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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 27 de março de 2014

Mulheres querem maior presença nos centros de decisão

Mais de metade dos habitantes da Guiné-Bissau são mulheres. Porém, nos centros de decisão política, só 10% são mulheres, segundo indicadores das Nações Unidas. São os homens que continuam a tomar as grandes decisões no país. Esse é um cenário que as mulheres guineenses querem ver alterado.


A menos de um mês das eleições gerais, marcadas para o próximo dia 13 de abril, as mulheres reclamam maior representação nas esferas de decisão da Guiné-Bissau, tanto no Parlamento como também no futuro Governo a ser formado logo depois do escrutínio.

Senegal é exemplo

Na semana passada, diversas entidades promotoras da igualdade de género lançaram um estudo sobre a participação das mulheres na política e tomada de decisões no país. Segundo o representante das Nações Unidas em Bissau, essa participação está em declínio, ao contrário do que acontece noutros países africanos.
“Na Guiné-Bissau está a 10%”, indicou José Ramos-Horta. “Creio que o Senegal lidera em todo o mundo, porque nunca ouvi falar num país que tenha 50% de paridade no Parlamento. Por isso, que a experiência do Senegal sirva de incentivo”, acrescentou.
A maior percentagem de mulheres na Assembleia Nacional Popular foi alcançada em 1988-94, período em que atingiram 20% dos assentos, de acordo com a ONU.

Eleições, oportunidade de mudança

Na opinião das organizações não governamentais, as eleições presidenciais e legislativas de 13 de abril devem constituir uma oportunidade para os atores políticos e sociais estabelecerem um compromisso sério com as questões da igualdade de gênero. As organizações dizem que é preciso mudar o cenário político atual e pedem mais mulheres nos centros de decisão política. Mas também há quem esteja cético, apontando, por exemplo, para as listas dos candidatos a deputados, com poucas mulheres.
Ao todo, segundo o estudo “A participação das mulheres na política e na tomada de decisão na Guiné-Bissau”, foram deixadas 17 recomendações ao Estado, às organizações e redes de mulheres e aos organismos de cooperação sobre o que fazer para inverter o cenário. “Alterações legislativas, linhas de financiamento exclusivas para mulheres, criação de observatórios sobre mulheres, organização de fóruns e redes associativas foram algumas sugestões”, disse Silvina Tavares, vice-presidente da Plataforma das Mulheres guineenses.
“É chegada a hora de eleger um corpo gestor capaz de promover a necessária sinergia entre mulheres na construção da paz, nos processos políticos nacionais, na reconstrução nacional e desenvolvimento”, afirmou Silvina.
O estudo inclui também uma resenha histórica sobre o papel da mulher na História do país e destaca o apelo à participação das mulheres em todos os níveis da luta pela independência – um apelo à intervenção pública que nunca mais se repetiu.


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