Declaração foi feita em entrevista à Rádio ONU pelo presidente de transição do país africano de língua portuguesa, Manuel Serifo Nhamadjo; líder guineense teme que posição coletiva da Cplp impeça auxílio brasileiro.
O presidente de transição da Guiné-Bissau afirmou à Rádio ONU que seu
país está contando com a ajuda do Brasil para a realização das eleições
gerais, marcadas inicialmente para 24 de novembro.
Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, pouco antes de discursar na
Assembleia Geral, o presidente Manuel Serifo Nhamadjo elogiou o apoio
que o Brasil tem dado a seu país, há vários anos, mas disse que receia
mudanças por causa da situação política gerada com o golpe de 12 de
abril na Guiné.
Participação
Ao ser perguntado se a tecnologia do sistema de urnas electrónicas no Brasil poderia ajudar à Guiné, o presidente respondeu:
"Sim, o Brasil poderia ajudar bastante. Só que o presidente Ramos
Horta esteve lá, eu não sei o que é que se evoluiu e acredito que também
que dentro desta comunidade Cplp, da posição que tem em relação aos
acontecimentos de 12 (de abril) poderá contribuir para esse recuo na
participação do Brasil. Não sei, não sei…"
Há vários anos, o Brasil lidera a estratégia de paz para a
Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas. O
país também realiza acções de apoio ao desenvolvimento no contexto da
Cooperação Sul-Sul.
Relações
O presidente da Guiné-Bissau lembrou ainda das relações de seu país
com outras nações lusófonas dentro da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa.
"E nisso reconhece que o Brasil foi sempre um país que ficou em dar
apoio e certamente continuará, assim como os outros. Aliás, Cabo Verde é
um país de relações históricas muito sólidas, não são esses pequenos
incidentes que vão criar problemas ou que vão pôr em causa essa nossa
relação histórica e com São Tomé, a mesma coisa. E falando de São Tomé,
fala-se de Angola, de Moçambique, são todos países irmãos e nós temos
uma cumplicidade histórica, que é impensável dizer que teremos problemas
de maior. Há um incidente, que deve ser analisado e situá-lo no seu
momento, no seu contexto, para que depois das eleições, o país se
reencontre, todos esses países irmãos, para o desenvolvimento que todos
desejamos."
Ordem Constitucional
Ao retornar à tribuna da Assembleia Geral, após dois anos sem
discursar na casa, o presidente da Guiné-Bissau pediu o apoio de todos
os países da ONU para restaurar a ordem constitucional na Guiné.
"Aguarda simplesmente o apoio internacional para que possamos iniciar
o recenseamento sem o qual as eleições não poderão ter lugar. Portanto é
importante, é imperativo que a comunidade internacional nos apoie na
realização, no recenseamento fiável para que as eleições possam ocorrer
num ambiente de tranquilidade."
O Escritório das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Uniogbis, que é
liderado pelo ex-presidente do Timor-Leste, José Ramos Horta, está
trabalhando junto com autoridades guineenses no apoio da realização das
eleições.
Segundo Ramos Horta, vários doadores internacionais estão à espera de
um protocolo claro sobre a realização do pleito para que possam fazer
suas promessas de doação financeira.
in: radio onu)
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