Representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertam a Guiné-Bissau: "estejam preparados" para a eventualidade de surgirem no país casos suspeitos de Ébola.
O facto de a epidemia estar concentrada no sul da Guiné-Conacri -- do lado oposto à Guiné-Bissau -- e as más acessibilidades à zona fronteiriça, especialmente na época das chuvas em que algumas passagens são alagadas entre junho e outubro, não deve servir de pretexto para baixar a guarda.
"É possível que alguns casos atravessem a fronteira e cheguem à Guiné-Bissau, por isso, mais vale que estejam preparados para detetar, isolar e tratar os doentes para evitar novos casos", recomenda Jerôme Mouton.
O chefe de missão dos MSF na Guiné-Conacri falou à agência Lusa na capital deste país onde a organização mantém um centro de tratamento de Ébola.
Jerôme recorda que um dos últimos casos mal despistado na capital deixou expostas 14 pessoas a um doente contagioso -- seis profissionais de saúde e oito familiares que contraíram o vírus
"Estejam preparados" é também o alerta de Nyka Alexander, porta-voz da OMS que depois de ter passado por outros palcos de urgência sanitária no mundo exerce funções em Conacri.
No centro de coordenação para o combate ao Ébola na sub-região (Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria), pede-se vigilância aos países vizinhos.
"A oito de agosto, quando a OMS declarou que esta é uma emergência de saúde pública de alcance mundial, houve um conjunto de recomendações para os países afectados e também para os países vizinhos", recorda Nyka.
Para esta representante, os Estados fronteiriços devem "verificar os planos de contingência, sistemas e centros de reação e mobilizar as pessoas".
Outra mensagem que a organização faz passar concentra-se na urgência de fazer a deteção precoce da doença: quem tiver sintomas deve procurar os serviços de saúde para fazer o despiste do Ébola o mais rápido possível.
Quanto antes o fizer e em caso de infecção, "mais possibilidade tem de sobreviver e de evitar o contágio de outras pessoas", conclui a representante da OMS.
O pior surto de sempre de Ébola no mundo, que eclodiu na África Ocidental, matou até agora 1.069 pessoas e provocou o alarme internacional, levando várias grandes companhias aéreas a cortar voos para a região.
A Guiné Conacri, no epicentro da epidemia, declarou "emergência de saúde pública" e impôs controlos de fronteiras rígidas, enquanto os Estados Unidos ordenaram aos familiares dos diplomatas que abandonem a vizinha Serra Leoa, também afectada.
A Libéria e a Nigéria também registaram casos.
A Organização Mundial de Saúde diz que o surto de Ébola está a ser muito subestimado e que são necessárias medidas "extraordinárias" para conter a propagação do vírus.
(foto: reuters) |
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