Medida do Conselho de Ministros, apoiada pelo primeiro-ministro guineense, traz lista de voluntários para aposentação; em entrevista à Rádio ONU, Domingos Simões Pereira diz que auscultações são necessárias para que cada militar possa tomar sua decisão livremente e com informação.
A Guiné-Bissau iniciou o processo de reforma das Forças Armadas que deverá beneficiar mais de 2 mil militares.
Em entrevista à Rádio ONU, o primeiro-ministro do país afirmou que o
momento agora é de explicar as novas medidas e escutar o que os
militares têm a dizer sobre a iniciativa.
Inclusivo
Domingos Simões Pereira está em Nova Iorque, onde participa de uma
reunião no Conselho de Segurança. Segundo o chefe do governo guineense, o
importante é que o processo de reforma militar seja inclusivo. Uma
lista foi produzida com a ajuda do Ministério da Defesa e apoiada pelo
Conselho de Ministros do país africano.
"O que nós não queremos é que alguém seja apanhado desprevenido na
adesão ou não que esteja a fazer em relação a isso. Nós queremos que,
rapidamente, possamos ter de facto esta lista, mas uma lista consolidada
que não seja de surpresa para ninguém e que possa promoter realmente
reduzir substancialmente os efetivos sobretudo aqueles que, ou por razão
de idade, ou porque não têm mais condições de continuar nas Forças
Armadas, ou porque voluntariamente pretende aproveitar esta oportunidade
de reforma antecipada."
Eleições
O processo de reforma militar tem sido discutido há vários anos como
parte da consolidação da paz na Guiné-Bissau. Em abril de 2012, o país
sofreu um golpe de Estado que tirou do poder o presidente interino e o
então primeiro-ministro. Com as eleições deste ano, a Guiné-Bissau
começou a restaurar a ordem constitucional.
Vários doadores internacionais e parceiros da Guiné, como o Brasil e
Portugal, têm cooperado com a formação de quadros militares para renovar
o sector.
Segundo Domingos Simões Pereira, mais importante que discutir a
formação tradicional da Defesa, que configura dos tempos da luta de
libertação guineense, é pensar no futuro prático dos militares e de seus
familiares.
Mercado de trabalho
"Preocupa-me mais pensar que o antigo combatente, o militar possa não
estar a dar as condições necessárias para que a sua mulher, o seu filho
possam ter condições de competir no mercado de trabalho porque aí
estamos a perpetuar uma situação de dependência. E por isso, o militar
que nós estamos a propor ir à reforma, muitas vezes não está tão
preocupado com a vida dele quanto está preocupado com a vida de seus
dependentes. Por isso, nós esperamos que o programa de reforma que
estamos a propor, possa também ter em conta o enquadramento e a
reinserção daqueles familiares que precisam realmente criar os
instrumentos para que enfrentem o mercado de trabalho com confiança e
sabendo que o amanhã será bastante melhor do que aquilo que têm hoje."
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau está na sede da ONU para
participar de várias reuniões incluindo uma no Conselho de Segurança
sobre o processo político guineense.
Domingos Simões Pereira também tem encontros com integrantes da
Comissão de Consolidação da Paz da ONU, o grupo é presidido pelo
embaixador brasileiro António Patriota.
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