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Joseph Pulitzer

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A. Cabral: "Resistência Económica" (IX - IX)



RESISTÊNCIA ECONÓMICA - AMÍLCAR CABRAL


( IX ) último.



......... prossegue Amílcar Cabral, nos exemplos do dia a dia, dos bons comportamentos e nos menos correctos dos combatentes, na sua prática dentro do combate da resistência económica. ........... mesmo chegando a abordar comportamentos menos correctos após os combates e mesmo no intervalo dos mesmos durante a sua permanência nas tabankas ou bases.........................

" ...não queremos extremismo, isso é falta de compreensão do presente e do futuro de nossa luta. E mesmo no enquadramento do nosso futuro na planificação da nossa vida amanhã temos que evitar todo o extremismo, todo o exagero, sobretudo com a mania de demasiado progressista. Por exemplo, pode haver camaradas que ponham o problema desde já da seguinte maneira: na nossa terra a agricultura é uma coisa atrasada, toda a gente quer deixar a agricultura, a Inglaterra desenvolveu-se mas pouca gente faz a agricultura. A França à medida que avança diminuiu os agricultores e aumentou as industrias. Vemos que os países avançam é com a industria pesada, portanto, nós, na nossa terra na Guiné e Cabo Verde, depois da independência só a industria pesada, paramos com a agricultura. Mas devemos estar vigilantes também para evitar os erros que são o contrário desses. Há os que pensam: agora devemos deixar a nossa terra como está, porque assim é que é bom. Nós somos africanos, devemos ter os nossos régulos, a gente que lhes cultiva a terra, que vende no comércio, etç, porque assim é que somos bons africanos com as nossas tradições, os fulas lavram mancarra, os felupes lavram arroz, o manjaco lavra mancarra e arroz e outras coisas, os bijagós colhem coconote, o cabo-verdiano produz milho para morrer de fome quando não houver milho. Não, isso não, isso é extremismo ao contrário. Se quisermos na linguagem de hoje em dia, o que eu disse primeiro chama-se desvio para a esquerda e o que eu disse agora é o desvio para a direita.
Isso não quer dizer que o meio é o melhor. Há muita gente que julga que o que está no meio é que é bom, mas não é verdade: a coisa boa está em saber juntar de um lado e outro para andar para a frente. (1)
Juntar de um lado e doutro, procurar o caminho justo, numa terra, não é ficar no meio, no meio não se pode fazer nada. Mas essa é uma conversa mais complicada a que voltamos noutra ocasião.
Temos, portanto, que estar no plano da nossa resistência económica como noutros planos, para além de todas as nossas fraquezas e levantar cada dia mais todas as nossas forças. Combater as nossas fraquezas para levantar as nossas forças.
Esta é a nossa conversa de hoje sobre a nossa resistência no plano económico. ""

FIM

(Transcrição: Carlos Filipe, Fevereiro 2012)


 
 
 
 
 
 



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