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Joseph Pulitzer

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Qualificação, formação e capacitação da Nação



Ideias para reflexão:


Qualificação, formação e capacitação da Nação


Temos consciência de quais são as prioridades do País, e também do novo governo, e que as mesmas deverão passar pela segurança e sustentabilidade alimentar, retoma e reforço da cooperação internacional, reformas setoriais, nomeadamente nas áreas de justiça, segurança e defesa, investimento em setores estratégicos, nomeadamente economia, energia, água e transportes, em áreas sociais integradas que reportam à educação, saúde e ação social, bem como a regularização de salários dos agentes da administração pública e o funcionamento do aparelho Estado em toda a sua dimensão.

No entanto, o assunto que ora alocamos à presente reflexão não é somenos importante face a atual situação do País e a necessidade da sua capacitação e qualificação, permitindo dessa forma responder às questões previamente levantadas.

Ora, a formação enquanto qualificação de recursos humanos é uma das melhores ferramentas para o ajustamento das velas de um povo, pois é na formação que está a chave do aperfeiçoamento e desenvolvimento de uma sociedade.

A maior parte das vezes que ouvimos palavras como “Formação” ou “Qualificação” estas referem-se à dimensão individual. Porém, a formação não é apenas uma ferramenta pessoal: trata-se sobretudo de um mecanismo para a evolução dos povos e das sociedades.

Os povos que se querem evoluídos, que pretendem reforçar-se internamente, não podem menosprezar nem o valor da educação nem a relevância da formação, entendida aqui como a qualificação de quadros e agentes do processo de desenvolvimento.

É certo que cada um de nós procura valorizar-se como forma de aceder a condições pessoais e sociais que nos elevem, mas é a própria sociedade que se constrói e reforça com o sucesso dos seus indivíduos. Na governação, no mundo empresarial, nas atividades extrativas e transformadoras, no turismo ou no mundo académico, a qualificação é aquilo que separa o modesto amadorismo do arrojado desenvolvimento de um país.

Em países desenvolvidos, onde existe uma forte vocação de ensino, investigação e formação, os exemplos vêm da esfera empresarial. É aí que surgem as modas, as técnicas e os aperfeiçoamentos. Porém, nos restantes países que se querem modernizar, os exemplos vêm geralmente da componente política, melhor ainda, das opções da governação. Ou seja, são os atores políticos que marcam o padrão.

Tal como esses países, a Guiné-Bissau não foge à regra, nem os seus atores políticos. Aliás, existe uma forte componente de afirmação políticas nesse sentido que urge ter em consideração no aspeto social do País.

E formação porquê?

Porque formação é sinónimo de rigor e qualidade na ação. É essa ação qualificada que faz a diferença entre ambientes estagnados e ambientes em constante evolução. Nasce aí o exemplo político que se repercute nos sectores produtivos e sociais, criando e alimentando uma escola de valorização, sustentada na busca do sucesso.

A formação deve ser estimuladora do intelecto mas deve também moldar a personalidade, tornando os indivíduos mais capacitados, confiantes e mobilizados. Esse é um resultado que urge procurar porque nele se reflecte a evolução da sociedade, neste caso a sociedade guineense, como um todo.

Os desafios atuais, políticos e não só, obrigam a uma constante adaptação às novas realidades. Nesse quadro, é essencial que a formação desenvolva numa base de continuidade e articulação com as estratégias nacionais, sejam elas políticas, sociais ou empresariais.

A título de exemplo, referimos a uma das metáforas mais interessantes do comportamento humano, perante a adversidade fala-nos de um barco à vela que enfrenta a circunstância de parar em alto-mar porque os ventos mudaram. A pergunta que se coloca é quase óbvia: como devemos reagir? 1) Há o pessimista que se afunda na depressão e acha que não há nada a fazer; 2) Há o otimista que tem esperança e espera que o vento mude. Devemos seguir o exemplo de qual deles?

