O biólogo português e professor da Universidade Pública de São Tomé e Príncipe, João Pedro, defendeu hoje a criação de reservas marinhas no arquipélago para permitir uma "gestão muito mais eficiente dos recursos costeiros".
"A criação de reservas marinhas é um benefício para a própria pesca", disse João Pedro que considera fundamental a medida.
João Pedro foi orador na abertura hoje de um ciclo de conferências e palestras destinadas a assinalar em São Tomé e Príncipe a semana internacional do mar e na qual participaram membros do Governo, corpo diplomático, alunos e diversas personalidades.
"Esse passo é fundamental que seja dado", defendeu o biólogo e mergulhador português, sublinhando que em caso de uma decisão das autoridades nesse sentido, torna-se necessário primeiro efectuar um trabalho de sensibilização, sobretudo junto dos pescadores.
"É evidente que passar essa mensagem a um pescador tradicional que sempre pescou num mesmo sítio e de repente alguém lhe vem dizer: 'agora não podes pescar mais aqui porque isto agora é reserva', ele tem que perceber porquê e tem que ter algumas mais-valias dessa decisão", sublinhou.
O biólogo português de origem açoriana que apresentou o painel "Recursos marinhos de São Tomé e Príncipe e a urgência de uma gestão e preservação consciente" aponta o ilhéu das Cabras, um pedaço de terra situado menos de uma milha náutica do aeroporto internacional, como local favorito para a criação desta rede de áreas marinhas.
"É um lugar que tem todas as características para funcionar como uma boa reserva marítima. O total da ilha ou a metade da ilha. Mas, claro, primeiro tem de haver um trabalho prévio, nomeadamente conversas com os pescadores, dedicação ambiental e depois também tem de haver fiscalização", explicou.
"Mas tudo depende, naturalmente, da disponibilidade das autoridades e dos meios disponíveis para o fazer", acrescentou.
Durante a conferência, o professor considerou também "fundamental e muito urgente ter cerca de 10% no mínimo de todas as áreas marinhas a nível mundial protegidas".
"Há uma razão muito simples: os recursos marinhos vivos não conhecem fronteiras políticas e se não houver um trabalho muito bem coordenado e muito integrado entre os vários países que têm a jurisdição sobre as várias áreas marinhas que são fronteiriças e transfronteiriças é muito difícil que as gerações futuras possam ter com qualidade stocks pesqueiros", explicou.
"No caso concreto de São Tomé, a situação é relativamente mais simples porque tanto a zona económica exclusiva (ZEE) da ilha, como as zonas costeiras não têm águas internacionais, o que permite uma gestão muito mais eficiente dos recursos costeiros", disse, acrescentando, no entanto, que é necessário que se criem redes de reservas.
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