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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Areias pesadas

O vice-coordenador do Seguimento do Dossiê de Exploração de Areias Pesadas de Varela receia que a exploração dos recursos naturais naquela zona norte da Guiné-Bissau venha a impossibilitar o cultivo de arroz, principal actividade da população da secção de Susana.

 
 
João Alberto Djata, que falava em conferência de imprensa esta quarta-feira, 14 de Janeiro, afirmou que a secção de Susana possui potencialidades agrícolas e «tendo ainda em consideração o facto de que o relatório de estudo sobre o impacto ambiental da empresa Russa Poto SARL dá a entender que haverá dificuldades no que diz respeito à regeneração dos solos e, por conseguinte, à possibilidade de se continuar a cultivá-los. Julgamos que este facto, por si só, deveria convencer quem de direito a decidir pelo adiamento da exploração das areias pesadas em Varela, para uma altura mais acertada, privilegiando assim a agricultura que constitui uma das alavancas da economia guineense».

Na opinião do representante das populações da secção de Susana, as potencialidades turísticas que a zona apresenta deveriam ser tidas em conta, na medida em que constituem um parâmetro alternativo e que pode permitir, no futuro, ao Estado, arrecadar mais receitas durante períodos sucessivamente infinitos e proporcionar às populações circundantes oportunidades de emprego, largamente melhores do que aquelas que, em princípio, a exploração que se pretende agora lhes proporciona.

«Achamos que o Governo da República da Guiné-Bissau deveria, antes de tudo, priorizar a organização deste complexo sector, que passa, a nosso ver, pela formação e capacitação de quadros, quer no que se refere a negociações, quer no que concerne a mecanismos de supervisão e gestão de contratos de exploração mineira, de maneira a garantir que o país tire maiores proveitos e as comunidades usufruam de melhores ganhos que possam influenciar de forma positiva no seu bem-estar» disse, acusando que o relatório de avaliação do impacto ambiental selecciona um método ou uma técnica de extracção bastante violenta, num contexto de estruturas de solos altamente frágeis, o que provavelmente vai acelerar a erosão marítima e, consequentemente, pôr em situação de enormes dificuldades as condições de vida nas imediações da zona de exploração.

Foi neste sentido que João Alberto Djata apelou ao Governo no sentido de ponderar esta exploração, tanto que, com o avançar do tempo e tendo ainda em conta o ritmo do progresso da tecnologia, poderá descobrir-se um método de extracção de minas menos «brutal» ou uma técnica pouco prejudicial ao ambiente.

«Apesar desse posicionamento, o Governo parece determinado em explorar as areias pesadas de Varela. Assim sendo, nós queremos apenas que o processo dessa exploração obedeça os critérios legais e contratuais», disse o responsável, desmentindo ainda as declarações do Administrador da Empresa POTO Sarl, segundo as quais a AOFiSS não é a associação dos Filhos de Varela.

«Esta declaração não corresponde minimamente à verdade pois a associação de filhos de Varela é membro de pleno direito da AOFiSS. Esta última congrega todas as associações das tabancas que compõem a secção de Suzana» garantiu, afirmando que o administrador disse ter recebido uma carta de agradecimento do comité de Estado de Varela.

«Esta declaração revela um certo nível de desconhecimento da realidade do terreno. Como devem saber, Varela não é sede de um Sector ou uma Secção administrativa para ter comité de Estado. Tem apenas Comité de Tabanca».

A terminar, o vice-coordenador convidou o Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, a pronunciar-se sobre a exploração das areias pesadas de Varela, pois o seu silêncio em relação a este dossiê deixa alguma preocupação.
 
 
 
 

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