Timor-Leste passou hoje com êxito um dos seus maiores testes ao setor do turismo, acolhendo uma enchente de centenas de turistas do cruzeiro australiano Pacific Jewel que, pela primeira vez, está a realizar um tour por esta zona.
Apesar de alguns receios sobre a capacidade da capital acolher os turistas, o dia decorreu sem incidentes de maior com equipas do Ministério do Turismo e operadores privadaos a colaborarem para organizar transporte, tours, atividades e visitas aos principais locais da capital.
Tours foram ainda organizados às zonas de Ermera, para ver o setor do café, e de Liquiçá e Maubara, para conhecer alguns dos edifícios coloniais da zona.
Apesar de, no passado, já terem passado por Díli outros navios de cruzeiro, a visita do australiano Pacific Jewel - que pela sua dimensão teve que ficar ancorado na baía de Díli - foi o o primeiro teste deste tipo (e com esta dimensão) ao setor do turismo timorense.
Os passageiros que optaram por vir a terra - a maioria dos cerca de 2.000 a bordo - tinham-se pré-inscrito em tours ou optaram por passear livremente, visitando zonas ou locais recomendados ou então locais específicos, emblemáticos para Díli, com o cemitério de Santa Cruz.
Jenny Lisha, da região australiana da Gold Coast, foi uma das que optou por visitar Díli sem tour, numa visita "lenta" de regresso a casa depois de ter estado na Europa, onde vive a filha e os netos.
"Estamos a regressar lentamente a casa. Voamos até Singapura e depois apanhamos o navio", disse à Lusa, destacando o calor que sente em Díli e a curiosidade de poder visitar, num cruzeiro, um local pouco visitado.
"Foi uma das coisas em que pensei. Quando vimos o tour, tinha locais como este, a que não se vai muito. Ouvimos falar sobre Timor durante a guerra mas pouco depois da independência. É bom ver como tudo está a progredir. Parece estar a correr muito bem", disse, antes de continuar passeio na zona do Farol, em Díli.
No Porto de Díli, onde os passageiros iam chegando, táxis e microletes apinhavam-se, oferecendo negócio a turistas que tinham destinos já marcados ou que só queriam passear "duas horas" pela cidade.
Ryan, um dos tripulantes, optou com vários companheiros da tripulação pela Microlet, o transporte público timorense "Isto é fantástico. Está toda a gente excitada por poder parar aqui, numa zona onde não se para normalmente. Não tinha ouvido falar de Timor-Leste. Não sei nada sobre isso", explicou.
John, de Brisbane, também na sua primeira visita a Timor-Leste explica que não tinha expetativas mas muita curiosidade em visitar o país onde o seu pai tinha estado durante a 2ª Guerra Mundial.
"Só sabia que o meu pai aqui tinha estado na 2ª Guerra Mundial e muitos dos soldados não falavam muito sobre o que aconteceu na 2ª Guerra Mundial", afirmou, depois de uma visita ao Arquivo e Museu da Resistência Timorense.
Fonte da P&O Cruises Australia explicou à Lusa que a paragem pouco usual em Díli - onde chegou cerca das 07:00 e de onde partiu cerca de 10 horas depois - se deve à viagem, também pouco usual, que o navio está atualmente a realizar.
Apesar de ter a sua base normalmente em Sydney, o Pacific Jewell partiu no passado dia 5 de Singapura - onde esteve a ser alvo de reparações e manutenção - e está atualmente numa viagem que inclui paragens na Indonésia (Semarang, Bali e Ilha Komodo), Timor-Leste e Papua Nova Guiné.
O navio, que tem uma tripulação de 730 pessoas, e quase 840 quartos, deverá chegar a Brisbane, no estado australiano de Queensland, no dia 21.
Desenhado pelo italiano Renzo Piano e com capacidade para mais de 2.000 passageiros - depois de reformas levadas a cabo nos últimos anos -, o navio de mais de 70 mil toneladas, 11 convés e um comprimento de 245 metros.
A bordo tem o maior spa de toda a frota P&O, um parque de aventuras, seis restaurantes, oito bares, uma discoteca, duas piscinas, biblioteca, casino e lojas, entre outras.
E leva agora souvenirs de Timor-Leste, comprados por muitos dos turistas que almoçaram na Areia Branca, a praia mais famosa de Díli, onde foi instalado um mercado pontual a vender produtos locais.
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