À beira da estrada para Mansoa, a 25 quilómetros do centro de Bissau, vive Luís Tchamé, 40 anos, um apaixonado pela Boa Vista e que decidiu “baptizar” a zona onde vive com o nome da ilha cabo-verdiana.
Quem circula naquela estrada não fica indiferente, sendo cabo-verdiano, à placa “Bairro Novo Ilha Boa Vista”, colocada na zona de Nhacra Têda.
Avisado, o repórter da Inforpress mete conversa com o jovem guineense, no momento em que, debaixo do calor tórrido de Bissau deste mês de Julho, se encontrava com a família à sombra de uma frondosa árvore nas cercanias da sua casa.
Duas mulheres e nove filhos rodeavam o “nosso” homem que, entretanto, se afasta da prole para explicar à Inforpress que a ideia de partir para Cabo Verde surgiu em 2006 quando ouviu dizer que ali “estava-se bem” e que o arquipélago tinha “muito trabalho” para oferecer.
Pedreiro de profissão, Luís rapidamente quis passar do “ouvi dizer” para “vi” e partiu rumo a Cabo Verde, em 2007.
Conforme contou, “trabalhou duro” durante quatro anos na construção de um “grande hotel na Boa Vista”, de cujo nome já não se recorda, e regressou à Guiné para construir casa própria. Pouco tempo depois, de novo, já se encontrava na ilha da Boa Vista.
“Nessa segunda vez, fiquei pouco tempo, pois adoeci e tive que regressar à Bissau”, explicou Tchamé, que, entretanto, já enviou o irmão “para o seu lugar”, na esperança de que mal fique bem de saúde vá a Cabo Verde recuperar o seu emprego.
“Boa Vista é um sítio bom, não tem muita gente e um pedreiro, como eu, encontra trabalho facilmente”, diz, com convicção, o guineense que, de Cabo Verde, trouxe ainda uma segunda paixão: a cachupa.
“Gosto muito”, lança ao repórter ao mesmo tempo que, com o braço estendido, aponta na direcção de uma pequena parcela de terra, junto à casa, onde cultiva … milho. Como assim, provocamos, plantar milho numa terra em que a cultura manda servir o arroz todos os dias.
“Não importa, gosto da cachupa, com tudo, carne de porco incluída”, justifica, perante o sorriso da mulher.
E Luís, para fim de conversa, vai dizendo que só não pensa viver em definitivo na Boa Vista por ter “família tcheu”, nove filhos, de quem quer cuidar “de perto”.
Para além de naturais da Guiné-Bissau, estima-se que algumas centenas de homens e mulheres oriundas dos países da costa ocidental africana trabalham na ilha da Boa Vista, maioritariamente nos ofícios ligados à construção civil.
(Américo Antunes)
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