DISCURSO DE SUA EXCELÊNCIA O PRIMEIRO-MINISTRO DA GUINÉ-BISSAU
BRUXELAS, 25 DE MARÇO DE 2015
BRUXELAS, 25 DE MARÇO DE 2015
Excelência, Senhor Neven Mimíca, Comissário para aCooperação Internacional e o Desenvolvimento da Comissão Europeia;
Excelência, Senhora Helen Clark, Administradora do Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento e Presidente do Grupo das Nações Unidas para oDesenvolvimento; Excelência Senhor Kadre Desire Ouedraogo, Presidente daComissão da CEDEAO;
Excelência Senhor Cheick Adjibou Saumaré, Presidente da Comissão da UEMOA.
Excelências Senhoras e Senhores, Ministros, Chefes de Missão e de Delegação;
Excelência, Senhora Helen Clark, Administradora do Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento e Presidente do Grupo das Nações Unidas para oDesenvolvimento; Excelência Senhor Kadre Desire Ouedraogo, Presidente daComissão da CEDEAO;
Excelência Senhor Cheick Adjibou Saumaré, Presidente da Comissão da UEMOA.
Excelências Senhoras e Senhores, Ministros, Chefes de Missão e de Delegação;
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Excelências,
Permitam
que comece porreconhecer e agradecer a importância das presenças
marcantes, de S. ExcelênciaJosé Mário Vaz, Presidente da República da
Guiné- Bissau, meu Presidente e deS. Excelência Macky Sall, Presidente
da República do Senegal. O gesto é dealinhamento, confiança e
solidariedade e sabemos ter colhido uma elevadavalorização.
Excelências,
No
seguimento da intervenção deSua Excelência o Presidente da República da
Guiné-Bissau nesta Conferência, naqualidade de Primeiro-Ministro e
Chefe do Governo, me dirijo a esta assembleiade parceiros, começando com
as seguintes considerações: Primeiro e antes demais, uma nota de
agradecimento a todas as delegações pela presença neste fórumde diálogo,
partilha, interacção e cooperação com a Guiné-Bissau, enquanto
seusparceiros de desenvolvimento.
A vossa presença nos
honra econforta, certo que ela reflecte a atenção e o apoio da
comunidadeinternacional aos processos de consolidação da estabilidade
política egovernativa, da normalização da vida pública, da edificação e
do enraizamentodo Estado de direito democrático, da reconstrução
económica e da garantia daestabilidade social em curso no nosso país.
Uma
palavra de apreço à UniãoEuropeia que aceitou o pedido do Governo para
acolher esta conferência emBruxelas, pela assistência prestada na sua
preparação, pela hospitalidade epelas excelentes condições criadas para a
sua realização.
Agradeço igualmente ao Sistemadas
Nações Unidas, designadamente ao Programa das Nações Unidas para
oDesenvolvimento e o Banco Mundial, pela importante contribuição
comoco-organizadores na preparação desta conferência.
Os
meus agradecimentos sãoextensivos à CEDEAO, à CPLP, à União Africana e à
Comissão da Consolidação daPaz das Nações Unidas pela atenção prestada
ao nosso país ao longo de mais deuma década e pelo inequívoco apoio
político à realização desta conferência.
A segunda nota se prende
com oentendimento que trazemos sobre a conferência aqui reunida. Para
nós, estefórum é, sobretudo, um momento cimeiro de partilha de visão
estratégica e derestauração dos quadros de parceria e de cooperação
entre a Guiné-Bissau e osseus parceiros internacionais.
Uma
parceria a edificar em novase eficientes bases que permitam projectar o
país para um amplo compromisso coma estabilização política e
governativa, de modo a garantir um desenvolvimentoequitativo e durável.
Chegar aqui foi um caminho árduo mas necessário,mobilizador e altamente
gratificante. Chegamos aqui com consciência de umpassado governativo que
não nos orgulha e que não favoreceu nem a estabilidadenem a promoção do
desenvolvimento.
Hoje, é dessa experiência,
queretiramos a confiança da nossa aprendizagem e sobretudo do nosso
compromisso eempenho em mudar o rumo do nosso destino enquanto nação que
se quer projectarno mundo com renovadas premissas. O país está nesta
conferência para dizer aosparceiros internacionais que está pronta para
uma parceria renovada, sólida edinâmica, centrada num diálogo político
elevado e em instrumentos de diálogotécnico consubstanciados no PlanoEstratégico e Operacional 2025, que a seguir será apresentado.
A
Guiné-Bissau está aqui tambémenquanto momento político novo,
caracterizado por reformas profundas eestruturantes das instituições do
Estado. Os importantes passos dados noprocesso de reforma do sector da
Defesa e Segurança, de combate às actividadese práticas lesivas ao
património público, segurança do Estado e Bem Comum, e namelhoria do
desempenho económico demonstram a determinação das novasautoridades,
saídas das eleições gerais ocorridas em Julho de 2014, em dar umnovo
rumo ao país, edificando e consolidando os fundamentos para a
boagovernação.
A realização das eleições gerais,num
clima de civismo, transparência e credibilidade do processo, mostrou
umadeterminação clara e inequívoca dos guineenses para a restauração da
ordemconstitucional e do Estado de direito democrático, bem como para
alinhavarlargos consensos políticos.
Estes consensos reforçaram
alegitimidade democrática das instituições políticas e permitiram traçar
asgrandes linhas da atuação legislativas e governativas, incluindo
questões desegurança, da justiça, do sistema judiciário e da
administração pública.
