O júri dos Prémios de Jornalismo Rei de Espanha 2015 - organizados pela agência de notícias espanhola EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional - escolheu "por unanimidade" o trabalho "Quem é o filho que António deixou na Guerra", publicado a 21 de junho de 2015 na revista de domingo do jornal Público.
"Este trabalho dá cara aos filhos do vento", crianças geradas na sequência de relacionamentos entre militares portugueses e raparigas das antigas colónias no decorrer da Guerra do Ultramar, nas décadas de 1960 e 1970, indicaram os jurados na ata de atribuição dos prémios, decididos segunda-feira e hoje em Madrid.
"A reportagem narra com uma linguagem emocionante a história de António Bento e da sua busca pelo filho que teve juntamente com uma angolana durante a guerra. É uma história que ilustra a proximidade entre dois povos e o sarar de feridas passadas", acrescentou o júri do prémio, que vai na sua 33ª edição.
A última vez que um jornalista português tinha sido distinguido com o prémio na categoria imprensa foi em 1993, graças ao trabalho "Década do Cérebro" de Maria Augusta Silva (Diário de Notícias).
Em 2010, o jornalista da TSF José Francisco Guerreiro foi premiado na categoria rádio pela reportagem "Missão Haiti".
Seis trabalhos de jornalistas portugueses foram submetidos a avaliação este ano (dois na categoria imprensa escrita, dois em Televisão, um na categoria Rádio e outro na de Jornalismo Ambiental).
Os países que mais trabalhos apresentaram foram a Colômbia (44), seguido do Brasil (39) e de Espanha (32). No total, foram submetidos 185 trabalhos de 18 países.
Nas restantes categorias, o trabalho "Kalungas: as eternas escravas" (Marcelo Magalhães, TV Record, Brasil) foi distinguido na categoria televisão enquanto a reportagem "Feminicídio e violência contra a mulher na Bolívia" (Abdel Padilla Vargas y José Luis Mendonça, Radio Fides) foi premiado na categoria de Rádio.
Em fotografia, a vencedora foi a brasileira Márcia Foletto, com uma imagem sobre a pobreza nas favelas do Rio de Janeiro publicada no jornal Globo.
Na categoria Jornalismo Digital, o júri distinguiu o trabalho "Connecting Africa", do uruguaio Jeronimo Giorgi Boero, para o jornal catalão (Espanha) elperiodico.com. A reportagem "Mercúrio, um monstro adormecido na Colômbia", dos colombianos Santiago Cárdenas Herrera e Manuel Saldarriaga Quintero, foi premiado na categoria Jornalismo Ambiental.
O Prémio Iberoamericano de Jornalismo foi para o espanhol Carlos Herrero, do ABC, por um trabalho sobre o falecido jornalista mexicano Jacobo Zabludovsky.
O mesmo júri - que este ano integrou jornalistas espanhóis, um peruano e um português - também deliberou sobre o Prémio Don Quixote de Jornalismo 2015 (12ª edição), tendo decidido atribui-lo à crónica "Cusco en el tiempo", do peruano Mario Vargas Llosa, publicada no diário espanhol El País.
Cada premiado receberá uma escultura em bronze do artista Joaquín Vaquero Turcios e uma verba de 6.000 euros. O prémio Don Quixote ascende a 9.000 euros e uma escultura comemorativa. Os prémios serão entregues pelo Rei de Espanha em data ainda a definir.
Aos Prémios de Jornalismo Rei de Espanha estão podem candidatar-se jornalistas dos 22 países iberoamericanos: Angola, Cabo Verde, Estados Unidos, Filipinas, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Israel, Marrocos, Moçambique, Andorra, Santo Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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