Numa entrevista exclusiva à Voz da Rússia, concedida na
sede da CPLP em Lisboa, Murade Murargy disse ser “pessoa extremamente
otimista” e frisou que “neste momento as condições são criadas [para
eleições] a não ser que haja uma outra situação inesperada”.
A
seguir o golpe militar há dois anos, a Guiné-Bissau tem atualmente o
presidente e o primeiro-ministro interinos. O responsável da CPLP
aproveitou para mandar uma mensagem às autoridades interinas, a dizer
que o país “tem que eleger um governo legítimo que possa assumir a
responsabilidade e organizar todas as reformas que é preciso fazer”.
“A
comunidade internacional está cansada", disse. "A CPLP, a União
Africana, a UE e outros parceiros da Guiné-Bissau estão determinados que
não aconteçam adiamentos [das eleições]”.
Ao mesmo
tempo admitiu que uma grande incógnita é o comportamento dos militares
guineenses que por enquanto estão a colaborar “mas ninguém sabe até
quando”.
Ao comentar o recente Conselho dos Ministros
Extraordinário da CPLP em Maputo, que reuniu governantes de Angola,
Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste, o secretário executivo destacou, além da Guiné-Bissau, a
questão de uma possível adesão à CPLP da Guiné Equatorial. Este país
africano tem batido nos últimos anos na porta da CPLP causando polêmica
entre os Estados-membros.
Desrespeito a direitos
humanos, arbitrariedades e regime ditatorial são acusações mais
habituais que aparecem na comunicação social, principalmente portuguesa,
contra esta ex-colônia espanhola situada em África. Guiné Equatorial,
país exportador de petróleo, goza atualmente de estatuto de observador
na CPLP. Note-se que a imprensa portuguesa acaba de noticiar que uma
empresa petrolífera guineense faz diligências para entrar com 133
milhões de euros no banco Banif, nos Açores, adquirindo desta maneira 11
por cento da capital desta instituição financeira.
Segundo
declarou Murade Murargy, o Conselho dos Ministros Extraordinário em
Maputo chegou, finalmente, a um consenso e recomendou que chefes de
Estado dos países da CPLP admitissem a Guiné Equatorial à organização
como membro em pleno direito.
“A primeira tentativa da
Guiné Equatorial entrar na CPLP foi feita em 2010", explicou Murade
Murargy. "Não foi possível porque havia ainda percepção de que o país
não tinha condições em termos de valores e princípios da nossa
organização, respeito dos direitos humanos e outros. Também não havia um
instrumento que pudesse permitir que fosse feita uma avaliação [da
possibilidade de adesão]”.
A seguir foram criados o
Plano da Ação sobre o processo de adesão da Guiné Equatorial à CPLP e o
Grupo de Acompanhamento, para avaliar o comprimento do Plano.
Conforme
o Plano de Ação, foi introduzido o ensino da língua portuguesa nas
escolas equato-guineenses, o português foi reconhecido como uma língua
oficial do país, e o presidente declarou moratória sobre a pena de
morte.
O assunto passou às mãos dos chefes do Estado
que vão tomar a decisão definitiva na cúpula da CPLP em Díli, capital de
Timor-Leste, no próximo mês de julho, sublinhou Murade Murargy.
O
Conselho dos Ministros Extraordinário da CPLP em Maputo também
recomendou à cúpula da CPLP em Díli adotar o Plano de Ação de Lisboa que
define estratégias globais para a promoção e a difusão da língua
portuguesa, sendo uma língua falada em oito países de vários
continentes.
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