As mãos de Mfoutou Geloy não param. Há um momento em que se apertam, muito juntas, com força. É quando este congolês de 27 anos conta que soube da notícia da morte da mãe poucas semanas depois de ter chegado ao Porto, em Setembro, para estudar.
“O trabalho ressentiu-se nesses dias”, confessa. É um dos raros momentos em que não está a sorrir durante a conversa. Geloy veio para Portugal fazer um ano do seu mestrado em Filosofia e é um dos quase 34 mil estudantes estrangeiros inscritos no ensino superior português. O número quase duplicou nos últimos cinco anos.
Antes das más notícias vindas de Brazzaville, Geloy estava apreensivo. Esta é a primeira experiência que tem fora de África e teve medo de que pudesse ser vítima de racismo. Quatro meses volvidos diz que nunca experimentou nenhuma situação de discriminação. “As pessoas no Porto são muito acolhedoras. Quando tenho dificuldades em expressar-me, falo francês e são muito receptivas a ajudarem-me”, explica.
A “afectividade” que encontrou em Portugal é apontada pelo congolês como uma das explicações para o aumento da procura das universidades e politécnicos nacionais por parte de estudantes internacionais. “Aqui não há medo de estrangeiros, toda a gente é amigável e as pessoas na rua têm um bom nível de inglês”, acrescenta Audri Maulana, indonésio de 24 anos, que também estuda na Universidade do Porto desde Setembro.
Nos últimos anos, o número de estudantes estrangeiros em Portugal não tem parado de crescer. Nos cinco anos lectivos mais recentes para os quais existem dados (2009/10 a 2013/14), o total de alunos não nacionais inscritos no ensino superior passou de 19.425 para quase 34 mil. Um aumento de 74%. “Isto põe-nos à prova”, valoriza Joaquim Ramos de Carvalho, o vice-reitor da Universidade de Coimbra. “Somos obrigados a fazer um esforço muito profundo para melhorarmos sempre.”
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