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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

UA e Centro de Excelência da ONU anunciam cooperação contra a fome

Vontade política e coordenação multi-sectorial podem fazer uma enorme diferença. Foi com esta impressão e cheios de inspiração que os representantes da delegação de membros da União Africana (UA) saíram do Brasil no último domingo (30), após visita de estudos sobre alimentação escolar.


“Estar no Brasil foi uma grande oportunidade da qual nós tiramos o máximo proveito”, disse o chefe da delegação e comissário da União Africana para Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia, Martial De-Paul Ikounga.
O comissário anunciou que os próximos passos serão apresentar os resultados da missão no Brasil aos ministros da Educação, da Agricultura e de Desenvolvimento Social, durante a reunião ministerial que ocorrerá em outubro deste ano. O objetivo é que a União Africana se aproprie do tema e adote uma iniciativa continental de alimentação escolar. Para isso, o comissário afirmou que vai formalizar um acordo de cooperação entre a União Africana e o Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos.

“Este é provavelmente o momento mais importante dos quatro anos de trabalho do Centro de Excelência contra a Fome. Até agora vínhamos trabalhando isoladamente com cada país, inclusive muitos africanos. A partir dessa parceria com a União Africana, contaremos com uma liderança continental que aumentará nosso poder de mobilização e o alcance do nosso trabalho. Esperamos em breve ver toda a África investindo em programas nacionais de alimentação escolar”, afirmou o diretor do Centro de Excelência, Daniel Balaban.

Viagem ao Brasil
A delegação da União Africana esteve em Brasília de 22 a 30 de agosto para conhecer de perto o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A visita de estudo foi organizada pelo Centro de Excelência contra a Fome do PMA, pelo PMA União Africana, pelo PMA Níger e pelo escritório regional do PMA em Dacar. Contou com representantes de 17 países da União Africana, além de representantes do Programa Mundial de Alimentos.

Durante a semana, o grupo se reuniu com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. “Vivemos um momento de aproximação fraterna com a África e temos muito a trocar”, afirmou a ministra, destacando a importância da vontade política e de propostas simples para o combate à fome.
Como um exemplo de medida efectiva e de sucesso da experiência brasileira, ela citou a compra de alimentos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar, que é assegurada por lei e promove o desenvolvimento local e da economia do país.

“É possível mudar, é possível não tratar a fome e a pobreza como naturais. O Estado tem que agir, se não estabelecerem esta prioridade como meta de governo nada pode ser revertido”, acrescentou Campello.
Mais tarde, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, a delegação foi recebida pela ministra interina, Maria Fernanda Ramos Coelho, e conheceu também mais detalhes do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra alimentos da agricultura familiar e repassa à rede de instituições socio-assistenciais que atendem populações vulneráveis ou em situação de insegurança alimentar e nutricional.
No Ministério da Educação, o ministro interino Luiz Claudio Costa relembrou o histórico do PNAE e de como a alimentação escolar no Brasil também partiu de um modelo baseado na assistência de organizações internacionais (PMA, UNICEF e USAID), na década de 1950, para um modelo nacional, depois dos anos 1990.

Costa também destacou a importância das parcerias com a África. “Temos aprendido muito com os países africanos e também auxiliamos cada vez mais no desenvolvimento de capacidades técnicas no continente”, afirmou. Segundo ele, após vencer a fome, agora o grande desafio do Brasil é combater a obesidade, em acelerado crescimento no país. “Estamos estudando lançar um programa de cantina saudável para retirar frituras e refrigerantes das escolas”, contou.
A delegação da UA participou ainda de dois dias intensos de visitas de campo nos arredores de Brasilia. Em Formosa, no estado de Goiás, conheceram a escola rural Lucila Saad Batista, onde foram recebidos com um mapa da África pintado no chão do pátio do colégio pelos alunos.

Em seguida, o grupo visitou a escola Orlandina de Castro e o CEI Helena de Sousa Santos, onde puderam conhecer o sistema de educação brasileiro e acompanhar a distribuição da alimentação escolar. Também conversaram com agricultores familiares e cooperativas que fornecem alimentos para a alimentação escolar.

“Eu gostaria de falar que nossa delegação não representa apenas os países aqui presentes. Ela representa a União Africana. Toda a África. Nós esperamos estar à altura de tudo que vamos ver. Que a árvore que foi plantada aqui possa ser plantada também na África”, disse o Dr. Ikounga na visita.
No dia seguinte, a delegação partiu para o assentamento de Contagem, onde visitou a propriedade rural de Antonio e Maria das Dores Silva. O casal mora no local há 16 anos e cria porcos, galinhas, cultiva mandioca, frutas e legumes e produz mel. Parte de sua produção é comprada pelo programa de alimentação escolar.

“Aqui a gente vive melhor do que na cidade. A gente é mãe, dona de casa, estamos montando uma padaria aqui perto também”, contou Maria das Dores, que também preside a associação de mulheres “Flores do Contagem”. Graças aos esforços da associação, a comunidade batalhou com a Prefeitura e conseguiu recentemente entre outros feitos um ónibus para garantir que jovens e adultos possam frequentar as aulas.
“Já conhecíamos a fama da beleza das mulheres brasileiras, mas hoje vimos que além de bonitas, elas são realizadoras e batalhadoras. Estamos muito impressionados com seu engajamento e capacidade de ação para mudar suas vidas e de suas comunidades”, afirmou emocionado o chefe da delegação, Ikounga.

Encerramento

“A alimentação escolar é um projeto social que vai além da educação. O que vimos aqui vai nos ajudar a estabelecer iniciativas similares em nossos países e em nível continental. E tudo isso acontece por meio do apoio do Centro de excelência, que fez com que nos engajássemos na questão da alimentação escolar”, afirmou a ministra da Educação do Níger, Ali Mariama Elhadji Ibrahim.
Thomas Yanga, director do escritório do PMA para a África, disse que esta visita ao Brasil é apenas o começo de uma grande mudança que precisa ser iniciada em todo o continente africano. “Nossos países podem mais! Por meio dos conhecimentos que já temos e dos conhecimentos que ainda podemos adquirir, podemos levar alimentação de qualidade para nossas crianças.”

Alhaji Limuna Mohammed-Muniru, ministro regional da Agricultura do norte de Gana, disse que a viagem ao Brasil serviu para abrir seus olhos. “Nós já experimentamos em Gana os múltiplos benefícios da alimentação escolar. Nós esperamos bons resultados em uma área específica, mas quando implementamos um bom programa de alimentação escolar nos damos conta de que estamos resolvendo vários problemas de uma só vez.”
O ministro da Agricultura do Zimbábue, Joseph Mtekwese Made, enfatizou a gratidão de todo o grupo pela oportunidade de vir ao Brasil e conhecer as experiências brasileiras. “Nos sentimos em casa e pudemos expressar livremente nossas inquietudes.”

O chefe da delegação agradeceu a todos os participantes da missão, especialmente aos ministros presentes. “Nós sabemos que é difícil se ausentar de suas funções de ministros durante uma semana inteira.”
Ikounga informou que a União Africana, junto com o Centro de Excelência e demais escritórios do PMA com actuação na África, conduzirá um estudo sobre a pertinência e o impacto da alimentação escolar em toda a África, para embalsar uma iniciativa continental de alimentação escolar.




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