A dor entre as mais de 16 mil crianças que ficaram órfãs por causa do surto do ebola na África Ocidental é profunda, mas a maioria delas foi acolhida por famílias graças aos laços de afinidade que se provaram mais fortes que o estigma e o medo associado à doença, disse o Fundo das Nações para a Infância (UNICEF) nesta sexta-feira (6).
O porta-voz do UNICEF, Andrew Brooks, explicou aos repórteres que cerca de 80% do total de crianças puderam ser reunidas a algum parente, com algumas famílias recebendo de três a sete crianças. Hoje apenas 500 das 16.600 crianças permanecem em centros de atenção.
“Havia receio de que o estigma sobre o ebola isolaria as crianças órfãs, o que significaria que milhares seriam abandonadas, mas isso, afortunadamente, não aconteceu”, continuou o porta-voz. “O estigma e o medo ainda não desapareceram completamente, mas os laços de parentesco e as relações tradicionais provaram ser mais fortes, razão pela qual as famílias acolheram as crianças.”
O UNICEF comemora a reabertura da escola em Guiné – e planeia o regresso às aulas na Libéria e Serra Leoa –, fato que ajudará as crianças a se ajustar e retornar à rotina e à normalidade.
Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o número de casos voltou a subir novamente pela primeira vez em semanas e comunicou que, com a chegada da temporada de chuva, é necessário controlar o surto o mais rápido possível, principalmente nas áreas mais remotas de difícil acesso. O número de casos registados até o momento é de 22.525, com as mortes alcançando 9.004.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou que fornecerá subsídios no total de 100 milhões de dólares para ser usados como alívio para a dívida dos três países mais afectados pela epidemia de ebola – Guiné, Libéria e Serra Leoa. Esse subsídio se soma aos 130 milhões de assistência de emergência desembolsado pelo FMI em setembro e outros 160 milhões em empréstimos aos três países propostos à directoria executiva do FMI, que deve ser aprovado no final do mês.
(Na Guiné, crianças brincam no vilarejo de Meliandou, na região de Nzérékoré. Foto: UNICEF/Mark Naftalin) |
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