Mais de metade dos habitantes da Guiné-Bissau são mulheres. Porém, nos centros de decisão política, só 10% são mulheres, segundo indicadores das Nações Unidas. São os homens que continuam a tomar as grandes decisões no país. Esse é um cenário que as mulheres guineenses querem ver alterado.
A menos de um mês das
eleições gerais, marcadas para o próximo dia 13 de abril, as mulheres
reclamam maior representação nas esferas de decisão da Guiné-Bissau,
tanto no Parlamento como também no futuro Governo a ser formado logo
depois do escrutínio.
Senegal é exemplo
Na semana passada, diversas entidades
promotoras da igualdade de género lançaram um estudo sobre a
participação das mulheres na política e tomada de decisões no país.
Segundo o representante das Nações Unidas em Bissau, essa participação
está em declínio, ao contrário do que acontece noutros países africanos.
“Na Guiné-Bissau está a 10%”, indicou
José Ramos-Horta. “Creio que o Senegal lidera em todo o mundo, porque
nunca ouvi falar num país que tenha 50% de paridade no Parlamento. Por
isso, que a experiência do Senegal sirva de incentivo”, acrescentou.
A maior percentagem de mulheres na
Assembleia Nacional Popular foi alcançada em 1988-94, período em que
atingiram 20% dos assentos, de acordo com a ONU.
Eleições, oportunidade de mudança
Na opinião das organizações não
governamentais, as eleições presidenciais e legislativas de 13 de abril
devem constituir uma oportunidade para os atores políticos e sociais
estabelecerem um compromisso sério com as questões da igualdade de
gênero. As organizações dizem que é preciso mudar o cenário político
atual e pedem mais mulheres nos centros de decisão política. Mas também
há quem esteja cético, apontando, por exemplo, para as listas dos
candidatos a deputados, com poucas mulheres.
Ao todo, segundo o estudo “A
participação das mulheres na política e na tomada de decisão na
Guiné-Bissau”, foram deixadas 17 recomendações ao Estado, às
organizações e redes de mulheres e aos organismos de cooperação sobre o
que fazer para inverter o cenário. “Alterações legislativas, linhas de
financiamento exclusivas para mulheres, criação de observatórios sobre
mulheres, organização de fóruns e redes associativas foram algumas
sugestões”, disse Silvina Tavares, vice-presidente da Plataforma das
Mulheres guineenses.
“É chegada a hora de eleger um corpo
gestor capaz de promover a necessária sinergia entre mulheres na
construção da paz, nos processos políticos nacionais, na reconstrução
nacional e desenvolvimento”, afirmou Silvina.
O estudo inclui também uma resenha
histórica sobre o papel da mulher na História do país e destaca o apelo à
participação das mulheres em todos os níveis da luta pela independência
– um apelo à intervenção pública que nunca mais se repetiu.
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