As trocas comerciais entre a Guiné-Bissau e a União Europeia são favoráveis ao país africano em mais de 90 milhões de euros, revelam os dados do Eurostat, que mostram que as importações europeias são praticamente inexistentes.
De
acordo com os números do organismo oficial das estatísticas da União
Europeia, a Guiné-Bissau exportou, no ano passado, bens e serviços
equivalentes a 91,8 milhões de euros, tendo importado apenas 1,4
milhões, o que resulta numa balança comercial favorável em mais de 90
milhões de euros.
As exportações, aliás, têm vindo quase sempre a
aumentar desde, pelo menos, 2008, com excepção de uma pequena quebra em
2010 e no ano passado, mas sempre próximo ou acima dos 70 milhões de
euros, ao passo que as importações mantiveram-se sempre abaixo dos 6
milhões de euros, o que resulta numa balança comercial largamente
favorável ao país africano.
A Guiné-Bissau é o único país africano
com língua oficial portuguesa que não foi convidado para a cimeira
UE-África, uma vez que não existe um governo legítimo reconhecido pelos
europeus, explica à Lusa a investigadora em assuntos africanos do
Instituto Real de Relações Internacionais britânico (Chatham House),
Elisabete Azevedo-Harman.
"A Guiné-Bissau não foi convidada porque
a União Europeia definiu que só convidaria se a 02 de abril já
existisse um governo legítimo reconhecido pela UE, mas isso será
impossível porque as eleições serão a 13 de abril; é uma questão de
coerência da UE, que não convidou a Guiné-Bissau para nenhum momento
oficial desde 2012, mas neste contexto, a duas semanas de eleições, a
não ser consistência burocrática, não vejo grande ganho para nenhum dos
dois", critica a investigadora.
Elisabete Azevedo-Harman explica
que "a UE aceitou enviar observadores à Guiné-Bissau, o que mostra a
existência de diálogo institucional entre dois", razão pela qual
considera que os europeus "estão a ser mais papistas do que o papa em
não ter a Guiné-Bissau nesta cimeira", até porque "dos cinco PALOP, é o
que vai precisar de mais auxílio da UE".
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