A Rádio Bombolom, em Bissau, suspendeu hoje a sua emissão em solidariedade com o comentador que está ser interrogado pelo Tribunal Militar depois de ter criticado as recentes promoções de oficiais, anunciou a estação em comunicado.
A rádio justifica a suspensão das emissões como "único meio de
manifestar solidariedade" para com Justino Sá, anunciando que só voltará
a emitir quando o caso estiver encerrado.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do Estado-Maior das Forças Armadas
da Guiné-Bissau confirmou que Justino Sá está a ser ouvido pelo Tribunal
Militar, que vai apurar "se vai continuar com o processo ou se este
transita para o Ministério Público".
A mesma fonte não soube precisar qual a queixa que recai sobre o comentador, nem tão pouco qual o autor.
Luís Vaz Martins, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos,
exigiu hoje, em declarações à Lusa, que o comentador seja imediatamente
libertado de quaisquer interrogatórios por parte dos militares.
Segundo referiu, Justino Sá tem sido convocado desde quarta-feira tem sempre comparecido "pelos seus próprios meios".
Na quarta-feira foi chamado pelos serviços de inteligência militar,
tendo sido interrogado durante várias horas, na quinta foi pedida a
comparência no Tribunal Militar, ao qual se dirigiu, tal como fez hoje
de manhã e onde atualmente se encontra, relatou Luís Vaz Martins.
O líder da Liga Guineense dos Direitos Humanos entende que a atuação é uma forma de os militares "intimidarem quem os critica".
Luís Vaz Martins pretende mobilizar todas as entidades nacionais e
internacionais para que Justino Sá deixe de ser intimado pelas
instâncias militares, que "não têm competência para tratar do assunto".
"Se alguém se sentiu lesado com os comentários, deveria apresentar queixa junto do Ministério Público", referiu.
O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, atribuiu a
04 de setembro novas insígnias a 18 oficiais, nomeadamente ao Chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai.
O líder dos militares que em abril de 2012 tomaram o poder, entregando-o
depois às atuais autoridades de transição, passou de tenente-general a
general de quatro estrelas.
Justino Sá, jurista formado pela Faculdade de Direito de Bissau e um dos
assessores jurídicos do parlamento guineense, criticou a 7 de setembro,
no comentário semanal aos sábados, na Rádio Bombolom, a atribuição de
novas patentes aos militares por parte do presidente de transição.
"Estamos a pedir à comunidade internacional que nos ajude a organizar
eleições; pode ser mal interpretada esta medida de atribuir patentes aos
nossos militares", afirmou.
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