Os eurodeputados Marisa Matias (BE) e Miguel Viegas (PCP) criticaram esta terça-feira as instituições europeias por não assumirem responsabilidades em relação a refugiados, como os que estão na denominada selva de Calais (França).
Integrados numa delegação do Parlamento Europeu (PE) da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), os dois eurodeputados portugueses mantiveram durante todo o dia contactos com associações de apoio e habitantes do acampamento francês, situado junto à fronteira com o Reino Unido.
Depois de percorrer chão enlameado e ver tendas que servem de casas temporárias, Marisa Matias garantiu não ser aquela "seguramente a Europa que nós queremos" e que o "velho continente" deve "assumir responsabilidades pelas consequências associadas a conflitos".
Para a eurodeputada, "não pode ser possível achar que é possível conviver com estas condições de vida" sem "nenhum dos valores europeus associado".
Relatando a experiência de receber pessoas nomeadamente na fronteira da Síria em "situação muito dramática", a bloquista assumiu que para Calais tinha "expectativa e algum nervosismo" por ir encontrar pessoas que fizeram um caminho de "mais dois/três anos" até França.
"De certa maneira surpreendeu-me a calma, a organização, a forma como as pessoas se tentam organizar em comunidade, em circunstâncias abaixo de qualquer condição de dignidade humana. Mas obviamente não me descansa, não me resigna e é preciso vir aqui, vir aos sítios, não é só falar sobre as pessoas, é falar com as pessoas", resumiu.
Marisa Matias quer o fim da "lógica securitária e da criminalização das pessoas que procuram uma vida melhor", argumentando que os "países europeus têm obrigação de pôr a vida humana à frente dos negócios das armas e do petróleo".
"Aqui é mais um monumento à hipocrisia. Temos uma união europeia que manda bombas para a Líbia, para a Síria, para o Iraque, e para o Afeganistão e depois quando se trata de arcar com as consequências, assobia para o lado", afirmou, por seu lado, Miguel Viegas.
O eurodeputado do PCP notou que União Europeia "tem todas as condições para resolver desde que haja vontade política e assumir as suas responsabilidades", dizendo que as condições em que se encontram os refugiados em Calais deviam "levantar a maior indignação".
"É preciso resolver a questão da aspiração de qualquer pessoas de chegar a um destino e poder efectivamente optar por uma vida diferente da que tinha no país de origem", defendeu o português, que ouviu no acampamento exemplos de situações de famílias separadas.
Para o eurodeputado comunista, as "instituições europeias têm de olharem para este problema de frente, têm que se deixar de hipocrisias e devem dar condições para as pessoas viverem".
Pela sua parte, o eurodeputado garantiu que ir ao terreno deu "conhecimento concreto e mais força, alento e convicção para através de todos os instrumentos do PE confrontar a Comissão Europeia" e evitar que seja um assunto que seja esquecido.
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