RESISTÊNCIA ECONÓMICA - AMÍLCAR
CABRAL
( IX ) último.
......... prossegue Amílcar Cabral, nos exemplos
do dia a dia, dos bons comportamentos e nos menos correctos dos
combatentes, na sua prática dentro do combate da resistência
económica. ........... mesmo chegando a abordar comportamentos menos
correctos após os combates e mesmo no intervalo dos mesmos durante a
sua permanência nas tabankas ou
bases.........................
" ...não queremos extremismo, isso é falta
de compreensão do presente e do futuro de nossa luta. E mesmo no
enquadramento do nosso futuro na planificação da nossa vida amanhã
temos que evitar todo o extremismo, todo o exagero, sobretudo com a
mania de demasiado progressista. Por exemplo, pode haver camaradas
que ponham o problema desde já da seguinte maneira: na nossa terra a
agricultura é uma coisa atrasada, toda a gente quer deixar a
agricultura, a Inglaterra desenvolveu-se mas pouca gente faz a
agricultura. A França à medida que avança diminuiu os agricultores
e aumentou as industrias. Vemos que os países avançam é com a
industria pesada, portanto, nós, na nossa terra na Guiné e Cabo
Verde, depois da independência só a industria pesada, paramos com a
agricultura. Mas devemos estar vigilantes também para evitar os
erros que são o contrário desses. Há os que pensam: agora devemos
deixar a nossa terra como está, porque assim é que é bom. Nós
somos africanos, devemos ter os nossos régulos, a gente que lhes
cultiva a terra, que vende no comércio, etç, porque assim é que
somos bons africanos com as nossas tradições, os fulas lavram
mancarra, os felupes lavram arroz, o manjaco lavra mancarra e arroz e
outras coisas, os bijagós colhem coconote, o cabo-verdiano produz
milho para morrer de fome quando não houver milho. Não, isso não,
isso é extremismo ao contrário. Se quisermos na linguagem de hoje
em dia, o que eu disse primeiro chama-se desvio para a esquerda e o
que eu disse agora é o desvio para a direita.
Isso não quer dizer que o meio é o melhor.
Há muita gente que julga que o que está no meio é que é bom, mas
não é verdade: a coisa boa está em saber juntar de um lado e outro
para andar para a frente. (1)
Juntar de um lado e doutro, procurar o caminho
justo, numa terra, não é ficar no meio, no meio não se pode fazer
nada. Mas essa é uma conversa mais complicada a que voltamos noutra
ocasião.
Temos, portanto, que estar no plano da nossa
resistência económica como noutros planos, para além de todas as
nossas fraquezas e levantar cada dia mais todas as nossas forças.
Combater as nossas fraquezas para levantar as nossas forças.
Esta é a nossa conversa de hoje sobre a nossa
resistência no plano económico. ""
FIM
(Transcrição: Carlos
Filipe, Fevereiro 2012)
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