Responsáveis de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau sublinharam hoje a necessidade de garantir o acesso à energia eléctrica à maioria da população e as possibilidades de investimento para garantir a produção e distribuição de electricidade.
O ministro das Infraestruturas, Recursos Naturais e Meio Ambiente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, e o ministro da Energia e Indústria da Guiné-Bissau, Florentino Mendes Pereira, intervieram no painel "Perspectivas de Investimento Energético nos países da CPLP", no âmbito da primeira conferência "Energia para o Desenvolvimento" da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP).
"Na ilha de São Tomé, a produção de electricidade não responde às necessidades" da população e a "prioridade do governo é garantir o acesso à energia", afirmou Carlos Vila Nova.
"Por outro lado, na ilha do Príncipe, a produção é suficiente, mas falta a rede de distribuição, o que representa uma possibilidade de investimento", acrescentou o ministro, sublinhando que a produção é feita em centrais térmicas a gasóleo, uma situação que é preciso inverter.
"As fontes de energias renováveis precisam de mais trabalho para se poder avançar", disse, apelando para a cooperação com os Estados-membros da CPLP.
O ministro da Energia e Indústria da Guiné-Bissau, Florentino Mendes Pereira, sublinhou também a necessidade de garantir o acesso da população à energia eléctrica.
"Para 1,5 milhões de habitantes são necessários cerca de 100 megawatts", mas na Guiné-Bissau "a potência instalada é praticamente zero", declarou, enumerando uma série de projectos de produção e distribuição de energia, alguns com financiamentos já aprovados, que estão em curso ou em preparação no país.
O presidente da empresa petrolífera estatal de Timor-Leste "Timor Gap", Francisco da Costa Monteiro, destacou "as novas perspectivas de investimento e oportunidades de negócio na área da energia" na cooperação com a CPLP.
Como exemplo, Costa Monteiro apresentou o projecto de exploração da costa sul de Timor-Leste, o Greater Sunrise, zona aberta a grandes investimentos, que vão permitir também "diversificar a economia" do país.
Localizado a 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e 450 quilómetros a noroeste de Darwin, no Território Norte da Austrália, o Greater Sunrise está em parte (20,1%) na área do Mar de Timor, gerida em conjunto por Timor-Leste e pela Austrália.
Timor-Leste é "rico em recursos naturais, como o petróleo e o gás, mas com muito por explorar, e um país em que são precisas infraestruturas básicas".
No painel, moderado pelo presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Salimo Abdula, participaram ainda o presidente executivo para Europa, África, Ásia da empresa "Andrade Gutierrez", José Nicomendes Moreira.
"O setor energético é a cara da nossa empresa. Actuamos na área desde o início (...) A CPLP é um caminho natural e já trilhámos muitas oportunidades em Portugal, Moçambique, Guiné-Equatorial e Timor-Leste", sublinhou apresentando o trabalho da empresa na construção de infraestruturas no sector energético.
A conferência realizou-se um dia depois da primeira reunião do ministros da Energia da CPLP, que decorreu também em Cascais.
A CPLP, criada em 1996, integra nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Princípe e Timor-Leste
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