Várias associações e organismos que trabalham junto da população migrante e dos refugiados em Portugal defenderam hoje, num debate em Lisboa, que a prioridade agora é acolher os refugiados e combater todas as reacções xenófobas.
O tema era "a tragédia humanitária no mediterrâneo e na Europa" e juntou cinco organizações para um debate organizado pela Confederação-geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-In), que decorreu na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, em Lisboa.
Pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), José Baptista Alves defendeu que o momento actual é de enfrentar a situação e de dar acolhimento a todos os refugiados.
Paralelamente, entende que devem ser combatidos todos os movimentos de caráter xenófobo.
"Mas isto só acaba com o final da guerra e ingerências nos países de origem", apontou.
Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), defendeu igualmente que é muito importante criar a ideia de acolhimento na sociedade portuguesa, havendo, para isso, a formação da opinião pública.
Apontou que, em Portugal, os movimentos xenófobos não têm tido grande expressão, mas defendeu que é preciso estar atento contra qualquer episódio racista que surja contra os refugiados.
Nesse sentido, apontou que é preciso desmontar a tese de que a Europa está a ser invadida e que está em causa a identidade europeia, ressalvando que os números mostram que estes milhares de refugiados são uma ínfima parte comparados com a totalidade da população europeia.
"E muito fraca será a identidade europeia se ficar em causa com a vinda destas pessoas porque o problema não vem de fora, mas de entro da própria Europa", sublinhou Vaz Patto.
Admitiu que a vinda dos refugiados é um desafio, mas lembrou que é o direito à vida que está em causa, defendendo também que é preciso ir à raiz do problema e que a comunidade internacional pode fazer muito mais do que aquilo que tem feito.
Também a presidente da Obra Católica Portuguesa das Migrações, Eugénia Quaresma, frisou que os refugiados são um desafio para que a sociedade atual repense os seus valores e deixou a garantia de que a sociedade civil está empenhada na resolução desta "tragédia".
Já a presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) aproveitou para adiantar que o organismo recebeu, até hoje, mais de 600 pedidos de refugiados, número que deverá chegar aos 800 até ao final do ano, acrescentando que dão actualmente apoio a cerca de 300 refugiados.
"A situação é gravíssima e é urgente que os dirigentes europeus se entendam na redefinição das quotas", defendeu, apontando que há cerca de 160 mil pessoas para redistribuir por toda a Europa.
Sublinhou que a Europa não está a ser invadida e que os líderes europeus deviam mostrar uma resposta coesa perante esta tragédia humanitária.
Por último, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente aproveitou para chamar a atenção para o que se passa no Médio Oriente, apontando que o mundo esqueceu os refugiados da Palestina, alegadamente, os mais antigos refugiados do mundo.
De acordo com Vitor Silva, há actualmente quatro milhões de refugiados palestinianos nos países vizinhos e cerca de 500 mil espalhados por todo o mundo.
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