Falando aos jornalistas após uma reunião de trabalho, os ministros da Defesa cabo-verdiano, Rui Semedo, e português, José Pedro Aguiar-Branco, que cumpre hoje uma visita oficial de 24 horas a Cabo Verde, destacaram a importância do acordo, que será assinado ao fim da manhã no navio patrulha oceânico (NPO) "Figueira da Foz", atracado na Cidade da Praia desde domingo.
"São ideias de continuidade para o período de 2015/17, que surgem na sequência dos acordos anteriores e que assentam nas dimensões da assessoria das nossas estruturas superiores militares, com a vinda de especialistas que permanecerão no país nos vários domínios, e a formativa, pois o investimento na formação e qualificação dos militares das Forças Armadas (cabo-verdianas) é muito importante", salientou Rui Semedo.
Aguiar-Branco, por seu lado, ressalvou que as duas dimensões vão ao encontro do que é necessário para Cabo Verde, de forma a garantir maior capacitação e uma melhor interação com Portugal, havendo ainda a vertente marítima da questão.
"A avaliação da importância que tem a dimensão marítima no combate às ameaças globais, como o terrorismo, pirataria e narcotráfico, merece uma especial atenção de países e é importante estabelecer parcerias de defesa nessa área, que serão desenvolvidas no próximo programa quadro", acrescentou o ministro português.
Até hoje, a cooperação portuguesa já formou 930 militares cabo-verdianos, lembrou Aguiar-Branco, salientando que o acordo quadro prevê a disponibilização de 150 mil euros anuais durante os três anos de vigência.
Após a cerimónia de assinatura do acordo, Aguiar-Branco irá oferecer, em nome de Portugal, dois botes de apoio aos Fuzileiros cabo-verdianos, facto que Rui Semedo comentou constituir de "grande importância" para o arquipélago.
"As ameaças e os perigos actuais exigem de todas as Forças Armadas uma actuação e atitude novas. Os militares cabo-verdianos têm a abertura para apreenderem esses fenómenos, aprender esses desafios e estar à altura de os enfrentar e vencê-los", sustentou, considerando que a cooperação com Portugal tem sido muito importante nesse sentido.
Questionados pelas Lusa sobre o ponto de situação em relação à disponibilidade dos dois países participarem conjuntamente em operações humanitárias, tal como estava no anterior acordo, tanto Aguiar-Branco como Rui Semedo confirmaram-na, sublinhando que tal acontecerá quando forem chamados.
"Faz parte do acordo e se for necessária esta participação conjunta há disponibilidade de Cabo Verde para participar. Temos participado apenas em exercícios e fiscalizações conjuntas", afirmou Rui Semedo, secundado por Aguiar Branco.
"A hipótese está em cima da mesa. Assim haja alguma missão que possa ser objecto disso, assim será. O quadro é hoje mais provável do que no passado, porque as situações humanitárias surgem cada vez com maior frequência. Veja-se o que se passa no Mediterrâneo e o que pode acontecer no Golfo da Guiné", alertou Aguiar-Branco.
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