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Joseph Pulitzer

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Clima de tensão instalado na Guiné-Bissau

A crise social na Guiné-Bissau está a aumentar a tensão das populações que vivem com falta de quase tudo na capital do país. Bissau está sem luz e sem água, e estão a decorrer greves no setor da educação e saúde.


(foto: web)

Ficar sem luz e água em casa na capital guineense não é uma realidade desconhecida para a população de Bissau que, na sua maioria, está habituada a conviver com a escuridão. Mas a tensão está a instalar-se no seio destas comunidades carenciadas, que nos bairros periféricos iniciaram uma onda de revolta contra a falta de água e luz, que dura há mais dois meses, sem que a empresa responsável pelo abastecimento garanta o serviço mínimo.
Em muitos casos as pessoas são obrigadas a irem buscar água aos poços, sem as mínimas condições de higiene, provocando diarreias prolongadas e doenças endémicas como é o caso da cólera.
 Desde março deste ano, o número de mortes disparou para 24 pessoas num total de 379 casos registados, segundo dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Revolta popular
Face a este quadro, a população está revoltada com o Governo, que não consegue resolver o problema.
Aos microfones da DW África, um morador afirma que o mais grave é nao ter água, porque assim é necessário "recorrer à água do poço e isso é recorrer à doença". Outro habitante da capital diz, preocupado, que viver sem água e luz "não facilita a vida dos citadinos". Outro morador comenta irónico: "Um Estado que não consegue resolver um problema de luz e água, não sei que problema pode resolver".
Sem água nas torneiras, as pessoas que moram no centro da cidade, onde não existem poços, recorrem todos os dias aos serviços de lavagem de viaturas nas bombas de combustíveis para conseguirem água para realizarem as tarefas do dia-a-dia.
Vários quadrantes da sociedade guineense consideram que as condições de vida das populações pioraram desde o golpe militar de 2012, e o analista Rui Ladim alerta para o perigo do aumento da tensão social em Bissau.
 
População "não tem nada a perder"
Rui Ladim reitera que estão numa situação em que "não têm nada a perder", o que pode tornar os contornos da situação "perigosos". O analista fala de uma perspectiva de futuro dramática para os jovens e adverte ser necessário "inverter rapidamente a situação".
Recentemente a imprensa nacional noticiou que o hospital nacional Simão Mendes, o maior centro hospitalar do país, pediu o fornecimento de luz e água, mas utentes internados nas instalações hospitalares relatam que a situação se mantém inalterada.

Um "Estado falhado"
Para o representante especial da Organização das Nações Unidas em Bissau, José Ramos Horta, tudo isto são sinais inequívocos de que a Guiné-Bissau está perto de se tornar num Estado falhado.
Diz que a administração pública não funciona pois "há funcionários, professores, médicos, militares, polícias que não recebem o seu salário há meses ou há um ano até". Para Ramos-Horta, "quando não há medicamentos para os hospitais, quando não há salas de aula por má administração, isto é um alerta de que estamos diante do perigo da Guiné-Bissau ser um Estado verdadeiramente falhado".

Diz que a administração pública não funciona pois "há funcionários, professores, médicos, militares, polícias que não recebem o seu salário há meses ou há um ano até". Para Ramos-Horta, "quando não há medicamentos para os hospitais, quando não há salas de aula por má administração, isto é um alerta de que estamos diante do perigo da Guiné-Bissau ser um Estado verdadeiramente falhado".

A bancarrota em que se encontra o Estado completa o cenário com o descontentamento dos professores públicos, que reclamam o pagamento de mais de oito meses de salários em atraso e o cumprimento da lei da carreira docente, já aprovada pelo Parlamento e promulgada em Diário da República. Mas, o ministro da Educação Nacional, Alfredo Gomes, justifica o atraso de pagamento dos salários com a falta de verba nos cofres do Estado.
Os alunos, desesperados com esta situação, exigem por sua vez que o Governo assuma rapidamente a sua responsabilidade, e ameaçam invadir as ruas em protesto.
Entretanto, o Governo decretou no passado dia 01 de outubro, o início oficial do ano lectivo 2013/2014, mas nenhuma escola pública do país abriu as portas até hoje, pois a os professores prometeram manter a greve durante 60 dias úteis.


 (in:dw)

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