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terça-feira, 17 de março de 2015

Brasil: Termina prazo para desocupação de UNILAB

O prazo para a desocupação da reitoria da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) acabou às 15h15min de ontem, mas os cerca de 50 estudantes que ocupam o prédio desde 26 de fevereiro decidiram permanecer no local, em Redenção, a 63 quilómetros Fortaleza. A saída do prédio foi determinada pela juíza Karla de Almeida Miranda Maia, da 7ª Vara Federal.


O objectivo da determinação judicial, segundo nota divulgada pela Unilab, era cessar “a ocupação ilegal das instalações por estudantes”. Até o fechamento desta página, às 23 horas, a reitoria continuava tomada por alunos do bacharelado em Humanidades.
Segundo os estudantes, o motivo do protesto é o corte em 361 bolsas-auxílios dos alunos, de forma parcial ou total. Os alunos contam que recebiam entre R$ 490 e R$ 930. Hoje, o valor diminuiu para entre R$ 130 (auxílio-cotas) e R$ 500 (bolsa-permanência). Alguns estudantes tiveram o benefício completamente cortado.

“Isso aconteceu sem justificativa. São ajudas básicas para a manutenção da vida universitária: auxílio-moradia, alimentação, auxílio-social. Não tenho condições de continuar a graduação sem receber nenhum dinheiro”, afirmou um aluno, que pediu para não ser identificado.

O jovem morava em Fortaleza e permanecia em Redenção com o auxílio-moradia de R$ 380, além R$ 150 de ajuda para alimentação. Segundo ele, as bolsas foram substituídas por uma chamada de auxílio-cotas, de R$ 130. “É um absurdo. Me diga onde você consegue alugar algum quarto em uma cidade universitária com essa "ninharia"? E ainda ter que comer, tirar fotocópias, comprar material”, comentou. O jovem ainda precisa mandar dinheiro para a família e reclamou da demora na entrega das residências universitárias.

Estudantes

Um estudante de Guiné-Bissau relata que viu dezenas de colegas abandonarem a formação por falta de dinheiro. “A maioria dos estudantes do meu país veio para a Unilab usando um auxílio. Eu escolhi essa universidade justamente porque seria uma oportunidade para eu conseguir me manter com a bolsa. Como é que eu vou fazer agora? Não quero desistir”, lamentou. Uma colega de turma, do mesmo país, também reclamou da situação. “Aqui no Brasil vi a oportunidade de aprender e levar conhecimento para meu país, de mudar alguma coisa”, lembrou.

O professor Ivan Maia lamentou a situação. “O corte nas verbas e a precarização da universidade são, além de injustos, reflexo da destruição do acesso ao ensino superior”, denunciou.

Na tarde de ontem, o professor Tomáz Aroldo da Mota Santos tomou posse, em Brasília, como reitor da Unilab.

Em nota, a Unilab diz que procurou estabelecer o diálogo com os estudantes. “O objectivo foi que a desocupação ocorresse amigavelmente e as questões relacionadas à assistência estudantil pudessem continuar a ser discutidas”, diz o comunicado.

Ainda segundo a nota, há uma decisão favorável da Justiça para a reintegração de posse. “A reitoria não tem nenhum interesse que haja ação da polícia contra os estudantes e, muito pelo contrário, reitera o desejo de que a decisão judicial seja acatada”, informa.

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