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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Oftalmologia voluntária e gratuita

Os 11 médicos oftalmologistas e enfermeiros são voluntários, pagaram as viagens de avião de Portugal para a Guiné-Bissau, bem como todas as outras despesas para ficar 11 dias a dar consultas e a realizar cirurgias no Hospital de Cumura, nos arredores de Bissau.



Onze médicos e enfermeiros voluntários, pagaram as viagens de avião de Portugal para a Guiné-Bissau, bem como todas as outras despesas para ficar 11 dias a dar consultas e a realizar cirurgias no Hospital de Cumura, nos arredores de Bissau.

Bainhe Chaque ri-se às gargalhadas quando lhe perguntam como está, porque vai poder voltar a ver o que o rodeia: "já não tenho idade para me meter com mulheres, mas se passarem por mim vou poder olhar para elas".

Aos 64 anos e sem gastar um tostão, o guineense acabou de ser operado às cataratas, já em estado agravado, como quase todos os casos diagnosticados na Guiné-Bissau: acabam em cegueira, mas podem ser revertidos.

No país é muito difícil ter acesso a serviços de saúde.

São raros e quando há poucos têm dinheiro para os pagar ou informação para lá chegar - a maioria da população é analfabeta.

"Muitas pessoas ficam cegas por causa de problemas para os quais já há solução", explica à Lusa o médico oftalmologista Dionísio Cortesão.

É a quinta Missão Visão que funciona sob a alçada da fundação católica João XXIII e que, ano após ano, angaria consumíveis e reúne médicos e enfermeiros através do "passa a palavra".

Em oito dias de voluntariado, a equipa já tinha operado cerca de 70 pessoas e prestado quase 700 consultas - com mais dois dias pela frente.

"Cerca de quatro quintos dos doentes que operamos têm menos de 10% de visão em cada olho ou são totalmente cegos", descreve Dionísio Cortesão.



Aos médicos portugueses juntam-se profissionais guineenses

As intervenções são feitas num bloco operatório do Hospital de Cumura, no mesmo piso térreo das consultas, duas portas ao lado, onde à equipa portuguesa se juntam médicos guineenses.

"Aprendemos a usar esta tecnologia mais avançada", refere Seco Indjai, médico da Guiné-Bissau que não perde a oportunidade de trabalhar com os colegas portugueses. "Temos muita cegueira evitável e acho que isso pelo menos vamos conseguir resolver" graças às indicações que recebeu, realçou.

A formação no exercício da actividade poderá fazer com que um dia se cumpra o sonho do líder da missão, o oftalmologista Luís Gonçalves.

"O meu sonho era daqui a algum tempo poder vir cá, à Guiné, e não precisar de fazer cirurgia nenhuma por estarem os colegas de cá a trabalhar. E eu venho passar umas férias", descreveu.

Enquanto isso não acontece, outras missões repletas de trabalho diário vão seguir-se. Esta quinta-feira à tarde é tempo de fazer o balanço e um inventário que servirá para preparar a missão do próximo ano. Os médicos oftalmologistas prometem regressar para "transformar vidas", conclui Luís Gonçalves.


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