COM O TEMPO UMA IMPRENSA CÍNICA, MERCENÁRIA, DEMAGÓGICA E CORRUPTA, FORMARÁ UM PÚBLICO TÃO VIL COMO ELA MESMO

Joseph Pulitzer

domingo, 8 de fevereiro de 2015

DICIONÁRIO POLITICO (cont.)


“OPINIÃO PÚBLICA”


Parecer, persuasão ou convicção que uma parte da população tem acerca de assuntos públicos importantes.

Para que se possa falar de Opinião Pública propriamente dita requer-se portanto, que esta encere quer o parecer da maioria, quer o parecer de uma minoria dominante oposta à maioria indiferente. Requer-se também que o objectivo acerca do qual versa a Opinião Pública seja um assunto público importante, nacional ou internacional, por exemplo a proposta de uma reforma constitucional ou o estabelecimento de determinadas relações com organismos internacionais.

Quando a maioria da Nação emite uma opinião acerca de um assunto intranscendente fala-se de antes de Opinião Geral, como, por exemplo, quando a maior parte da população concorda em julgar excessiva a programação de determinados espectáculos televisivos.

Examinando a natureza da Opinião Pública, verificou-se que na sua composição entram não só os ingredientes temperamentais ou ideológicos, próprios de cada pessoa, mas também, e talvez em maior grau, as atitudes sociais características dos grupos onde as pessoas estão inseridas. Comprova-se de facto que as pessoas pertencentes a um mesmo grupo social pensam geralmente da mesma maneira acerca de certos problemas, chegando-se a qualificar de “atípico” os indivíduos que emitem um parecer diferente. Este facto manifesta-se não só em grupos políticos e ideológicos mas também em grupos profissionais, nacionais, regionais e locais.

J. Stoetzel chegou a dizer que “ter opinião é, para o sujeito que tem opinião, situar-se socialmente em relação com o grupo próprio com os grupos externos”.

A Opinião Publica costuma passar por duas fases. Na primeira, surge um parecer vago e superficial, com predomínio das reacções sentimentais. Mais tarde, graças à luta de opiniões diferentes e a uma maior informação, é possível o aparecimento de uma Opinião Pública mais racional e objectiva.

A Opinião Pública apresenta principalmente dois problemas: o da sua descoberta e o da sua formação. Ambos interessam sobretudo aos Governantes, posto que também aos diversos grupos religiosos, políticos, profissionais e geográficos da Nação.

A razão está em que a Opinião Pública é a base da actuação da população a favor ou contra determinados ideais ou objectivos. Ao parecer popular junta-se, geralmente, a vontade popular.

A DESCOBERTA DA OPINIÃO PÚBLICA
consegue-se hoje em dia pelas modernas técnicas de investigação social (questionários, inquéritos, entrevistas, etç,). Há em quase todos os países um Instituto de Opinião Pública sustentado pelo Governo.

Uma primeira razão que explica porque é que os governos querem conhecer a Opinião Pública é que, na concepção democrática moderna do Governo, os governantes proclamam-se mandatários da opinião e vontades populares. Mas, além disso, o conhecimento dessa opinião é a base de uma acção governamental sobre a mesma para formá-lo ou transformá-la de acordo com a realidade de modo favorável aos objectivos estatais.

A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA, requer por parte do Governo quer por parte de grupos políticos, religiosos ou sociais, realiza-se sobretudo mediante o uso dos “Mass Media” ou Meios de Comunicação Social, que são os instrumentos transmissores da palavra falada, da palavra escrita e da imagem. No uso dos “Mass Media” a Liberdade de Expressão é considerada fundamental para regimes democráticos. Na ordem politica, tem especial influencia na Opinião as discussões parlamentares, tornadas públicas.

Acerca do modo como se deve formar a Opinião Pública, alguns teóricos anglo-saxónicos defenderam que devia fazer-se mediante a mera informação objectiva, evitando a pressão sobre as reacções espontâneas das pessoas. Segundo eles, o conhecimento objectivo dos factos daria como resultado final a opinião mais conforme com a realidade por parte da maioria.

Contra esta tese, fizeram-se várias observações. Por um lado, é muito difícil que a informação seja plenamente objectiva. Dada a multiplicidade de dados a referir, a simples selecção dos mesmo implica já uma opção interpretativa. Por outro lado, informar, interpretando ao mesmo tempo os factos de maneira expressa, não significa necessariamente violência sobre as esferas íntimas das pessoas nem falsificação da realidade.

Conforme se disse, os indivíduos têm opinião, já antes da interpretação dada pelo informador, mais por pressão do grupo a que pertencem do que por íntima e independente reacção pessoal. Tratar-se-iam em suma de contrapor a pressão do informador à do grupo, podendo a primeira ser mais conforme com a realidade do que a segunda.

Além disso, a complexidade dos problemas nacionais faz que estes não possam ser interpretados facilmente pela massa da população. Nem nos países de população politicamente mais adulta se pode pretende que a massa compreenda sempre o alcance de medidas tais como as que visam o reajustamento de salários e preços, regulamentações fiscais, etç, etç.

O recurso à interpretação e inclusive ao método, ínfimo em qualidade humana, da sugestão, por meio de afirmações dogmáticas e “slogans” (propaganda), é em parte condenável, desejando-se que não seja o único meio de formação de opinião.
 
 
 

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