Com as fortes chuvas que registam no país, o Governo da Guiné-Bissau decidiu reforçar os mecanismos de controlo da epidemia do ébola, que continua a assolar a vizinha Republica da Guiné-Conacri.
Para este efeito, o ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Saúde Pública guineense, concluiu a 19 de Junho, em Catió, o primeiro curso de formação da equipa de resposta rápida para a região de Tombali, no sul do país.
A iniciativa envolveu ONG´s e instituições públicas, tais como a Direcção Regional de Saúde de Tombali, o Instituto Nacional de Saúde Pública (INASA), a Direcção-geral de Saúde Pública de Portugal, o Instituto Nacional de Emergência Médica de Portugal (INEM), a ONG americana International Medical Corps, a OMS, a ADPP e a Cruz Vermelha Internacional.
O grupo formado por epidemiologistas, médicos, psicólogos e peritos em mobilização social realizou um exercício de simulação de casos de ébola em quatro situações diferentes, ou seja, uma pessoa com sintomas da doença que foi assegurada pelos técnicos de saúde para centro de tratamento, outra pessoa transportada de ambulância para primeiros tratamentos, outra que teve menos cuidados ao deslocar-se pessoalmente para centro médico depois de registar sintomas e, por último, uma pessoa que morreu devido à doença do ébola, que teve um funeral seguro e digno por parte dos técnicos de saúde.
Esta acção de formação teve como objectivo criar uma equipa de resposta rápida, responsável pela detecção precoce de eventuais casos, investigação, de casos nas tabancas, vigilância, identificação dos contactos e segurança na prática de funerais em casos de morte, de forma segura e digna.
O grupo tem também como tarefa identificar e designar os membros das equipas rápidas ao nível de cada região, assegurar um sistema de comunicação rápida conhecida por todos através de telefone, que serve de alerta, fazer mapas de unidades de saúde potenciais ao nível de cada distrito e prontos para receber casos suspeitos.
Depois deste curso, numa reportagem exclusiva da PNN em Catió, este grupo manifestou-se satisfeito, pronto e apto para enfrentar eventuais primeiros casos de ébola na Guiné-Bissau.
Ermelinda Martinho, responsável de grandes endemias em Tombali, disse que foi boa esta acção de formação porque faz sentido preparar a prevenção.
«Pela prática de trabalhos que tivemos durante estes dias, penso que em casos eventuais de ébola estamos em condições de dar a mínima resposta», disse Ermelinda Martinho.
Para Lucete da Silva, responsável do sistema de informação sanitária e vigilância epidemiológica, está na altura de enfrentar os primeiros casos, contrariamente ao tempo anterior, tendo destacado a importância da formação.
«Não é nosso desejo o aparecimento do ébola na Guiné-Bissau, mas se a situação for contrária vamos poder responder enquanto técnicos de saúde, e não deixaríamos de intervir no que podia ser fatal para o nosso trabalho», referiu.
O Governo português esteve envolvido nesta acção de formação através da sua Direcção-geral de Saúde Pública, e manifestou a importância do primeiro curso da equipa rápida sobre ébola, conforme disse à reportagem da PNN Iolando Duarte, representante da Direcção-geral de Saúde Pública de Portugal.
«É uma formação para treinar uma equipa pela frente, e Portugal vai continuar esta colaboração com as autoridades sanitárias da Guiné-Bissau nesta missão de formação, que foi pensada até ao mês de Setembro deste ano, sendo um dos objectivos, em caso de apercebimento, neutralizar antes de se alastre para outras localidades», informou.
Devido à importância desta primeira acção de formação, a Direcção Regional de Saúde de Tombali pediu mais acções de formação, tendo destacado a pertinência da que agora terminou para a prevenção do ébola nesta região sul do país.
Dam Zora, representante do Governo na região com sede em Catió, disse que a equipa assimilou várias práticas no combate ao ébola.
Sobre os constantes relatos de entrada de pessoas suspeitas de contaminação provenientes da Guiné-Conacri, este responsável tranquilizou os guineenses dizendo que nenhuma situação de alarme foi detectada, contudo reconheceu que a região continua a ser alvo de informações que dão conta da entrada de possíveis casos de ébola.
Plácido Cardoso, Presidente do INASA, disse esperar uma resposta positiva dos seus agentes no terreno, tendo anunciado mais formações para as regiões de Gabu, no leste, Bolama/Bijagós, no sul, depois do sucesso conseguido em Tombali.
«Foi um sucesso, houve domínios bastante satisfatórios de participantes, o que vai permitir trabalhar com a mesma equipa sobre as ligações que devem haver entre as regiões e a nível nacional», disse Plácido Cardoso, acrescentando que o encontro de Catió foi um acto encorajador na prevenção do eventual surgimento de casos do ébola no país.
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