Se analisarmos bem, o primeiro nunca sairá do mesmo sítio, vendo piorar cada vez mais a sua situação até ao desaire absoluto. O segundo coloca-se na mão dos elementos e de condições externas, não sendo nunca senhor do seu destino.

Não devemos seguir nem um nem o outro! Devemos reagir como o realista: aquele que ajusta as velas de forma a adaptá-las à nova direção do vento. Esse mudou o seu presente, olhando de frente para o seu futuro.

Tal como o realista, os bons povos têm sempre na mão a solução para os seus problemas. Possuindo o mais valioso dos recursos – as pessoas – os bons povos só têm de ajustar as velas e seguir com os ventos mais favoráveis. A formação enquanto qualificação de recursos de humanos é uma das melhores ferramentas para o ajustamento das velas de um povo.

Esta breve introdução é importante para definir, enquadrar e orientar a necessidade de capacitação dos recursos humanos que forçosamente tem de começar com a modernização do Estado, administração pública e sector privado, com forte componente na formação e qualificação dos seus agentes.

O investimento em Capital Humano e a Capacitação Institucional / Eficaz Gestão do Setor Público e Good Governance só podem ser concretizados com a aposta nos domínios da Educação, Qualificação, Formação, Ciência, Ensino, Tecnologia e Inovação de modo a garantir a diminuição da Pobreza e a valorização do capital social; desenvolvimento económico e social sustentável, com crescimento e emprego; desenvolvimento territorial equilibrado das regiões e comunidades locais; desenvolvimento e modernização das infraestruturas nacionais.

O Estado guineense precisa modernizar-se e com ele a Nação consolidar o seu projeto democrático, mantendo estes princípios e orientar a sua ação na procura constante do efeito multiplicador da relação qualificação/formação e modernização.

Neste pressuposto, é importante entender que não só os quadros externos são contribuintes da competência e da qualificação, mas, também, os que se encontram no terreno a desenvolver as suas competências, e em contacto permanente com a realidade local, mesmo com grandes dificuldades de exercício que lhes são inerentes e a falta de condições de trabalho, dão o seu máximo para o progresso da Nação. Isso é de incentivar, fomentar e recompensar.

Por conseguinte, a formação e qualificação não se reservam apenas ao campo técnico e/ou académico, mas também, profissionalizante e específicos das atividades que o País carece. É de todo imprescindível reforçar essa questão no seio da Nação para que se tenha em conta que o processo de transformação da sociedade para o plano de desenvolvimento e progresso requer todo este conjunto de capacidades e coloca-los ao serviço do bem-estar da comunidade. Aliás, sobre este assunto é sempre importante reviver os ensinamentos de A. Cabral como testemunho de quem sempre pautou por essa questão quando refere, no encontro de Ensalma, o seguinte:

(…) "Para aquele que era mecânico, electricista, pescador, agricultor quando entrou na Luta, irão ser criadas condições para ele continuar a sua actividade e viver o seu estatuto de combatente da liberdade da Pátria. A nossa independência termina em Ensalma. Ela vai ser entregue à gente que virá ao nosso encontro para a assumir. Essa gente é que irá começar a cumprir o Programa Maior que é desenvolver a terra, tarefa maior e mais complicada” (…).



É sem dúvida importante ter presente os ensinamentos e com ele fazer resultar no plano nacional o verdadeiro ideal do homem e do construtor da nova democracia e valores fundamentais da Nação.

Este artigo é assinado por mim e pelo meu caro amigo e colega Paulo Colaço, um experiente e conceituado consultor/formador e analista político Português a quem agradeço a amabilidade em aceitar o meu convite para tecer algumas considerações sobre a questão ora abordada.


Lisboa, 30 de Abril de 2014.


Luís Vicente

(Tec. Sup. Economia/Gestão/Finanças)
(Pgd. Administração e Políticas Públicas)


Paulo Colaço

(Formador / Analista político)
(Consultor Banco de Portugal)

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