ameaça de serem expulsos de seus
postos ou levados aos centros de detenção e tortura diante da mínima
suspeita de ostentarem ideais políticos contrários à ocupação
marroquina. No melhor dos casos, os trabalhadores saharauís são
destinados pela lei às cidades do interior do Marrocos, para serem
desvinculados definitivamente de sua terra e de sua sociedade. Nem mesmo
a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental –
Minurso, existente no território desde 1991, pôde dar fim ao gueto
imposto. Ainda nos dias de hoje, nenhum cidadão saharauí pode ser
empregado.
- Como é a actuação de movimentos sociais na República Saharauí?
Apesar da brutal repressão, o povo desafia o terror e se une às
forças de imigração para que seus escassos meios e possibilidades possam
expressar ao mundo que, depois de 40 anos de assédio e com duas
gerações nascidas sob a ocupação marroquina, seguimos rechaçando de
forma categórica o feito colonial, e exigimos, em uníssono, a
independência do país. Em outubro de 2010, mais de 30 mil saharauís,
convocados por diversas entidades sociais contrárias à ocupação e suas
nefastas consequências na vida económica e social dos saharauís,
realizaram acampamento de protesto pacífico em Gdaim Izik, perto de
Aaiún, capital do Sahara Ocidental. Utilizamos da solidariedade
internacional e das novas tecnologias da informação para que, durante um
mês, pudéssemos expressar ao mundo a inconformidade com a ocupação
marroquina. Muitos intelectuais do mundo que acompanharam o
desenvolvimento daquele protesto o avaliam como o início da Primavera
Árabe, cujo exemplo animou e contagiou rapidamente milhares de jovens no
Marrocos, Túnez e no Egito. O número de vítimas do selvagem ataque
militar realizado ao acampamento no Sahara Ocidental um dia será
esclarecido. O que sabemos até hoje é que 24 representantes de
movimentos sociais que organizaram o acampamento, na maioria jovens,
passarão o resto de suas vidas atrás das grades, já que o tribunal
militar condenou, em fevereiro de 2013, muitos à prisão perpétua e a
penas que vão de 15 a 30 anos de reclusão.
- Qual a colaboração que a Central Única dos Trabalhadores poderia conceder à República Saharauí?
A CUT, desde sua fundação, em 1983, tem o mérito histórico de ser, no
Brasil, uma das primeiras tribunas de expressão de solidariedade à luta
do povo saharauí. O apoio da CUT tem sido substancial para difundir e
sensibilizar a opinião pública sobre a realidade de nossa luta; em
condenar energicamente as graves violações aos direitos humanos no
Sahara Ocidental; assim como em apoiar e acompanhar a luta da União
Geral de Trabalhadores Saharauís. Nos últimos anos, a CUT, junto com
organizações sindicais e partidos políticos, tem exigido do governo
brasileiro o reconhecimento diplomático da República Árabe Saharauí
Democrática. Agradeço em nome do povo saharauí a incondicional
solidariedade da CUT e das forças políticas do Brasil.
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