A epidemia do vírus do ébola deverá terminar em Agosto, segundo uma estimativa recente da ONU. Até aqui tem-se assistido a uma luta renhida entre médicos e vírus. Nas unidades de saúde improvisadas ou nos hospitais que receberam doentes, médicos e enfermeiros debatem-se com as limitações impostas pelo vírus ao seu trabalho, desde a desinfecção constante, fatos isoladores sob temperaturas elevadas, falta de meios técnicos.
Dois jovens programadores portugueses criaram uma aplicação (app) para tablet para ajudar os médicos a registarem os dados dos doentes, deixando para trás um processo contraproducente no qual os profissionais de saúde literalmente gritavam nomes e números entre si para fazer os registos.
Tudo começou com um desafio colocado em Outubro de 2014 por um dos conselheiros tecnológicos da organização Médicos sem Fronteiras, Ivan Gayton, a um grupo de sete voluntários da área de tecnologia no Reino Unido, que se conheceram através de hackathons, maratonas de programação, onde trabalharam juntos. Ao grupo, que incluía os irmãos portugueses Gil e Daniel Sinclair Júlio, de 22 e 26 anos, respectivamente, foi pedido que encontrassem uma solução para o problema dos médicos que têm apenas meia hora para tratar pacientes, documentar informações sobre estes e passar essas informações por wireless, sem que tivessem que gritar entre si, devido aos fatos e máscaras isoladores obrigatórios em cenários de ébola.
“O que nos foi desafiado foi encontrar uma solução para reduzir o tempo de documentar informações acerca do doente e na sua passagem para o exterior da zona de risco”, explica Daniel Júlio, num email enviado ao PÚBLICO. O jovem, que desde 2000 vive entre Portugal e Inglaterra, trabalha como programador Android numa empresa de venda de equipamento fotográfico de alta gama. O irmão Gil está no último ano de licenciatura em Engenharia Informática em Coventry e já só vem a Portugal nas férias.
A dupla portuguesa acabou por criar uma app Android, que “tinha que comunicar com o servidor que estaria fora da zona de risco”. “Eu e o meu irmão programamos uma aplicação para o tablet e outros membros do grupo para o servidor e outros trataram do design”, revela Daniel Júlio. A app foi a primeira a surgir, num projecto que contou ainda com a criação de um tablet com uma capa protectora feita em policarbonato pelo Google, que se interessou pelo projecto feito pelos voluntários apresentado à empresa por Ivan Gayton.
App usada em campo da Serra Leoa.
A capa protectora envolve o tablet, que fica totalmente isolado e pode ser mergulhado numa solução de cloro para ser desinfectado entre cada caso de doente com suspeita de infecção pelo vírus do ébola. O dispositivo é carregado wireless, já que todas as entradas estão seladas com a capa. “O Google também disponibilizou uma equipa de cerca de cinco engenheiros informáticos a trabalhar neste projecto full-time a nível de software para acelerar o processo”, adianta o jovem português ao PÚBLICO.
Quanto à app, Daniel Júlio conta que a grande vantagem é permitir que “os dados dos doentes assim que são introduzidos no tablet fiquem disponíveis em tempo real no lado de fora da zona de risco”. “Os dados não têm que ser gritados para o outro lado e muitas vezes perdidos quando os papéis são queimados. Aqui, todos os dados são guardados instantaneamente, poupando tempo aos médicos por um lado. Por outro, mais dados ficam disponíveis aos profissionais para mais tarde avaliarem quais os tratamentos mais eficazes, quais as idades que estão em maior risco, etc... Muitas estatísticas úteis podem ser extraídas destes dados”.
As limitações físicas dos médicos dentro dos fatos e luvas protectores também foram tidas em conta. “Fizemos-la [a app] com botões e letras grandes onde a maior parte dos dados pode ser introduzida apenas seleccionando esses botões em vez de ter que se usar o teclado virtual dos tablets”.