Os frutos do diálogo
políticointerno, traduzidos num entendimento político sobre os eixos
estratégicos dagovernação que envolve as formações políticas e outras
forças vivas dasociedade, a inclusividade do Governo e sobretudo a
mobilização dos guineenses,no país e na diáspora, à volta das
estratégias da governação mostram opotencial político estabilizador que
configura a forma de assumirmos asresponsabilidades que nos são
intrínsecas no processo de reconstrução do nossopaís.
Conseguimos
produzir consensosinternos alargados a todas esferas da sociedade
política e sociedade civil, aaprovação por unanimidade do nosso Programa
de Governação e Orçamento Geral doEstado algo inédito na nossa história
democrática, e a elaboração de uma visãoa curto, médio e longo prazos
demonstram a determinação do povo guineense emreconstruir a sua história
e o seu destino.
É nessa base que a Guiné-Bissautraz
para esta conferência a esperança acrescida de um povo sofrido, que
apesardas dificuldades que passou nos últimos tempos, acredita num
futuro melhor epretende construí-la e partilhá-la com os seus parceiros
internacionais.
É portanto nossa profundaconvicção que
a Guiné-Bissau irá se transformar num caso de grande sucesso emmatéria
de consolidação da estabilidade e da boa governação. Porém, para queeste
desfecho seja assegurado e que esta oportunidade que se abriu perante
nósnão seja desperdiçada, o nosso país precisa de uma intervenção
robusta eimpactante dos parceiros de desenvolvimento para a consolidação
da estabilidadepolítica, quer ao nível económico e financeiro, quer ao
nível da cooperaçãopara alavancar os pressupostos de uma transição
efectiva para o desenvolvimentodurável.
Excelências,
O
país vive, hoje, um novo ciclopolítico focado no fortalecimento do
Estado, normalização da vida pública,garantia da estabilidade social,
reconstrução económica e combate à pobreza.Contudo, é inegável que paira
sobre nós a condição de Estado institucionalmentefrágil, pós-conflito e
com escassos recursos financeiros, acrescida dasconsequências
políticas, económicas, ambientais e sociais gravosas daíderivadas e que
configuram enormes desafios de governação.
Vencer
estas barreiras revela-sefundamental para a consolidação dos processos
de estabilização política esocial, e o fortalecimento do Estado de
direito democrático em curso. Face aestas carências e vulnerabilidades
económicas e sociais, a legitimação socialda governação depende da
capacidade do governo em responder de imediato, deforma estruturada e
eficaz às necessidades de funcionamento do aparelho do Estadoe dos
serviços sociais básicos a todo o território nacional.
Para
um Estado tributário daassistência internacional como é a Guiné-Bissau,
os efeitos da ajuda externanos tecidos social, político e económico, e
na credibilidade e autoridade doEstado são fundamentais e decisivos para
a garantia da eficiência dodesenvolvimento enquanto um mecanismo de
estabilização nacional e regional.
Neste quadro,
algumas situaçõesse configuram exemplares do quão imperativo é a
conjugação dos esforçosinternos e internacionais:
1 – A Reforma
do Sector de Defesae Segurança que será marcada por medidas profundas de
ajustamento ereorganização para cuja sustentabilidade e
irreversibilidade requer-se aassistência internacional;
2 – A
garantia da estabilidadesocial, estritamente ligada à estabilidade
política, passará necessariamentepela alteração progressiva das
situações de precariedade que afetam ofornecimento de serviços sociais
básicos (educação, saúde, energia, água,saneamento e providência social)
e por uma nova dinâmica no combate à pobrezaextrema, objetivos cuja
prossecução carecem do concurso dos parceiros dacooperação;
3- O
desenvolvimento económico,alicerçado nos factores primários de
crescimento tais como a agricultura, oturismo e as pescas, que
necessitam da presença;
4- O combate ao crime
organizadointernacional conjugado com a nossa determinação em preservar e
utilizar deforma racional a biodiversidade e os nossos recursos
naturais, só serãoresultados significativos através de a uma abordagem
coletiva e coerente.
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Os
guineenses em geral e oGoverno em particular encaram este mecanismo de
diálogo, reunido em Conferênciade parceiros, com enorme expectativa
tendo em vista a possibilidade demobilização de recursos externos para o
financiamento dos processos deestabilização e desenvolvimento do nosso
país a médio prazo.
A Ajuda Pública aoDesenvolvimento
que aqui solicitamos, visa criar as condições para alavancar ocombate à
pobreza, melhorar a segurança humana através da educação e da
saúde,criar as infra-estruturas económicas e sociais indispensáveis e
reforçar acapacidade das instituições do Estado, de modo a poder
mobilizar outros fluxosinternos e externos de financiamento do
desenvolvimento.
Neste propósito, solicitamos
oindispensável apoio de todos os parceiros multilaterais e bilaterais
para osucesso desta conferência. Fico por aqui e sublinho simplesmente
que estamosaqui todos, Guineenses e amigos da Guiné-Bissau.
Esperançosos
porque acreditamosna vossa solidariedade e disponibilidade em
participar na construção de umaGuiné-Bissau nova e positiva.
Mas
também e sobretudo porque omeu país e o seu povo, estamos prontos e
mobilizados a edificar uma parceriaresponsável, baseada em compromissos
sólidos, capazes de sustentar o tal casode sucesso de que seremos então
os principais obreiros. Sim, porque Terra Ranka, i sol na bim iardi.
Muito Obrigado
Domingos SimõesPereira
Primeiro-Ministro da República da Guiné-Bissau
Primeiro-Ministro da República da Guiné-Bissau
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