O presidente do Sindicato Nacional dos Marinheiros da Guiné-Bissau (Sinamar), João Cá, quer que as autoridades do país apertem o controle de navios de pesca estrangeiros, disse em declarações à agência Lusa.
De acordo com o sindicalista, parte do peixe capturado na Zona Económica Exclusiva (ZEE) guineense é atirado borda fora, violando a lei, porque muitos navios pesqueiros apenas se preocupam com a captura de camarão.
João Cá estima que o prejuízo anual com esta prática ronde, pelo menos, 100 milhões de euros em peixe desperdiçado, número que o ministro de transição com a pasta das pescas, Mário Lopes da Rosa, considera "exorbitante".
O governante disse à Lusa que não coloca em causa as afirmações de João Cá, mas realça que os próprios armadores de pesca estarão a "deitar fora" dinheiro se atirarem borda fora qualquer espécie de peixe.
A União Europeia (UE) é actualmente a principal parceira comercial da Guiné-Bissau na área das pescas.
De acordo com as contas de João Cá, o país ganha Actualmente sete milhões de euros por ano com o Fundo de Compensação da UE para o sector mas se existisse um controlo rigoroso seria possível "ganhar muito mais".
"De cada vez que um navio de arrastão manda a rede para o mar, captura mais de 500 quilos de camarão, mas também apanha muito peixe: como não é aquele que querem, atiram-no borda fora e é muito dinheiro que se perde", acrescentou.
O presidente do Sinamar disse já ter alertado as autoridades guineenses para o assunto em várias ocasiões, mas queixa-se de ainda ninguém ter tomado qualquer medida para alterar a situação.
O sindicalista teme que a venda de licenças aos barcos de armadores da UE, da China e da Coreia do Sul não esteja a apoiar o desenvolvimento das pescas na Guiné-Bissau, nem a economia do país.
"Dizem que o sector da pesca representa 40 a 45 porcento do Orçamento Geral de Estado, mas eu digo que se for bem explorado e controlado poderia pagar todo o Orçamento de Estado da Guiné-Bissau e muito mais", concluiu João Cá.
Confrontado pela Lusa com as queixas do presidente do Sinamar, o ministro de transição com a pasta das pescas, Mário Lopes da Rosa, considera que as estimativas são exageradas.
"Todos os barcos que estão nas nossas águas territoriais, seja qual for o tipo de pesca que fazem, têm um sistema de tratamento do pescado, ao apanharem o peixe que não lhes convém transformam-no em farinha em vez de deitá-lo ao mar", declarou o governante.
"Não estou a ver nenhum armador a atirar peixe ao mar, porque está a deitar fora dinheiro. Dizer que esse valor pode ascender a 100 milhões de euros é um valor exorbitante", defendeu Mário Lopes da Rosa.
O ministro admite, no entanto, que possa haver um ou outro barco que incorra nesse tipo de comportamento, mas encara-os como excepções.
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