O tablet e a app estão a ser usados há cerca de duas semanas num campo de tratamento de doentes com ébola na Serra Leoa. A app foi usada numa fase experimental em campos de teste dos Médicos sem Fronteiras, com “feedback muito positivo”, segundo o português. A passagem para campos reais de tratamento foi o passo seguinte e o software e hardware deverão passar a ser utilizados noutros campos de tratamento na África Ocidental, onde se registou a maioria dos casos de ébola. Um relatório divulgado este mês pela OMS estima que o vírus tenha matado mais de dez mil pessoas, de um total de mais de 24 mil casos de infecções.
Tudo começou com um desafio colocado em Outubro de 2014 por um dos conselheiros tecnológicos da organização Médicos sem Fronteiras, Ivan Gayton, a um grupo de sete voluntários da área de tecnologia no Reino Unido, que se conheceram através de hackathons, maratonas de programação, onde trabalharam juntos. Ao grupo, que incluía os irmãos portugueses Gil e Daniel Sinclair Júlio, de 22 e 26 anos, respectivamente, foi pedido que encontrassem uma solução para o problema dos médicos que têm apenas meia hora para tratar pacientes, documentar informações sobre estes e passar essas informações por wireless, sem que tivessem que gritar entre si, devido aos fatos e máscaras isoladores obrigatórios em cenários de ébola.
“O que nos foi desafiado foi encontrar uma solução para reduzir o tempo de documentar informações acerca do doente e na sua passagem para o exterior da zona de risco”, explica Daniel Júlio, num email enviado ao PÚBLICO. O jovem, que desde 2000 vive entre Portugal e Inglaterra, trabalha como programador Android numa empresa de venda de equipamento fotográfico de alta gama. O irmão Gil está no último ano de licenciatura em Engenharia Informática em Coventry e já só vem a Portugal nas férias.
A dupla portuguesa acabou por criar uma app Android, que “tinha que comunicar com o servidor que estaria fora da zona de risco”. “Eu e o meu irmão programamos uma aplicação para o tablet e outros membros do grupo para o servidor e outros trataram do design”, revela Daniel Júlio. A app foi a primeira a surgir, num projecto que contou ainda com a criação de um tablet com uma capa protectora feita em policarbonato pelo Google, que se interessou pelo projecto feito pelos voluntários apresentado à empresa por Ivan Gayton.
App usada em campo da Serra Leoa.
A capa protectora envolve o tablet, que fica totalmente isolado e pode ser mergulhado numa solução de cloro para ser desinfectado entre cada caso de doente com suspeita de infecção pelo vírus do ébola. O dispositivo é carregado wireless, já que todas as entradas estão seladas com a capa. “O Google também disponibilizou uma equipa de cerca de cinco engenheiros informáticos a trabalhar neste projecto full-time a nível de software para acelerar o processo”, adianta o jovem português ao PÚBLICO.
Quanto à app, Daniel Júlio conta que a grande vantagem é permitir que “os dados dos doentes assim que são introduzidos no tablet fiquem disponíveis em tempo real no lado de fora da zona de risco”. “Os dados não têm que ser gritados para o outro lado e muitas vezes perdidos quando os papéis são queimados. Aqui, todos os dados são guardados instantaneamente, poupando tempo aos médicos por um lado. Por outro, mais dados ficam disponíveis aos profissionais para mais tarde avaliarem quais os tratamentos mais eficazes, quais as idades que estão em maior risco, etc... Muitas estatísticas úteis podem ser extraídas destes dados”.
As limitações físicas dos médicos dentro dos fatos e luvas protectores também foram tidas em conta. “Fizemos-la [a app] com botões e letras grandes onde a maior parte dos dados pode ser introduzida apenas seleccionando esses botões em vez de ter que se usar o teclado virtual dos tablets”.
O tablet e a app estão a ser usados há cerca de duas semanas num campo de tratamento de doentes com ébola na Serra Leoa. A app foi usada numa fase experimental em campos de teste dos Médicos sem Fronteiras, com “feedback muito positivo”, segundo o português. A passagem para campos reais de tratamento foi o passo seguinte e o software e hardware deverão passar a ser utilizados noutros campos de tratamento na África Ocidental, onde se registou a maioria dos casos de ébola. Um relatório divulgado este mês pela OMS estima que o vírus tenha matado mais de dez mil pessoas, de um total de mais de 24 mil casos de infecções.
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