O braço de ferro entre universidades, institutos de formação superior e Governo, há mais de um mês suspendeu vários cursos em Bissau por "falta de condições". Há centenas de estudantes afectados.
Vários cursos do ensino superior continuam suspensos desde o início de janeiro. No centro da polémica está a decisão do Governo de encerrar mais de 10 instituições do ensino médio e superior, num total de 20 registadas, alegando falta de condições científicas, académicas e materiais de funcionamento.
"Algumas instituições estavam a funcionar sem terem sequer dado conhecimento da sua existência ao Ministério da Educação", explica Fodé Mané, director-geral do Ensino Superior e Investigação Científica.
“Algumas já tinham autorização de funcionamento, mas não tinham autorização para os cursos. Por isso, os cursos foram suspensos. Constatou-se que não estão a funcionar como deve ser, não têm condições“, justifica.
A polémica que dura há mais de um mês afecta centenas de estudantes das instituições do ensino visadas pela decisão do Ministério da Educação. Uma delas é a Universidade Lusófona da Guiné-Bissau, que viu os seus cursos de Direito, Engenharia Informática e Enfermagem serem suspensos pelo Ministério da Educação.
Segundo Tcherno Djalo, presidente da direcção da universidade, a instituição reúne as condições necessárias. "Trata-se de uma decisão de dois pesos e duas medidas, difícil de entender. Não há nenhuma universidade aqui na Guiné-Bissau que tenha melhores condições do que a Lusófona", afirma.
Apesar da posição do Governo, a Universidade Lusófona, que desde 2008 já formou 924 estudantes, mantém em funcionamento os seus três cursos suspensos pelo Governo.
Tcherno Djalo garante que não se trata de desafiar as autoridades educativas do país. "Não desafiamos ninguém, mas temos obrigação de defender os interesses dos alunos que estão aqui."
Segundo analistas, a medida era necessária porque já se tornou moda criar escolas de formação superior sem as mínimas condições para leccionar e com o objectivo de formar quadros capazes de trabalhar no desenvolvimento do país.
A ministra da Educação, Odete Semedo, justifica a medida de encerramento de alguns estabelecimentos de ensino privado com as notícias que circulam no país sobre a falsificação de diplomas por parte de professores e alunos.
"Recebi um diploma falsificado e soube também que em muitas universidades e institutos de formação os alunos estão a estudar sem terem entregado o certificado do 12º ano. Isso é grave", declarou a governante.
Responsáveis pelos centros de formação profissional, escolas e universidades privadas e muitos interrogam-se até quando os alunos irão esperar até que seja encontrada uma solução e possam regressar aos estudos.
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