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Joseph Pulitzer

sábado, 4 de outubro de 2014

Um ano após a tragédia de Lampedusa

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) anunciou na quinta-feira (2) que o número de travessias irregulares do Mediterrâneo no terceiro trimestre deste ano aumentou de forma alarmante.


Um comunicado do ACNUR alertou que os números aumentaram substancialmente em termos absolutos e percentuais: “Ao todo, 90 mil pessoas atravessaram para a Europa entre 1º de julho e 30 de setembro, e pelo menos 2.200 perderam suas vidas. No trimestre anterior foram 75 mil pessoas e 800 mortes. Em outras palavras, uma pessoa que fez a travessia no primeiro semestre tinha 1,06% de chance perder a vida, enquanto alguém que fez a travesseira entre julho e setembro tinha 2,4% de risco”.

Em 2014, 165 mil pessoas já fizeram travessia do Mediterrâneo. Em 2013 o total de refugiados que fizeram o mesmo caminho foi de 60 mil. Assim, 2014 é um ano recorde, que reflecte o o nível de desespero entre os envolvidos na causa.
O ACNUR reiterou, diante dos perigos, o seu apelo para a Europa se comprometer a fornecer mais recursos para salvamento no mar no Mediterrâneo, intensificando os esforços para fornecer alternativas legais para estas viagens perigosas.

“A resposta colectiva precisa manter uma forte capacidade no resgate de pessoas no mar e encontrar maneiras mais seguras para os refugiados que vão para a Europa em busca de segurança. Se a Europa não se juntar aos esforços, muito mais vidas serão perdidas e incidentes como o desastre de Lampedusa, que faz um ano esta semana, se tornarão mais comuns”, acrescentou.

“Estamos deixando de prestar atenção às lições dos terríveis acontecimentos de outubro do ano passado, e cada vez mais refugiados estão se afogando tentando alcançar a segurança. A União Europeia deve trabalhar unida para seguir e reforçar a tarefa vital de resgatar pessoas no mar”, ressaltou o alto comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.

Embora as razões exactas para os aumentos deste ano, tanto em cruzamentos quanto em mortes, não sejam conhecidas, uma série de factores parecem estar envolvidos. Um deles é a situação na Líbia, de onde muitos dos que fazem a travessia saem. Lá a insegurança atingiu grupos vulneráveis, como requerentes de asilo e migrantes da África Subsaariana ou do Oriente Médio, levando muitos a fugir.

“A Líbia deve desempenhar o seu papel no sentido de garantir o respeito aos princípios dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, porque o desrespeito a essas leis implica na vontade de fugir das pessoas”, disse o comunicado do ACNUR.

Também evidente é que os barcos e botes estão lotados, com casos de pessoas morrendo por asfixia a bordo de barcos ou viajando sem coletes salva-vidas, acrescentou a agência da ONU.

Guterres afirmou que, embora nem todos os que fazem a jornada marítima para a Europa procurem por asilo, os dados do terceiro trimestre deste ano mostraram que a proporção de pessoas que estão fugindo de guerras ou de perseguições em seus países está crescendo. Refugiados da Síria e da Eritreia já são, desde 1º de junho, quase metade dos que fazem a travessia. O alto comissário da ONU ressaltou também que 16,7 milhões de pessoas por todo o mundo são refugiadas de guerra.

Estes desafios não podem ser direccionados para somente alguns países, disse o ACNUR – é necessário uma Europa unida, baseada em colaboração entre seus Estados-membros para garantir recursos adicionais iniciais de recepção e assistência no processamento, bem como soluções de identificação para aqueles que necessitam de protecção internacional.

(Navios italianos ajudam no resgate de pessoas que faziam a travessia do Norte da África à Europa. Centenas já morreram tentando chegar ao continente europeu. Foto: ACNUR/M. Sestini Navios italianos ajudam no resgate de pessoas que faziam a travessia do Norte da África à Europa. Centenas já morreram tentando chegar ao continente europeu. Foto: ACNUR/M. Sestini)



 
 

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